21/ Despedidas

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27 de Setembro, 2023

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27 de Setembro, 2023.

O despertar da manhã revelou um céu opaco, um reflexo fiel do luto que me envolvia. Eu me encontrava no caminho para o aeroporto, cada quilômetro percorrido uma jornada solitária através de um cenário desfocado de edifícios e árvores, como se a paisagem estivesse imersa na mesma névoa que obscurecia meu coração.

A cabeça pesava contra o vidro frio do carro, um suporte involuntário enquanto meus olhos vagavam por fora, observando, mas não vendo. Uma toalhinha de rosto, presente afetuoso da Dona Eden, repousava em meu colo. "Enxugue suas lágrimas, querida", ela havia dito, palavras que flutuavam no ar como uma melodia de compaixão. Cada lágrima caía silenciosa, uma trilha molhada de despedida.

O suave murmúrio do motor do carro era a trilha sonora melancólica dessa viagem. A estrada estendia-se diante de mim como uma linha do tempo, marcada por marcos de dor e saudade. Na palma da minha mão, a toalhinha de rosto transformou-se em um artefato simbólico, um laço tangível entre o carinho da Dona Eden e a minha própria dor.

As lembranças retornavam com a ferocidade de uma tempestade emocional. Aquelas palavras firmes que troquei com a psicóloga Jenny ecoavam em minha mente. "Não voltarei mais às reuniões", declarei com convicção naquele dia, ignorando os apelos bem-intencionados da terapeuta. Eu pensava que minha força interior seria suficiente, mas agora reconhecia a fragilidade que permeava cada fibra do meu ser.

O carro seguia adiante, como se tivesse seu próprio impulso, enquanto eu mergulhava mais fundo em um redemoinho de recordações. Passando por um campo florido, revivi os dias de verão com Benjamin, o calor do sol acariciando nossas peles enquanto compartilhávamos sorrisos cúmplices. Agora, eram lembranças distantes, como se pertencessem a outra vida, ainda mais depois de tudo.

A toalhinha de rosto tornou-se um refúgio entre minhas mãos trêmulas, um pedaço físico do afeto de Dona Eden. Cada vez que eu a tocava, era como se estivesse em contato com a compaixão que ela desejava transmitir. O ato de enxugar as lágrimas tornou-se um ritual, uma maneira de aceitar a tristeza que agora me envolvia.

O aeroporto surgia à frente, uma estrutura imponente que representava tanto o ponto de partida quanto o ponto de chegada. A dor era tangível, mas havia uma determinação silenciosa em meu olhar. Estava pronta para enfrentar o desconhecida que se desdobrava diante de mim.

Ao estacionar o carro, olhei para o terminal, onde a espera me aguardava. Cada passo em direção ao aeroporto era como um passo em direção ao futuro incerto. Lembranças de despedidas e reencontros misturavam-se com a arquitetura do local, um testemunho de conexões e separações, um microcosmo da vida em constante movimento.

Minhas mãos apertaram a toalhinha de rosto com firmeza, como se pudesse extrair força dela. Respirei fundo, pronta para enfrentar o capítulo que se desenrolaria a partir dali. 

O aeroporto se tornou um cenário de expectativa carregada, a ansiedade pendurada no ar como uma nuvem densa. Meus olhos encontraram a figura reconfortante de Sarah, que vinha correndo até onde eu estava.

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