NANCY - TERÇA-FEIRA À NOITE

16 3 0
                                    

São seis e vinte neste exato momento. Começo a me preocupar um pouco porque Amber não é de se atrasar para os compromissos dela. Marcamos às seis e quinze e o máximo de atraso que ela costuma tolerar é chegar mais ou menos às seis e dezesseis. Resumindo, não é paranoia a preocupação, mesmo que com cinco minutos de atraso.

Minha cabeça se alivia completamente quando vejo o carro de Amber se aproximar, o motorista dela é bem fácil de reconhecer, mesmo ele sendo um pouco mais velho que a gente, o cara é um gato. Mas isso vai ficar para sempre na minha cabeça. Alguns segundos depois que o carro estaciona perto da minha calçada, Amber sai pela porta de trás.

- Aconteceu alguma coisa? - Pergunto e ela entende que isso se relaciona com a demora.

- Mil desculpas! Eu estava no Chad.

- Não se preocupa, foram só pouco mais que cinco minutos. Só achei estranho porque você não é de se atrasar.

Sem mais nenhuma fala depois disso, nós entramos no carro de Amber e dispensamos o motorista dela. Afinal, não sabemos o que podemos ver quando chegar nesse endereço, e nós sabemos que seja lá quem for o maluco por trás disso, ele não está para brincadeira. Amber chamou um carro de aplicativo para levar seu motorista para a casa dele.

Depois que ele foi embora, voltamos a nossa "vida de detetives". Amber vai dirigir e eu ocupo agora o banco do passageiro.

- Sabe de uma coisa nada a ver com o que a gente está indo fazer?

Faço uma cara confusa.

- Você está igual à Nancy Drew com esse conjunto xadrez e amarelo.

Rio com a fala dela.

- Você já assistiu a esse filme?

- Só não conta isso para ninguém!

Depois disso, somos surpreendidas com a porta de trás do carro abrir repentinamente.

- Oi, meninas.

- Hannah? - Eu e Amber falamos em coro.

- Longa história.

Depois que ela entrou no carro e fechou a porta, começou a falar sobre o jogo. Hannah explicou que já sabia sobre tudo que nós estamos passando, mas não desde o início. Ela descobriu quando eu a abandonei no café. Fiquei surpresa, mas não tanto quanto a Amber.

- Você seguiu a gente naquele dia e depois começou a ouvir as conversas na sala do jornal, resumindo.

- Falando assim parece que eu sou uma psicopata. Mas entendam que eu só quero ajudar vocês a acabar com esse "jogo" maluco. Aceitem a minha ajuda. Amber, desculpa se algum dia já nos desentendemos.

Amber sorri com a fala dela. Logo, quebro o silêncio.

- Não sabe no que está se metendo.

- Assumo o risco.

Dito isso, eu e Amber concordamos em uma só olhada em deixá-la ir com a gente e ajudar a descobrir o que tem por trás desses bilhetes doentios. Explicamos tudo, desde o início, a ela. No fundo, eu tenho certeza que ela vai se arrepender disso. Se eu tivesse escolha, não pensaria duas vezes a escolher nunca ter entrado no banheiro naquele dia, ou até ter faltado à aula. Prefiro uma falta no meu histórico a uma vida de mentiras, mortes e papéis ao lado de corpos.

Damos partida com o carro, nós três. Amber colocou o GPS para o endereço que está escrito no bilhete. E, ao chegarmos lá, ficamos um pouco confusas. É um condomínio. A pessoa quer que vejamos algo do lado de fora ou vamos precisar sair tocando porta por porta?

Até a Próxima MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora