NANCY - SEXTA-FEIRA

10 4 0
                                    

Um dia se passou desde todo o acontecido. Eu e Amber contamos tudo para Hannah, assim que encontramos com ela hoje. Contamos sobre o fato principal: o bilhete ao qual deixamos destinado ao mestre do jogo, dizendo que iríamos contar tudo hoje e acabar de uma vez com esse maluco, vencer o jogo dele.

Agora, nós três estamos aqui paradas em frente à delegacia de polícia, tomando coragem para entrar lá e contar tudo, sem esconder nenhum detalhe. Tenho um misto de emoções em mim: metade está muito feliz que esse pesadelo finalmente vai acabar, e a outra metade está se corroendo de medo do que pode acontecer depois. É nesses momentos que minha ansiedade costuma atacar.

- Precisamos ir.

- Eu não sei se consigo. - Amber está inquieta, andando de um lado para o outro enquanto eu e Hannah estamos paradas olhando para ela.

- Eu falo tudo, vocês não precisam dizer nada. - Me ofereço. - Só precisam estar ali, para saberem que estamos juntas.

As duas concordaram e finalmente entramos em um consenso. Puxei a linha e comecei a andar em direção à porta. Percebo que as meninas vêm logo atrás. É agora.

Estamos prestes a subir o primeiro degrau da escada que leva à porta, e de repente uma viatura com a sirene ligada estaciona na calçada, um policial sai do carro indo em direção à porta traseira, logo abre e começa a puxar alguém de dentro. Eu recuo e puxo as meninas para voltarmos um pouco, para ver o que está acontecendo.

Não pode ser.

...

Henry Hart está algemado e sendo escoltado por um policial em direção à delegacia.

- Eu não fiz nada disso! Aquelas garotas idiotas devem ter armado tudo, sabiam que eu era um bom suspeito! Eu não acredito que cheguei a ajudar elas!

O policial permanece calado, até outro deles chegar e assumir a "guarda" do Henry. Nós estamos observando já por trás de um carro que está estacionado, por sorte ninguém nos viu. Um dos homens leva o Henry para dentro da delegacia, e em alguns minutos volta para conversar com o que ficou na calçada.

- Foi o quê dessa vez?

- Acusação de homicídio simples daquele diretor que foi assassinado. O garoto é aluno do colégio que ele trabalhava.

- Sério? Cara, eu inspecionei o lugar do crime umas mil vezes! O que vocês acharam para acusar o garoto?

- Foram ordens. Eu só fiz o meu trabalho. Depois você pergunta para alguém que estava lá quando acharam a prova.

- Pausa do café?

Então, os dois policiais entram na viatura e saem provavelmente em direção a uma cafeteria. Olho para as meninas, as duas em choque, sem palavras.

- A gente sabe que não foi ele. - Hannah quebra o silêncio constrangedor.

- Foi plantado. Aquele policial alto disse que já tinha estudado a cena do crime e não tinha achado nada. Um dia depois do bilhete que deixamos, uma prova aparece. Está óbvio.

- E a gente faz o que agora?

Penso antes de responder. Mas só há uma resposta.

- Nada. Ele plantou a prova para o Henry ser preso e nós ficarmos livres. Essa prisão faz os investigadores terem dúvidas o suficiente para tomarem outro rumo. Se aquele detetive continuasse atrás da gente depois disso, seria completamente pessoal e ele que seria investigado.

Amber dá um suspiro. Não sei se foi de alívio ou de tristeza. Logo depois, ela debate.

- Ainda podemos entrar lá e contar tudo. Livrar a nós e o Henry.

- Se contarmos vão achar que é mentira.

- E porque mentiríamos?

Interrompendo a nossa discussão, um vendedor de flores passa em sua bicicleta pela rua, com um sininho tocando e várias flores dentro da sua cestinha.

O homem, velho, que deve ter uns 60 anos, para em frente de nós três.

- Belas moças, isto é um presente de um admirador! Ah! E deixou um bilhete. Aqui, peguem!

Eu pego um buquê de camélias da mão do senhor junto a um bilhete, o qual está preso dentre as flores. Viro novamente para as meninas e pego o bilhete. Hannah faz uma observação interessante.

- Camélias. Significam liberdade.

Abro o bilhete.

"Viram como eu consigo colocar alguém atrás das grades? Henry era um traidor. Mas se contarem alguma coisa, ele se livra e vocês são as próximas.

P.S: Por escolha de vocês, Hannah está no jogo. Se colocarem mais algum jogador inesperado, sofrerão consequências. Eu faço as regras."

- Ainda bem que não contamos antes.

- Merda, o vendedor. Pra onde ele foi?

Olhamos em volta. O senhor já tinha sumido em meio às ruas com suas flores. Perdemos uma chance de ter uma dica sobre o mestre.

- E agora?

- Durmam na minha casa hoje.

Com isso, Hannah e Amber ligaram para seus pais e vamos direto para minha casa. Chamei-as porque eu não sei se conseguiria dormir sozinha hoje. Muita coisa aconteceu, e mais uma vez, parece que voltamos ao início. Não sabemos de nada e não sabemos o que fazer.

Até a Próxima MorteOnde histórias criam vida. Descubra agora