Cap. 27 - Conselho mágico

67 10 103
                                    

As palavras do Sussurrador ecoam em minha mente, deixando-me intrigado. Quem poderia ser esse intermediador? E qual era o propósito de tudo isso? Por mais que eu tente, nenhum rosto ou lugar familiar surge em minha mente, deixando-me frustrado e inquieto.

Cada passo em direção ao Sussurrador é como se eu estivesse carregando o peso de todo o mundo nas costas. Ainda que minha mente grite para resistir, a parte mais sombria de mim parece ceder, quase desejando o fim desta agonia interminável.

O estalo da língua do Sussurrador é como um sinistro lembrete de que o momento chegou. Estou prestes a enfrentar o inevitável, aceitando o meu destino. Cada pensamento, cada falha, cada perda, pesa sobre mim como uma carga insuportável.

- Faça o que tiver que fazer.

As palavras escapam dos meus lábios, pronunciadas com uma resignação sombria. Não tenho mais forças para lutar e nem motivo para prosseguir, nem mesmo contra a minha própria rendição.

O Sussurrador assente, como se soubesse que este era o desfecho predestinado. Com um comando silencioso, sou compelido a me aproximar ainda mais dele, como se estivesse caminhando voluntariamente para o abismo. Toda a escuridão do beco parece se fechar ao meu redor, envolvendo-me em um abraço gélido e implacável.

Um estrondo ensurdecedor rasga o silêncio, acompanhado por um clarão ofuscante que ilumina o beco como se fosse dia. O chão treme sob a força do impacto, ecoando a violência do fenômeno. Até mesmo o Sussurrador parece surpreso, seu semblante abalado por um instante de temor genuíno, como se jamais tivesse previsto tal acontecimento.

De dentro da resplandecente luminosidade, surgem duas silhuetas distintas. Gustavo e Bia emergem do centro da explosão de luz, seus contornos se delineando gradualmente. Encaram-se mutuamente, como se trocassem palavras que, dada a distância, me são inalcançáveis.

- Fique aqui parado.

A criatura, por sua vez, me ordena, e, por mais que eu tente, não sou capaz de mover um único músculo. Sou prisioneiro de minha própria incapacidade, espectador impotente do que está prestes a acontecer.

O clarão de energia que irrompe do corpo de Gustavo ilumina o beco com uma luminosidade quase ofuscante, pintando as paredes escuras com faíscas elétricas. As mãos do rapaz tornam-se centelhas vivas, dançando no ar como raios prestes a se abaterem. Bia, vestida em uma calça de couro que se ajusta perfeitamente a suas formas, parece uma figura saída de uma cena de batalha ancestral. Seus cabelos ruivos caem em cascata, fios flamejantes que parecem capturar o próprio fogo. Por um instante, nossos olhares se cruzam, e a sensação é como se o tempo suspensasse sua eternidade, nos oferecendo aquele momento de conexão silenciosa.

A criatura, confusa e momentaneamente desorientada pela súbita explosão de luz, tenta desaparecer e reaparecer perto de Bia. No entanto, Gustavo não hesita, e um raio brilhante corta o ar em direção à ameaça. O impacto é devastador, arrancando um grito agudo e agonizante do Sussurrador.

Bia desenha no ar um padrão misterioso com as mãos, movimentos graciosos como os de uma maestrina comandando uma orquestra invisível. Ao seu gesto, facas previamente suspensas no ar ganham vida, girando e reluzindo à espera de um alvo. O Sussurrador tenta escapar, iludindo-se com a esperança de evitar o inevitável. No entanto, as lâminas deslizam sobre o ar se aproximando de uma forma implacável, como se tivessem vida própria.

Com uma precisão impressionante, Gustavo emite outro raio, e as facas se tornam projéteis incandescentes, cortando o ar em direção ao alvo designado. A criatura emite um grito estridente, como se o próprio som da dor ecoasse pelos confins escuros do beco. Seu corpo se retorce, lutando contra a agonia imposta pelos golpes precisos.

Agente OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora