Freen assentiu e pegou uma caneta preta, diferente da cor berrante com glitter que Becky escolhera. Ela anotou o básico que havia descoberto até então.- Muito bem. Nascida na Inglaterra e criada em Bangkok. Fez faculdade aqui também?
Becky beliscou o lóbulo da orelha.
- Sim, na C.U. Foi lá que conheci Yuki. Fomos colegas de quarto no primeiro ano e, assim que estávamos desfazendo as malas, reparei no monte de livros sobre astrologia que ela tinha. Eu já gostava do assunto desde o ensino médio e, assim que tirei carteira de motorista, me inscrevi para um emprego na Bem-Querer, uma livraria esotérica não muito longe de onde moro hoje. Nos fins de semana e férias de verão, quando eu não estava no caixa ou arrumando as prateleiras, a dona meio que me acolhia como aprendiz. Yuki e eu ficamos mais amigas por causa disso, e começamos o Ah Meus Céus no ano seguinte. A coisa não chamou muita atenção até alguns anos atrás, quando enfim conseguimos um trabalho escrevendo a coluna de astrologia de um jornal daqui, o Bangkok Post. Nosso número de leitores aumentou, um dos posts viralizou, e depois meio que explodimos.
Se duas semanas antes alguém tivesse perguntado a Freen se ela tinha curiosidade em saber o que era preciso para ser uma astróloga nas redes sociais, sem sombra de dúvida ela teria respondido que não. Mas agora, depois de ter se familiarizado com o Twitter do Ah Meus Céus, era preciso admitir que tinha curiosidade, sim... mas só do ponto de vista de alguém que gosta de entender um pouco sobre tudo.
- E agora você faz memes para ganhar a vida?
Becky jogou a cabeça para trás e gargalhou.
- Não. Quer dizer, mais ou menos? É muito mais que isso.
- Então o que você faz de verdade? Como seria um dia na vida da Becky?
Becky deu de ombros.
- Acordo, me abasteço de cafeína, vejo meus e-mails e checo as redes sociais. Isso leva uma hora ou duas. Yuki e eu dividimos as tarefas por igual, mas cada uma tem os seus pontos fortes. Como Yuki é formada em comunicação, ela tende a lidar mais com a manutenção do site e de nossas contas nas redes, já eu fico mais com as leituras e mapas, visto que tenho mais experiência com isso. Entre as consultas, fazemos sessões ao vivo de Perguntas e Respostas, e no nosso tempo livre criamos conteúdo porque, sim, memes garantem retuítes e seguidores, o que aumenta nosso público. Mas não é com isso que ganhamos dinheiro. Não exatamente.
Freen tentou não franzir a testa.
- Como, então? Se não se importa com a pergunta.
Becky deitou de barriga para cima no tapete e se apoiou nos cotovelos.
- Ganhamos um pouquinho com anúncios e patrocínios pagos, mas só se for um produto ou serviço que de fato a gente apoie, como roupas com temas astrológicos que usaríamos ou perfumes inspirados no zodíaco que são realmente bons e se alinham com nossos mapas astrais.
Como um cheiro poderia se alinhar com o mapa astral de uma pessoa era um mistério, mas Freen não queria interromper.
- Nosso livro, que consiste em uma cartilha astrológica e um guia para compatibilidade, está em pré-venda, mas a maior parte da nossa renda vem das leituras de mapas. Oferecemos sessões on-line de meia ou uma hora, durante a qual revisamos e analisamos o mapa da pessoa ou, dependendo do quanto ela já saiba, falamos sobre um ponto específico sobre o qual queira se debruçar, como o retorno de Saturno. Se o cliente for daqui e preferir fazer isso pessoalmente, temos um acordo com a livraria onde eu trabalhava, usamos uma sala nos fundos. Às vezes eu passo o dia lá e atendo sem hora marcada. Também temos planos de assinatura, em que as pessoas pagam mensal ou anualmente por sessões mais curtas de atualização via mensagem de texto, onde elas podem fazer perguntas urgentes sobre trânsitos ou movimentos retrógrados. Esse tipo de coisa.
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Presságios do Amor - Freenbecky
FanfictionRebecca Armstrong, uma das astrólogas mais populares do Twitter, sonha em encontrar sua alma gêmea, mas, depois de apenas um encontro, tem certeza de que pode riscar Freen da lista. Ela é pragmática, certinha, cética e racional demais para alguém co...