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Izuku não esperou muito para se jogar em Naruto, envolvendo-o em seus braços e deixando-o afundar seu rosto em seu peito.

Naruto estremeceu com o contato repentino, mas relaxou segundos depois, deixando que o de mechas escuras o acolhesse enquanto deixava grossas lágrimas molharem a camiseta alheia.

Izuku não sabia o que responder, nunca achou que um dia encontraria alguém que não conhecesse o significado de abraço. Só conseguia imaginar o quão doloroso deve ter sido toda a vida de Naruto até agora, e só de pensar em ficar sem os abraços calorosos de sua mãe em momentos difíceis seu peito doía e seus olhos lacrimejavam. — Acho que essa é a primeira vez que Izuku chora depois de ter vindo pra cá.

Abraço...então era isso...

Após alguns longos minutos de um abraço apertado, o primeiro a se afastar foi Naruto, que secou seu rosto molhado rapidamente e esperou que o menino a sua frente fizesse o mesmo.

— Eu....obrigado. - Disse envergonhado, desviando o olhar. Izuku sorriu pequeno, balançando a cabeça.

— Você não precisa agradecer. Se você quiser, podemos ser amigos, aí você pode me pedir quantos abraços quiser todos os dias!

Os olhos de Naruto se arregalaram, e ele encarou Izuku surpreso. No fundo de sua surpresa, algo pequenininho queimava ali, esperança. O Midoriya nunca abandonou seu sorriso doce.

Você...quer ser meu amigo? - Questionou incerto.

— Uh-hum! Vamos ser amigos Nacchan!

— Na...Nacchan? - Tombou a cabeça pro lado, confuso.

— Sim! É o seu apelido!! - Disse animado. — E então, quer ser meu amigo?

Você tem certeza? ...N-não vai me abandonar também? - Perguntou em um murmúrio temeroso. Izuku balançou a cabeça.

— Eu não vou. Vou ser seu amigo pra sempre! - Disse sério

E então, pela primeira vez desde que se viram, Naruto sorriu. Um lindo e grande sorriso que faziam suas marquinhas de cada lado de suas bochechas ficarem ainda mais visíveis, — Elas estavam tão sujas que Izuku só as percebeu depois que as lágrimas do amigo as lavou. — e seus belos olhos azuis safira sumirem de tão grande que era seu sorriso.

— Eu também vou ser seu amigo pra sempre, Izucchan!

Izuku sorriu como se não houvesse amanhã, deixando que o vazio de seu peito fosse preenchido pelo sorriso de Naruto e tentando fazer o mesmo com o seu sorriso radiante. Eles ficaram assim por um minuto, apreciando a presença um do outro.

— Então, você quer ajuda pra chegar em casa? Seus pais devem estar preocupados não é? - Perguntou preocupado, vendo o sorriso alheio diminuir.

— Eu...eu não tenho pais, eu moro sozinho. - Izuku arregalou os olhos.

— Sozinho!? Tipo, sem ninguém mesmo!? Nem um adulto??? - Naruto balançou a cabeça em negação.

— Eu só recebo dinheiro mensalmente do Hokage, mas nem sempre dá pra comprar alguma coisa pra comer, então eu vou pescar na floresta. - Disse desviando o olhar, as bochechas gordinhas vermelhas de vergonha.

— Hmmm, bem, sempre que precisar de ajuda, você pode vir até a minha casa! Nós não temos muito, mas vamos te ajudar mesmo assim! - Disse sorridente.

— A sua mãe não vai ficar brava? Ela é uma adulta, os adultos me odeiam ainda mais que as crianças... - Disse nervoso, Izuku negou.

— Minha mãe não vai se importar. Na verdade, acho que ela vai ficar chateada quando souber que você mora sozinho... - Falou pensativamente.

— De qualquer maneira, minha mãe também tá tentando ser uma ninja! E assim que ela começar com isso, ela vai poder ganhar mais e poder comprar mais comida!

— Você quer dizer Kunoichi?

— Hm? - Tombou a cabeça para o lado.

— Sua mãe vai se tornar uma Kunoichi! Ninjas são pra homens e Kunoichi pra mulheres.

— Oh, eu não sabia! Então sim, mamãe vai se tornar uma Kunoichi! - Sorriu grande, iria avisar isso a sua mãe quando chegasse.

— Então Nacchan, você já está melhor? Consegue se levantar? - O loiro assentiu.

— Sim, eu me curo rápido! Nada mais dói! - Izuku sorriu.

— Bom! Quer ir lá pra casa? A gente pode fazer alguma coisa pra comer e ficar brincando até a minha mãe chegar!

— Huh...ela não vai brigar por você me dar sua comida? - Perguntou incerto.

— Deixa disso! A mamãe não vai ligar! Vamos, eu morro bem aqui do lado! - Levantou e puxou-o pra cima, o arrastando junto em sua caminhada.

[...]

Depois de alguns minutos de muito convencimento de que a mãe de Izuku realmente não iria brigar por alimenta-lo e muito menos por o deixar tomar banho e usar algumas roupas suas, os dois garotos ficaram a tarde inteirinha brincando juntos de coisas simples no apartamento.

E quando Naruto finalmente foi embora, mesmo com a insistência de Izuku para que ficasse, a mãe do garoto chegou pouco tempo depois de seu expediente com ótimas notícias.

Porém, antes que pudesse contar a seu filho sobre o que aconteceu hoje, não deixou de notar a ansiedade, frustração e animação de seu menininho enquanto ele andava de um lado para o outro na sala e murmurava coisas inaudíveis.

Quando finalmente o puxou de canto e o acalmou, sentando-se junto a ele no sofá da sala e pedindo que ele explicasse o que estava acontecendo, Inko sentiu todo o seu peito doer.

A cada palavra que seu menino dizia sobre seu novo amigo, Naruto, Inko sentia como se algo estivesse esmagando seu coração, e ela não se sentiu culpada por se juntar a seu filho as lágrimas. Ela puxou Izuku para mais perto em um abraço caloroso depois que ele terminou de falar, e só se afastaram depois que finalmente se acalmaram.

— Está tudo bem querido, vai ficar tudo bem, sim? Da próxima vez que encontra-lo, traga-o para um jantar, certo? - O menino assentiu, tentando secar as lágrimas.

Izuku se afastou de sua mãe ao já se sentir mais calmo, respirando fundo para puxar o ar para os seus pulmões enquanto ela também se recompunha. E quando finalmente encarou a mais velha, não deixou de arregalar os olhos para o que via, fazendo-a sorrir doce pra si.

— Mamãe...

— Sim querido, eu consegui. Sou uma ninja oficial agora, uma Gennin. - Disse enquanto sorria, uma bandana com o símbolo de Konoha em sua testa.

Não precisaremos passar fome nunca mais querido...

Izuku sorriu, como um pequeno solzinho animado enquanto a encarava. Lembrou-se de algo que havia aprendido hoje mais cedo, e com uma risadinha sapeca, ele disse;

— É Kunoichi mamãe, não ninja. - Inko bufou com a ousadia de seu menino.

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