Presságios do Amor - Freenbecky

Plano em ação

FREEN (16:57): Acho que precisamos conversar sobre os detalhes desse acordo agora, não depois.

BECKY(17:08): pq?

BECKY (17:09): quer dizer, td bem

BECKY (17:09): só queria saber se tem um motivo

BECKY (17:09): algo q eu precise saber

Becky não estava a fim de ser pega de surpresa de novo tão cedo.

FREEN (17:16): Meu irmão nos convidou para sair com ele e a menina que ele está ficando no sábado. Por convidar, quero dizer que ele me coagiu até eu concordar. Para vender bem nossa história, acho que seria melhor alinharmos as coisas antes.

Becky já tivera vários sonhos estressantes nos quais Nop descobria que era tudo uma farsa e passava a odiá-la. No último, ela estava num programa de auditório tosco. Nop tinha obrigado Becky a passar por um detector de mentiras e, quando ela reprovou, ele rasgou o contrato entre o OTP e o Ah Meus Céus e saiu do set, furioso. Depois, a família inteira dela, que estava na plateia, tinha vaiado. Freen não estava presente.

Tinha sido só um sonho - Becky não acreditava de verdade que o acordo com o OTP estivesse baseado ou de alguma forma ligado ao sucesso de seu relacionamento -, mas o que Freen estava dizendo naquele momento fazia sentido. Ela não sabia nem o aniversário de Freen ou... bem, não sabia nada sobre ela a não ser que era atuária e workaholic. Elas precisavam se conhecer melhor antes desse encontro, senão ia ficar óbvio que era tudo fachada.

BECKY (17:20): o q vamos fazer?

BECKY (17:20): no encontro

FREEN (17:24): Eu não perguntei. Faz diferença?

Becky revirou os olhos. Pelo visto ela teria que perguntar a Nop.

BECKY (17:25): ok, ñ

BECKY (17:26): tá livre hj à noite?

BECKY (17:26): lá pras 19h?

BECKY (17:26): pode ser na sua casa já q sei onde fica

FREEN (17:33): Pode ser.

Becky guardou o celular dentro da bolsa e passou a alça pelo ombro. Eram - ela olhou para o relógio de gatinho pendurado torto na parede ao lado do micro-ondas - dez para as seis. Tempo suficiente para passar no mercado antes de ir ao apartamento chique onde Freen morava.

Descendo do banco, Becky olhou para Yuki, que continuava teclando no notebook, parando de vez em quando para lançar olhares feios e ameaçadores para a tela.

- Estou saindo. Vejo você mais tarde, se estiver acordada.

Ela estava quase na porta da frente - o que levou incríveis dois passos - quando Yuki suspirou e disse:

- Becky, espera.

Becky mordeu a bochecha e se preparou para mais uma crítica sobre o que ela e Freen estavam fazendo.

- O quê?

Yuki colocou o notebook de lado e apoiou os cotovelos nos joelhos, os dedos entrelaçados diante dela.

- Na outra noite, quando eu falei que você estava cometendo um erro histórico, fui meio longe demais. Me... me desculpe.

Becky fechou a boca. Receber um pedido de desculpas de Yuki era raro. Tão raro quanto as brigas entre as duas.

- Não precisa...

- Não, preciso sim. - Yuki bufou, sua franja se repartindo como uma cortina. - Eu só estou com raiva, tá? Por você. E sei que você acha que, como Freen pediu desculpas, está tudo bem, mas às vezes pedir desculpas não é o bastante, Becky. A última coisa que quero é ser dura ou estraga-prazeres, mas é que não suporto esse tipo de merda acontecendo com você. Não desde o dia em que começamos a dividir um quarto, no primeiro ano da faculdade, e você exigiu que ficássemos acordadas a noite toda conversando e comendo pipoca de micro-ondas queimada porque, citando você mesma, "estava com a sensação de que era para sermos melhores amigas". E não vou começar agora.