E

115 23 0
                                    


Izuku estava, como de costume, na biblioteca da vila Kagerō. Desde que começaram a viver ali, a biblioteca tornou-se sua segunda casa.

Ele adorava o silêncio que ali tinha, sempre gostou de bibliotecas por elas abrigarem umas das melhores coisas que o ser humano já inventou: os livros.

Izuku Midoriya adorava livros.

Era surreal o poder que um monte de palavras grudadas em uma folha de papel juntas tinham sobre a mente de Izuku. Esse era o momento onde ele se encontrava em paz, onde podia esquecer de tudo ao seu redor, de sua vida, de seus problemas e focar somente na história ou no conhecimento empregados ali.

Os livros, desde que perdeu tudo, fora sua mãe, foram suas únicas companhias durante os anos seguintes após o diagnóstico de apeculiar.

Mesmo tendo doído muito, os livros ajudaram-no a manter a dor e o vazio longe de seu peito e sua mente. E além disso, eles ajudaram também em seu conhecimento, como faziam agora.

Desde que vieram pra cá, Izuku em seus tempos livres, já que aqui aparentemente não possui escolas para civis, passa toda sua tarde ali lendo tudo o que podia encontrar. — O que não era muito e estava começando a lhe preocupar.O que resultou em seu grande conhecimento sobre o mundo Shinobi ao qual estava.

Tinha ciência de que o conhecimento da biblioteca da vila em que morava agora era escasso e com certeza não muito abrangente, mas o que conseguiu reunir deixavam-no surpreso e nervoso ao mesmo tempo.

Naquele mundo aconteceram muitas guerras no passado.

Não que em sua realidade – será que poderia chamar assim? – não tivesse havido guerras. Mesmo sendo novo Izuku sabia que muitas delas haviam sido travadas durante muito tempo, e o menino, depois de muita leitura de livros de história, sabia e compreendia boa parte do que se tratava. — Como os motivos ou o conceito geral de guerra.

Mas, caramba! Ali era tudo completamente diferente do que já tinha lido antes! Pois enquanto nos livros que leu, as guerras eram, em sua maioria, por assassinato de alguém importante ou expansão indevida de território, no mundo ninja a maioria se resumia em conflitos internos que se expandiram demais por abuso de poder e força militar ou simplesmente a antipatia dos governantes de cada país uns com os outros.

Era como se eles ficassem tentando arranjar ou criar motivos pra uma nova guerra florescer, surreal. Por isso, Izuku além de ficar surpreso com isso, ficava nervoso. Quem o garantia que, do nada, não pudesse acontecer uma guerra por aí? Ou pior ainda, uma guerra civil em Yama no Kuni? Pois do jeito que estava a situação do país, ele não duvidava que pudesse acontecer isso em breve.

Suspirando enquanto fechava o livro que lia, Izuku percebeu pelo relógio pregado em uma parede próxima que sua mãe já já estaria ali para buscá-lo. Sentia-se levemente nervoso depois de pensar em uma possível guerra civil, não estavam preparados pra isso, e teria que explicar isso pra sua mãe. — Não que ele esperasse que pudessem fazer alguma coisa, dada a situação horrível em que se encontravam.
[...]

Depois de uma caminhada tranquila de volta ao minúsculo apartamento em que viviam agora, Inko pediu que seu filho se trocasse enquanto ela fazia o mesmo pra que pudessem conversar.

Ambos estavam pensativos e nervosos por motivos deferentes, mas parecidos, e quando finalmente sentaram-se frente a frente pra conversar sobre isso, notaram que precisavam tomar uma decisão rápida.

— Bem querido, eu entendo sua preocupação em relação a uma guerra civil, mas se algo realmente fosse acontecer eu pelo menos ficaria sabendo de alguma coisa. - Tranquilizou-o.

— Sim...é verdade. As pessoas iriam começar a cochichar sobre isso e iria se espalhar. - A mais velha concordou.

As vezes Inko se esquecia que seu filho só tinha oito anos. Bem, ela tinha orgulho da mente brilhante que ele possuía, de qualquer maneira.

— Mas mamãe...v-você tem certeza de que quer tentar ir pra outro lugar? - Questionou mexendo com seus próprios dedos, encarando-os nervoso.

— É só que, ser ninja é muito perigoso e a mamãe não é treinada pra isso e nem sabe lutar! E-eu não quero que aconteça alguma coisa... - Disse temeroso. Inko sorriu mínimo com a preocupação de seu menino.

— É a única coisa que poderemos fazer agora querido. Se mamãe se tornar uma ninja, poderemos ter um lugar melhor pra ficar e comida o suficiente. - Acariciou os cabelos macios do filho.

Izuku demorou a dizer qualquer coisa, pensativo enquanto apreciava do carinho de sua mãe, mas quando voltou a encara-la, ele tinha um fogo nos olhos que surpreendeu a matriarca. Sua face era séria e mesmo que não devesse, já que seu filho provavelmente diria algo importante agora, Inko achava-o uma gracinha, a coisa mais linda do universo! — Como seu filho podia ser tão fofinho!?

— Se a mamãe vai se tornar ninja, eu também vou. - A mulher sentiu seu coração errar uma batida.

Não de um jeito bom.

— Izuku eu... - Nem soube o que dizer, mas o menino a interrompeu, se endireitando e segurando as mãos da mãe junto as suas mãozinhas.

— Mãe, eu não vou me tornar ninja do nada. Eu vou entrar em uma escola que vão me ensinar tudo o que eu preciso, e não vou sair de lá até me formar. - Encarava-a nos olhos e com convicção.

— Eu sei que é perigoso, e que provavelmente eu vou me machucar. Mas a mamãe também vai, e de agora em diante, se a gente quiser conseguir sobreviver, é a nossa única posta. - Inko intensificou o perto nas mãozinhas que seguravam as suas.

Ah Izuku...você é tão especial...

Inko sentia seu coração bater forte pelo pequeno homenzinho que tinha dado a luz. Mesmo sendo tão novo, Izuku era seu  pequeno pedaço de luz inteligente que a cada dia tornava-se tão maduro quanto Inko poderia imaginar. Ela bufou em divertimento internamente. Era até engraçado.

Ele tinha razão, se eles quisessem ter pelo menos uma chance de ter uma vida melhor, teriam que apostar na carreira Shinobi. Suspirando, Inko puxou seu filho pra mais perto e deixou um beijo demorado em seus cabelos tão parecidos com os meus.

— Você tem razão querido. Tudo bem, você pode entrar em uma escola ninja. - O menino sorriu, satisfeito.

Tinha tanto medo que seu menininho se machucasse...não queria que ele perdesse a infância tão rápido assim. Mas já era tarde demais. — As vezes ela se questionava se Izuku sequer teve uma infância normal depois dos quatro anos.

— Agora, temos que planejar nossa saída. Pra onde vamos e economizar o máximo possível. - O menino sorriu como se soubesse de alguma coisa, deixando-a curiosa.

— Eu já sei pra onde nós vamos mamãe!

New Life.Onde histórias criam vida. Descubra agora