Doce Perdição (Romance Gay +18)

Capítulo 38: Convite

***

[MAX]

Jogo minhas coisas em um canto do quarto e me deixo cair na cama, sentindo um cansaço reconfortante. Eros se aconchega ao meu lado e nos abraçamos. Meu celular recebe uma notificação e vejo que é um e-mail do professor de biologia dizendo que o Gabriel já tinha enviado o trabalho e que tiramos 10. 

- Olha isso. - Entrego o meu celular para o Eros. 

- Pelo menos foi um 10. 

- Mas eu tive um trabalhão para fazer aquele trabalho sozinho. Bom... pelo menos passei. 

- Sim, amor. Agora só curtir as férias. - Eros me aconchega mais em seus braços. - Inclusive... Não sei se estou pronto para ficar longe de você no fim deste ano.

- E quem disse que você precisa ficar? 

- Como assim? - Ele pergunta curioso. 

- O que acha de passar o Natal comigo? - Pergunto com um pequeno olhar de esperança.

- Sério? - A surpresa estampa seu rosto, mas logo dá lugar a um sorriso radiante. - Eu adoraria, amor. - Eros me dá um abraço apertado.

***

[MIKE]

Eu e Adam entramos no quarto e ele se senta na cama com uma cara meio triste.

- O que foi? - Pergunto me aproximando dele.

- É que essa competição também seria a minha porta de entrada para a faculdade. - Adam fala me abraçando. - Eu vi o olheiro entregando um papel para o Eros e estou muito feliz por ele. Se tem uma pessoa que merece é ele. Mas... eu não sei o que vou fazer agora. 

- Você ainda tem outras coisas para enviar na inscrição. Você foi presidente do grêmio durante todos esses anos, você fez ações beneficentes, arrecadou dinheiro com as festas para ajudar várias pessoas carentes. Isso já é um bom começo... um bom não, ótimo começo para colocar na carta de intenção da faculdade. 

- Eu preciso passar, Mike... O meu pai jamais pagaria por isso. - Adam fala me apertando em meus braços. 

- E você vai conseguir. - Faço um carinho no seu cabelo. 

- Não quero ficar sem você nesse fim de ano. - Adam cai na cama abraçado comigo. - Queria ficar aqui com você. - Ele me enche de pequenos beijos pelo rosto. 

- Eu também, Adam... - Dou um pequeno sorriso. - Aceitaria passar o natal comigo? 

Adam me olha

- Eu adoraria... - Ele olha nos meus olhos. - Mas eu não posso... - Adam se levanta e vai em direção a porta. - Me desculpe, Mike. - E sai sem ao menos me deixar responder. 

***

[ADAM]

O telefone toca e, ao atender, as palavras duras do meu pai ecoam pela linha. Um nó se forma no meu estômago, sabendo o que isso significa.

- Adam, por que você não competiu hoje?! O que está acontecendo? - Ele grita ao telefone. - Eu soube que você não conseguiu a bolsa de estudos! Não posso acreditar que até nisso você falhou. 

Senti o peso das palavras do meu pai como se fossem facas atravessando o meu peito.

- Eu posso explicar... 

- Eu cansei das suas explicações. Quero você em casa ainda hoje. Está na hora de resolver isso. Eu não vou bancar mais as suas desistências. Estou cansado de ter que lidar com você. Vem para casa hoje ou você pode dar adeus a sua formatura também. 

Minha garganta apertou, sufocando as palavras que queriam escapar.

- Eu estou indo, pai. -  Falo desligando a ligação.

Vou em direção ao meu quarto novamente, mas Mike não se encontra mais lá. Sinto uma onde de tristeza me invadir por não poder passar o fim de ano com ele. Uma lágrima escorre pelo meu rosto enquanto arrumo as minhas coisas. Pego uma camisa do Mike e posso sentir o seu cheiro ainda. Coloco ela na mochila e escrevo um bilhete para ele, mas é difícil colocar em palavras a confusão de sentimentos e a pressão que estava enfrentando. Apenas digo que o vejo na formatura e que ele tenha um bom fim de ano. Deixo o bilhete sobre a cama e ao lado uma camisa minha. 

Pego minhas coisas às pressas e saio com um nó na garganta. Cada passo em direção ao inevitável confronto com meu pai era um conflito interno entre o desejo de ser entendido e a expectativa implacável dele. A incerteza do que me aguardava em casa era pesada, misturada à promessa de reencontro no baile de formatura, me deixando com uma sensação de vazio e uma ansiedade sufocante.

NOTAS DO AUTOR:

Tristeza... isso é tudo o que eu consigo falar