Assim como eu imaginava, meus pais não perceberam que eu dormi fora naquela noite. Eles notaram que eu não estava em casa durante o dia, mas sobre a noite que passei na casa de Chad, eles nem perguntaram. E, lógico, eu não mencionei. Não sei se isso é bom ou ruim. Os seus próprios pais não perceberem que você passou uma noite fora de casa é desprezível.
Quando saí da casa de Nancy ontem e cheguei aqui, eles só me perguntaram onde eu estava durante o dia, o que foi fácil de responder. Meus pais sabem que de um tempo para cá eu venho tendo uma amizade muito forte com a Nancy, então, não perguntam ou duvidam mais quando eu falo que estava com ela. Assim foi feito.
Mas, hoje de manhã, o assunto foi outro. A polícia ligou para o meu pai pedindo que me levasse até a delegacia em um prazo de um dia. Decidimos ir logo hoje. Mas ele não ficou muito feliz e começou a fazer mais perguntas do que o detetive fez à Nancy. Ela me ligou quando saiu do interrogatório e me contou tudo que ele perguntou e a resposta. Além de me mandar a foto do quadro de suspeitos.
É visível que os investigadores estão completamente perdidos nos dois crimes e na resolução. Nós só conseguimos resolver porque tivemos uma dica e porque sabíamos de tudo que aconteceu com os irmãos. O delegado, o pai deles, não deixou nada da história vazar nem dentro da delegacia. Nenhum funcionário, seja detetive ou policial, ficou sabendo do que realmente aconteceu. Ele tomou as providências de forma bem rigorosa.
Meu pai continua fazendo mais perguntas sobre o que estávamos fazendo na cena do crime ou se eu fiz alguma coisa que ele deveria saber, se referindo a matar o diretor. Eu não precisei mentir nessa parte, afinal estamos sendo acusadas injustamente. Fomos colocadas no meio disso tudo à força, infelizmente ninguém pode saber disso.
Depois que meu pai termina seu longo e próprio interrogatório, ele manda eu me vestir para irmos até a delegacia para o verdadeiro. Faço o que ele mandou, e em alguns minutos já estamos na porta do estabelecimento. Nancy está aqui também. A viagem de casa até aqui foi completamente silenciosa, eu tentei evitar as perguntas o máximo.
- Lembra de tudo que eu falei. Esse detetive é bem invasivo. - Nancy sussurra enquanto meu pai me puxa para dentro da delegacia.
Faço um sinal de legal com a mão para ela entender que eu tenho tudo na cabeça. Em pouco tempo, já estamos na sala do interrogatório, esperando esse tal detetive.
Logo, a porta se abre de forma brusca. Dou um leve pulo de susto na cadeira. Meu pai continua olhando para o celular, imóvel.
- Perdão, eu sempre esqueço que essa porta é leve assim. Amber Coleman e Robert Coleman?
Faço que sim com a cabeça.
- Sou o detetive Max. Podemos ser breves com isso? Tenho bastante trabalho.
- E porque nos chamou em um dia ocupado? Eu também tenho mais o que fazer. - Meu pai retruca sem tirar os olhos do telefone, digitando sem parar. Não consigo ver o contato.
O detetive não responde à fala dele. Apenas abre uma caderneta e começa a perguntar, direcionado a mim.
- Com quem você estava ontem à noite, senhorita?
- Com a Nancy, a minha amiga.
- Vocês são amigas há muito tempo?
Ele não perguntou isso a Nancy. Será que conseguiram mais provas?
- Não sei exato, mas tem alguns anos.
- Interessante. - Ele fala enquanto começa a anotar algumas coisas rapidamente, tentando não perder tempo.
A sala fica em um silêncio ensurdecedor, até o detetive voltar a falar.
- E o que você e a senhorita Hall estavam fazendo no lugar onde achamos o corpo do seu ex-diretor?
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Até a Próxima Morte
Mystery / Thriller🥈2° LUGAR CONCURSO ALICE.I.BORDERLAND NA CATEGORIA SUSPENSE/CRIME Nancy Hall é uma garota introvertida e muito inteligente, que mora em Boston com o seu pai. Uma de suas amigas é Amber Coleman, o seu completo oposto, é popular e tem uma vida invejá...