NANCY - QUARTA-FEIRA

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Deixei uma só mensagem de socorro para a Amber, esperando que ela viesse logo até a minha casa. Não enviei para Hannah porque não quero colocá-la em confusão. Afinal, ela não estava conosco quando fomos chutar o nome no local do assassinato.

Alguns minutos depois do "SOS", a campainha começou a tocar repetidas vezes, devo ter deixado a Amber desesperada, e entendo, eu também ficaria. Receber uma mensagem dessas do nada quando vocês tinham acabado de se ver, fica meio suspeito do que pode ter acontecido com quem enviou, no caso, eu.

A campainha não para um segundo.

- São eles de novo? - Meu pai pergunta.

- É a Amber, pai.

Desço as escadas correndo, e abro a porta. Amber para de clicar na campainha feita uma maluca e pergunta com voz preocupada.

- O que aconteceu? Qual o motivo da mensagem? Cadê a Hannah?

- Amber, calma.

Puxo ela para dentro de casa e subimos as escadas em direção ao meu quarto. Chegando lá começo a explicar sobre toda a situação que aconteceu quando eu a levei em casa e voltei para cá.

- Os policiais apareceram aqui.

- O quê? - Ela dá um grito que deve ter dado para ouvir do outro lado da rua.

- Calma. Eu não falei nada. O meu pai tinha saído para comprar os remédios que tinham acabado. E aí, a campainha tocou. Pensei que ele tinha esquecido a chave, e quando abri, era um investigador da polícia. Eu disse que não falaria nada sem a presença de um adulto.

- Porque vieram atrás de nós agora?

- Quando nós fomos chutar o nome, tinha policiais disfarçados pela rua. Eles viram a gente lá, mas não sabem o que estávamos fazendo. Por isso, meio que viramos suspeitas do crime. A ligação é, provavelmente, por ele ser o nosso ex-diretor. Eu não chamei a Hannah porque ela não estava com a gente, e não quero colocá-la em confusão.

Amber fica parada por alguns segundos, processando o que eu tinha falado. Antes que ela perguntasse, já expliquei que eu não falei a verdade ao meu pai. Quando ele chegou, inventei que tinha ido lá porque ficamos curiosas sobre o que aconteceu com o diretor, já que não foi noticiado. Foi fácil de fazê-lo acreditar nessa história, mas agora temos que pensar no que vamos falar cara a cara com a polícia.

Mas o motivo que chamei Amber é porque fiquei furiosa. Nós demos tudo de nós mesmas para acertar a droga dos assassinos, abrimos mão de contar para as pessoas por causa das ameaças que o mestre do jogo colocou no bilhete. Não contamos a policia. Fizemos tudo sozinhas, passamos por um turbilhão de emoções sozinhas.

Perdemos nossa tarde, a Amber quase morreu atropelada, e tivemos que fazer dois garotos confessarem um crime. E, ainda assim, estamos na droga dos suspeitos da polícia. Esse jogo é hipócrita, e isso me deixou com raiva. E então, minha primeira e única solução foi chamar a Amber. Eu não posso falar disso com o meu pai, e nem com ninguém que não esteja envolvido no jogo.

Eu não duvido do que esse mestre pode fazer se contarmos para alguém. E, sinceramente, tenho bastante medo. Ele conseguiu ameaçar dois garotos a matarem dois adultos. Eles acabaram com a vida de duas pessoas, como uma troca para não irem presos. A pessoa por trás disso é realmente um psicopata. E dizem por aí que esse tipo de pessoa tem uma mente brilhante, disso eu não posso discordar. Como alguém consegue pensar nisso tudo, planejar mortes, deixar bilhetes, e muito mais sem ser notado uma única vez por uma única pessoa.

Até hoje não temos uma única prova ou pista de quem seja essa pessoa misteriosa, mas, quando eu colocar minhas mãos nessa pessoa, não vai ficar barato pelo que ela está nos fazendo passar.

Até a Próxima MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora