O vapor subiu e fez cócegas no nariz de Freen quando ela levou a xícara até a boca. Ela fechou os olhos e tomou um gole, suspirando de contentamento e se afundando ainda mais no sofá.Glorioso. A casa estava em silêncio, seu chá quase escaldante e ela não tinha compromisso algum para o fim de semana. Dois dias inteiros para fazer o que bem entendesse, na hora que quisesse. Nenhum encontro sem sentido ou Nop reclamando que ela estava agindo como uma eremita.
Freen abriu um dos olhos e olhou feio para a mesinha de centro. Ou melhor, para seu celular, dançando sobre a superfície da mesa, vibrando ruidosamente.
NÚMERO DESCONHECIDO (11:24): vc precisa se explicar
Freen franziu o nariz e deslizou a tela, desbloqueando o aparelho com a impressão digital.
FREEN (11:26): Acho que você mandou msg para o número errado.
Depois de clicar em enviar, Freen tirou um instante para pensar em que tipo de explicação essa pessoa - que definitivamente não era ela - teria que dar e para quem. Seria uma briga de casal? Alguém prestes a levar uma bronca da mãe ou do pai? Deixou o celular no sofá ao seu lado. Não era da conta dela.
Mas o celular vibrou junto de sua perna, a tela acendendo.
NÚMERO DESCONHECIDO (11:29): mandei, Freen?
Como assim? Freen se sentou, desbloqueando a tela de novo.
FREEN (11:31): Quem é?
Ela ficou encarando o aparelho, esperando enquanto a pessoa do outro lado digitava. Naquele meio-tempo, fez um rápido levantamento mental de quem poderia ser.
O número de Nop estava salvo na sua agenda com uma foto horrorosa dele aos 16 anos, largado no sofá, babando e com molho de tomate no queixo. Os contatos dos pais estavam salvos com seus respectivos nomes. Freen tinha o número de Kade, e seu chefe nunca mandava mensagens. Nunca. E havia também... Bem, era isso. Em grande parte. Tirando alguns conhecidos, que podiam ou não ter seu número, seu círculo social era bem pequeno, seletivo. Selecionado. Freen apertou os lábios. Claro que havia sempre a chance de ser... não. Ela bloqueara o número de Heidi havia muito tempo.
NÚMERO DESCONHECIDO (11:36): Seu pior pesadelo
Freen segurou o celular com força, apertando sem querer o botão de volume na lateral e fazendo a coisa apitar alto em suas mãos. A pulsação dela subiu junto, o coração indo parar na garganta. Mas que merda é essa?
Com o polegar trêmulo pairando sobre o teclado, Freen olhou instintivamente para a porta de entrada, verificando se estava trancada. A trinca estava trincada, a corrente acorrentada, e pelo visto ela tinha uma grande habilidade de ter reações exageradas. Entre o susto da noite anterior, com a chegada inesperada de Nop, e isso, Freen notou que precisava se controlar, mesmo que a mensagem tivesse sido assustadora.
Pronta para bloquear o número e seguir em frente, outra mensagem a interrompeu antes que ela pudesse continuar.
NÚMERO DESCONHECIDO (11:39): tá, isso pareceu meio coisa de serial killer
NÚMERO DESCONHECIDO (11:39): o que eu não sou
Aquilo era exatamente o que um psicopata com uma faca de açougueiro na mão diria.
NÚMERO DESCONHECIDO (11:40): e isso tb foi totalmente algo que um seria killer diria
NÚMERO DESCONHECIDO (11:40): ops
Pelo menos tínhamos ali um psicopata consciente.
NÚMERO DESCONHECIDO (11:41): era mais pra parecer um estou com raiva de vc e exijo respostas mas não tipo estou respirando alto por cima do seu ombro com uma máscara de caqui
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Presságios do Amor - Freenbecky
FanfictionRebecca Armstrong, uma das astrólogas mais populares do Twitter, sonha em encontrar sua alma gêmea, mas, depois de apenas um encontro, tem certeza de que pode riscar Freen da lista. Ela é pragmática, certinha, cética e racional demais para alguém co...