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E agora?

À nossa frente, Jimin e Joohyuk estão batendo papo sobre empregos, Seul e o clima.

Atrás deles, Jungkook e eu estamos imersos em uma bolha esquisita.

O vento está gélido e afiado, e estamos encapotados e calados, virando o último bloco em direção à Gallaghers Steakhouse.

Ele é uma ótima pessoa, eu sou uma ótima pessoa. Como nossos dois encontros mostraram, damo-nos muito bem... mas sei que ainda estamos digerindo o fato de que estamos casados.

Casados. Jungkook é meu marido. Eu sou o marido dele.

Observo a aliança na mão esquerda dele e, em resposta, o metal no meu dedo parece ficar ainda mais gelado.

– Você tá bem? – ele pergunta.

Sobressaltado com o som da voz dele, volto minha atenção para o seu rosto. O nariz dele está avermelhado e adorável. Hã. Eu casei com ele, e ele nem faz ideia que minha cabeça vem escrevendo um romance "Namjoon e o músico do metrô" há meses. Como isto pode ser uma boa ideia? Respondo com um jovial: – Estou, claro... hoje é o dia do meu casamento.

Quando o rosto dele se volta para mim de novo, mal consigo vê-lo espiar por baixo do capuz de seu casaco preto. Mas consigo ver seu sorriso.

– Você está quieto. Não conheço você há muito tempo, mas, pelo que conheço, você não é assim, calado.

Bem. Ele percebeu rápido.

– Tem razão, não sou. – Sorrio vagamente. Meu rosto está dormente, está muito frio aqui fora. – Estava apenas pensando sobre tudo isto.

– Arrependido?

– Não. É mais: "e o que vamos fazer agora?". Preciso contar ao hyung.

– Talvez possamos conversar sobre isso aqui, longe de ouvidos curiosos.

Olho para ele de novo. Estamos a menos de meia quadra de distância da Gallaghers agora, e ele tem razão. Uma vez que entrarmos ali, todos poderão nos ouvir e vão certamente ver nossa viagem pelo E Agora? se deixarmos isto para tratar até o fim da refeição.

Paro, curvando-me e ajustando o cadarço do meu sapato. Jungkook avisa Jimin e Joohyuk: – Vão na frente – ele diz. – A gente se encontra no restaurante.

Então ele se agacha, trocando olhares comigo.

– É algo grande, isso que você fez.

– É. – Sinto a intensidade de sua expressão.

– Posso entender por que você ficou um tanto sem palavras.

– É.

– Talvez eu possa acompanhar você quando for falar com seus tios?

– Tudo bem.

Use suas palavras, Namjoon. Diga a ele que não é culpa o que está sentindo, mas puro pânico pela perspectiva de dividir seu apartamento com um estranho que, por acaso, também é o homem mais gato que você já tocou. E se você peidar enquanto dorme?

– Quero que você saiba – ele continua – que apesar daquele meu ligeiro ato criminal, não sou um louco. Nunca iria machucar você. E que, se você se sentir mais confortável se morarmos em lugares separados...

– Não podemos. – Apesar de ser verdade, há um tremor de náusea nos meus pensamentos agora. Estou noventa por cento convencido de que Jungkook não é um estuprador nem um usuário de drogas pesadas. Mas levá-lo ao meu apartamento agora parece um pouco impulsivo, e não apenas porque eu posso peidar enquanto durmo.

Roomies [namkook]Onde histórias criam vida. Descubra agora