[10] Reconciliação e pizza

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Christopher Perry

Atravessei o campus inteiro eletrizado pela notícia que acabara de receber e pela oportunidade de ver Alicia mais cedo do que imaginava. Com sorte, tudo voltaria ao normal antes do esperado. Cheguei ao seu dormitório, respirei fundo e bati à porta, ao que logo fui atendido por Jessie.

— Oi, Jess. A Ali tá aí? - Indaguei, ansioso.

— Não. Ela saiu há algumas horas. Achei que estivesse com você. - Respondeu em um tom levemente surpreso por estar errada.

— Ah, sim... - Falei decepcionado. — Então você não sabe para onde ela foi?

— Sei não, Perry. Só disse que ia tentar pensar com calma, ou algo assim. - A garota explicou, franzindo o cenho, tentando se recordar do que a colega dissera. Senti-me constrangido por saber exatamente o motivo.

— Tá certo então. - Respondi, espiando para dentro do quarto em uma tola esperança de que ela estivesse lá dentro, se escondendo. Nisso, avistei minha camiseta na cama de Alicia. — consegue me entregar a camiseta na cama da Ali? - Perguntei. Assim ela ao menos saberia que eu estive ali, caso Jessie não estivesse em seu retorno.

— Sua camiseta? - Jessie perguntou, semicerrando os olhos. Sua face possuía uma gigantesca interrogação. — Sua? - Repetiu a pergunta. Eu apenas assenti vagarosamente, confuso pela reação. Então ela foi até a cama e a recolheu, trazendo-a para mim ainda com aquela cara de quem viu fantasma. — Você tem certeza de que é sua? - Ela me estende a camiseta, incrédula. Eu analiso o objeto: preta, do meu tamanho e com meu perfume.

— Sim, é minha. Você quer o recibo? - Indaguei com um sorriso confuso.

— Não, mas um terapeuta talvez. - Ela sussurrou para si mesma. — Até mais, Perry. - Despediu-se e fechou a porta, deixando-me parado no corredor sem entender nada.

Sem muita ideia do que fazer, refiz meu caminho para fora do prédio feminino, quando me deparei com uma porta aberta e uma tentativa completamente desafinada de cantar uma música que eu não conhecia em um volume considerável. Olhando brevemente para dentro, soube quem era apenas pelos cabelos ruivos. Bati com certa força na porta entreaberta para chamar sua atenção, tentando evitar uma risada. Ela subitamente virou-se, assustada.

— Christopher? - Perguntou, surpresa.

— Cheguei cedo para o show? - Perguntei, segurando a risada. — Oi, Crystal.

— Ai, não, você ouviu aquilo? - Perguntou e cobriu o rosto, envergonhada.

— Apenas levemente. - Falei, fazendo um gesto de pouco com os dedos.

— Me desculpe por isso. Deve estar uns 20% surdo agora. - Ela brincou, levantando-se de sua cama, onde estava sentada com diversos livros ao seu redor. — E a Alicia melhorou? Fiquei preocupada ontem quando você saiu correndo e não voltou.

Tive a sensação de meu peito se transformar em uma bolinha amassada de papel. Afinal, eu havia deixado Crystal sozinha na festa, no meio de uma conversa bastante divertida, para checar o estado mental da Ali e simplesmente não retornei pelos motivos mais impensáveis. Eu não podia tornar público algo dessas proporções.

— Sim, ela está bem. Só teve uns problemas com um cara e precisava...desabafar. - Falei, tentando não pensar muito sobre.

— Ah, que bom. Sorte a dela ter um cara como você por perto. - Ela expressou, sorrindo gentilmente. Pelo pouco tempo que estive em sua companhia, pude perceber que Crystal era uma daquelas pessoas floridas, que parecem caminhar em um arco-íris enquanto te fazem sorrir por qualquer motivo besta. E por conta disso ela me fazia pensar em uma irmã mais nova.

Cupido Reverso [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora