NANCY - SEGUNDA-FEIRA

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Bom dia, Boston. Acordamos por volta das seis da manhã para nos arrumarmos e irmos à escola, como sempre. Mas na verdade, hoje não é um dia como os outros. Às nove e alguma coisa, o nosso tempo de investigação vai acabar e teremos que ter um ótimo chute, ou que pelo menos convença a nós mesmas.

Amber está no banho, mas logo que percebo, ela sai, enrolada em uma toalha rosa.

- Acordou, finalmente. - Disse enquanto passava outra toalha nos fios loiros.

- Você ainda lembra que dia é hoje?

- Nem me fale. Temos poucas horas para descobrir tudo. Se não desvendarmos hoje, acabou.

Ela está certa. Se não tivermos uma resposta ou se estiver errada, tudo vai acabar, ou piorar.

Vou tomar um banho enquanto Amber veste um top corset rosa e uma saia preta. Ela tem bastante noção do que vestir, às vezes me dá vontade de começar a me vestir como ela. Antes disso tudo Amber era totalmente aquela patricinha de filmes adolescentes, que agora virou a "final girl" de um filme de terror. Acho que essa comparação combina muito com ela.

Termino o meu banho e nós descemos juntas para tomar café antes de sair.

Os pais dela estão na mesa. Vai ficar um clima bem pesado depois de tudo que aconteceu na noite anterior.

- Bom dia, senhor e senhora Coleman.

- Qual o seu nome mesmo? É amiga da Amber?

O pai dela é realmente muito seco na hora de responder. Ele está, nesse exato momento, me olhando com uma cara de desprezo.

- Sou a Nancy Hall. Nós somos amigas há alguns anos, sim...

Um silêncio se estende. Assim que respondo, o pai dela para de me olhar e volta a comer uma fruta amarela que não me recordo do nome.

- Bom dia.

Acho que Amber tentou amenizar tudo o que estava acontecendo, não funcionou. Nenhum dos dois respondeu a ela. Mas a mãe quase soltou alguma coisa.

Nós terminamos de comer depois de alguns minutos e Amber pede que o motorista dela nos leve até o colégio. Não estou bem acostumada com um motorista. Mas ela disse que ele é gentil, por mais que talvez o pai dela brigue com ele quase todos os dias apenas por ser uma boa pessoa.

- Vem, Nancy. Não podemos perder tempo.

- Já estou indo.

Os pais dela estão brigando mais uma vez, para variar. Dessa vez o assunto parece ser sobre ontem.

- Robert, você não pode repreendê-la para sempre! Ela só nos deu o troco por tudo que fazemos com ela. Tudo que você faz com ela.

- Eu posso, e vou. E se você falar com ela...

- A amiga dela está olhando.

Droga. Saio correndo para o grande carro antes que eles venham tirar satisfação por estar observando a conversa deles.

- Porque demorou?

Não penso e respondo rapidamente.

- Nada. - Minto. - Eu só voltei para passar batom.

- Não vejo batom na sua boca.

- Acabei não passando, você me apressou.

E finalmente chegamos à escola, andamos direto até a sala do jornal para tentar descobrir alguma coisa com o pouco tempo que nos resta. Já são sete e quinze.

No meio do caminho me encontro com Carter. Não sei bem como agir. Devo abraçá-lo ou dar um beijo na bochecha? Ou só dar um "oi"?

- Nancy...

Até a Próxima MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora