Cap. 30 - Escolhido

36 5 79
                                    

O tornado, maior e mais devastador, avançou sobre Gray com uma fúria renovada. Ele tentou levantar uma barreira de vento para se proteger, mas não foi o suficiente. A força do tornado rompeu sua defesa em segundos, lançando-o para longe enquanto as chamas consumiam tudo ao redor. Gray se encontrou no centro do tornado de fogo, preso no olho de uma tempestade que poderia matá-lo. Por um momento, a ideia passou pela minha mente, mas eu não queria acabar com ele. Isso era mais uma demonstração de poder, uma forma de apagar o sorriso arrogante do rosto de Gray.

Com um foco renovado, silenciei meus pensamentos e, em uma fração de segundo, movi-me até Gray. Foi como um piscar de olhos. Um momento ele estava no epicentro do tornado, no outro, eu já o segurava em meus braços, afastando-o do caos flamejante. Ele tinha algumas queimaduras no braço, seu rosto estava parcialmente chamuscado, e ele estava inconsciente. Mas ele estava vivo. Rapidamente, me movi para a outra extremidade da arena, distanciando-nos do tornado de fogo que ainda rugia. O poder em mim começou a diminuir, e eu sabia que esse momento de supremacia estava chegando ao fim. Mas, por ora, havia vencido.

Olho para a plateia. Os rostos ao redor variam entre surpresa e pavor. O murmúrio inquieto deles enche o ar, mas meu olhar se fixa em Bia. Ela me encara, fria como gelo, inabalável. Em contraste, o sorriso largo de Juliette me atinge como uma explosão de luz no meio da tensão.

Antes que eu possa reagir, ela já está no ar, voando direto para o tornado que ruge no centro da arena. Suas mãos fazem gestos rápidos, precisos, moldando o vento ao seu comando. Aos poucos, o turbilhão de ar se aquieta, até que restam apenas as chamas, agora diminuindo e finalmente morrendo. O silêncio que se segue é quase ensurdecedor. Ela pousa com graça e caminha na minha direção, uma expressão de admiração brincando em seus lábios.

— Impressionante, Jon. 

Sua voz carrega um tom leve, mas os olhos brilham intensamente. 

— Por um momento, achei que seria derrotado pelo tornado de Gray.

Ela pausa, franzindo levemente a testa como se tivesse acabado de lembrar de algo. Um brilho travesso passa por seu rosto.

— E pude notar que você omitiu a habilidade de absorver um ataque e redirecioná-lo. 

Seus lábios se curvam em um sorriso que me faz estremecer. — Isso é incrível, Jon.

Meu coração ainda batia forte da batalha, mas a menção ao Gray me traz de volta à realidade.

— Agora não é hora para elogios. 

Murmuro, apontando para Gray, desmaiado em meus braços. As marcas de queimaduras escurecem sua pele, e o calor da batalha ainda me queima nas mãos.

Juliette segue meu olhar, e por um breve momento, a preocupação cruza seu rosto.

— Já notifiquei os magos de cura. Eles estão a caminho. 

Ela olha para mim com um misto de curiosidade e análise.

— Você deve estar exausto. Pode colocar Gray no chão, seus braços devem estar cansados.

Ao ouvir isso, percebo que, na verdade, ele não parece tão pesado quanto deveria. Ou... será que sou eu que fiquei mais forte? Ignorando essa dúvida momentânea, ajoelho-me lentamente e coloco Gray com cuidado sobre o gramado.

As vozes na arquibancada aumentam em volume, e escuto trechos de conversas se espalhando como fogo por entre a multidão.

— Você viu isso? Ele controla mais de um elemento! 

Uma garota exclama, os olhos arregalados.

— Será que ele é o Agente da profecia? 

Um rapaz questiona, a voz cheia de suspeita.

Agente OcultoOnde histórias criam vida. Descubra agora