1.

1.7K 146 103
                                    

Kessy Heyez demorou um mês para se decidir. Depois de eu ter transado com outra garota na cama dela, na frente dela, e a feito assistir tudo presa numa cadeira, ela finalmente mandou uma mensagem, me perguntando se poderíamos nos ver.

Eu imaginava que fazer aquilo poderia deixá-la magoada, e sabia que, se mesmo assim, viesse atrás de mim, seria porque eu estava bem perto de conseguir o que queria com ela.

Marcamos de nos encontrar numa sorveteria do Central Shopping. Fui eu quem chegou primeiro. Me adiantei em pedir o sorvete dela, e quando chegou, ela ficou surpresa de encontrar um pote do seu sabor preferido. Mas percebi, pelo modo como simplesmente se sentou na mesa sem nem me cumprimentar, que ainda estava irritada comigo, com raiva pelo que fiz.

— Como sabia que esse é o meu favorito? — foi a primeira coisa que disse, desconfiada.

— Sempre tinha um desse na geladeira da sua casa. — comentei, concentrando toda a minha atenção nela. — Imaginei que nem o Jessy nem os seus pais gostassem tanto de sorvete de creme.

— Você é bastante observador, né? — a pergunta era uma retórica, mais uma afirmação do que uma indagação. Notei que a garota tentava esconder o quão receosa e nervosa estava diante do meu olhar enquanto abria o pote de sorvete e mergulhava a colher nele. — Cadê o seu? — buscou saber, porque só ela tinha um pote de sorvete. Apontou a colher na minha direção antes de enfiar na boca. — Não quer?

— Não gosto muito de sorvete. — me ajeitei na cadeira, encostando as costas de forma casual e confortável.

Eu não tirava os olhos de Kessy.

— E do que você gosta? O que você quer? — ela questionou de repente, e não era sobre o que parecia ser.

Heyez queria, mesmo, era saber se eu gostava dela e o que eu queria com ela.

— Vai entender quando me conhecer melhor. — foi o que eu disse, apenas.

A percebi ficar incomodada. Seus olhos me julgavam.

— Não sei se eu quero te conhecer melhor. — abaixou o olhar, se fazendo de difícil.

Inclinei a cabeça para o lado.

— Então, por que está aqui, anjo? — lentamente joguei contra ela, num tom de voz insinuativo.

Os olhos dela se ergueram novamente e encontraram os meus, mas ela não conseguiu sustentar o meu olhar intensivo e desviou. Me empertiguei. Eu a fiz se intimidar e isso era satisfatório.

— Fiquei curiosa. Só isso. — o canto da minha boca se curvou com um sorriso. — Como nós... — Heyez tentou dizer. — Como vamos... — ela fez uma pausa, pensando melhor no que iria falar e quais palavras usar. — Iríamos — pigarreou, se corrigindo. — Como iríamos nos relacionar?

Eu a observei por um longo momento antes de começar a resumir como seria a nossa relação.

— Nem eu, nem você, irá sair com outras pessoas. Vamos nos ver todo final de semana, ou sempre que pudermos. Iremos conversar por mensagens todos os dias, praticamente. Seríamos prioridade um do outro, e a única opção também. Nada de flertar com alguém, nem por mensagem ou qualquer outro meio.

A garota assimilou o que falei por um demorado instante.

— Isso é basicamente... Namoro? — a sobrancelha dela se arqueou em descrença e ela sorriu, sarcástica. — Seria um namoro?

— Não, anjo. Não seria um namoro.

— Não seria um namoro. — repetiu, num tom irônico. — Estaríamos num relacionamento que parece muito um namoro, mas não seria um namoro.

Babygirl Onde histórias criam vida. Descubra agora