Cap. 14 - Consequências Parte 2

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Talvez eu tenha pegado pesado demais, mas onde ele está com a cabeça, me oferecer essa merda que está destruindo a vida dele, dia após dia? Respiro fundo e saio do quarto dele. Encontrei Júlio apoiado no vidro, de frente para praia. Estava na varanda observando o horizonte a nossa frente. Me junto a ele e ficamos em silêncio por um tempo, até ele começar a dizer.

— Sabe Jon, como seria as coisas se você não tivesse sumido por sete anos? Será que minha vida seria assim? Ou tudo seria diferente? Eu culpei você por todo esse tempo, pela vida que levo...

Ele respira profundamente e prossegue.

— mas o que você disse no banheiro agora pouco, foi um choque de realidade... Eu escolhi essa vida Jon, por mais que seja reconfortante culpar você por tudo... É tudo uma completa mentira que contei para mim mesmo. Como eu disse mais cedo, uso isso há muito tempo como escape, mas quando estou sóbrio, sinto necessidade constante de voltar a fumar. Minha mente fica inquieta, e é difícil me concentrar em qualquer coisa. As memórias parecem confusas, e às vezes parece que estou perdendo partes importantes da minha vida. Eu sei que preciso parar, mas ao mesmo tempo, não consigo imaginar minha vida sem essa fuga constante. Preciso de ajuda Jon!

Soou mais como um pedido de socorro do que tudo.

— Não sei a barra que você está enfrentando, mas estou aqui para te ajudar a se reerguer de novo. Conte comigo meu amigo.

Puxo ele para um abraço.

Não sei como, mas vou ajudar ele como eu puder...

Nos desenvincilhamos e indago com curiosidade.

— Quando foi a última vez que você entrou no mar?

— Tem muito tempo, por quê?

— Topa ir lá? Tenho um tempinho ainda, antes que meu pai me busque.

— Vamos nessa então...

Júlio diz empolgado.

— Antes de irmos preciso de uma bermuda e um chinelo, não dá para ir como estou.

— Seria muito estranho mesmo. Espera ai!

Ele sai e retorna com uma bermuda preta e um chinelo branco, vou ao banheiro me trocar. A bermuda ficou um pouco para cima do joelho, porém vai servir para sua função. Pego meus sapados do chão e calço o chinelo. Logo após deixo o banheiro.

— Valeu Júlio, vamos nessa?

Júlio assente.

Um tempo depois já estávamos indo em direção à praia, como é perto da casa dele, chegamos lá em alguns minutos. Tiro o celular do bolso e envio outra mensagem para minha mãe.


"Logo logo estou aí mãe, estou com saudades".

11:00


— Por que trouxe o celular Jon? Vai deixar isso com quem se vamos entrar na água?

Olho ao nosso arredor e vejo um grupo de quatro mulheres jovens, aparentavam ter a nossa idade. Elas estavam tomando sol pelo jeito.

— Com elas!

Aponto em direção as garotas.

Ele olha para elas, e retorna a me olhar.

— Você vai chegar nelas do nada e pedir?

— Esse é o plano!

— Quero só ver isso. Quando estudávamos você tinha muita dificuldade em chegar nas garotas.

Agente OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora