— Quero que pare de encher a cabeça dele com suas teorias loucas!
A voz de Juliette rasga o ar como um trovão, e o ambiente responde ao seu comando. Uma corrente de ar começa a girar ao redor dela, uma manifestação física de sua raiva crescente.
— Capitã, eu não disse nada!
Cristina responde com a voz trêmula, quase inaudível.
— Ele apenas pediu os livros emprestados, e eu emprestei... não é esse meu trabalho como bibliotecária?
— Não me importa!
Juliette avança um passo, sua presença sufocante.
— Se eu descobrir que está tendo "conversinhas" com ele... entregar livros será seu último trabalho.
O tom de ameaça se eleva no final da frase, e o ar ao redor parece sibilante. Em um segundo, lâminas invisíveis cortam o espaço. O som afiado das rajadas de vento despedaça as mesas de madeira como se fossem feitas de papel. Metade das mesas caem ao chão, partidas ao meio, espalhando estilhaços.
— Tudo bem, capitã. Me perdoa, por favor.
Cristina se encolhe, mais frágil a cada palavra.
Juliette a observa por um longo momento, seus olhos faiscando com a fúria que ainda não se dissipou por completo.
— Dessa vez passa, Cristina. Mas não espere que serei tão piedosa da próxima vez.
Com essas palavras, Juliette inspira fundo, controlando sua raiva, e vira as costas, saindo da biblioteca. O som de seus passos ecoa pelo corredor até desaparecer.
Cristina solta o ar que parecia prender nos pulmões, sua postura relaxa, mas apenas por um instante. Ela ergue a cabeça lentamente e olha diretamente para onde eu estava observando. Um pequeno sorriso surge no canto de seus lábios.
— Parece que alguém herdou habilidades de projeção de consciência... Isso é bom, muito bom Jon.
Diz ela, de forma que me desconcerta.
A mulher que há pouco estava encolhida de medo, agora me encara, visivelmente tranquila e até satisfeita. O choque me atinge em cheio, e com um tremor involuntário, me vejo de volta ao meu quarto, sentado na cama. Meu coração ainda martela no peito, e uma pergunta lateja em minha mente.
Como ela pode me ver, se eu não estava lá de verdade? Penso, confuso.
"Essa Cristina, sempre causando entretenimento..."
A voz sussurra em minha mente, rindo.
— Você a conhece?
Pergunto, num murmúrio quase inaudível.
"Sim... aquela velha tem mais de 100 anos. Eu a conheci, e ela me ajudou bastante".
— O quê? O que ela é, afinal?
Pergunto, tentando entender o absurdo que estou ouvindo.
"Ela é uma Anciã do Tempo. Ela viaja pelas sombras do tempo, assumindo inúmeras identidades e colecionando segredos. Sempre que for necessário, ela virá até você sob diferentes rostos. Guardiã de segredos entrelaçados com o tempo... Ela é como uma bruxa".
Minhas sobrancelhas se arqueiam, o ceticismo me preenche.
— Bruxa? E você quer que eu confie nela? Bruxas não são... más?
"Isso é relativo Jon, algumas são, claro. Mas essa é diferente. E, acredite, ela vai te ajudar quando precisar".
As palavras da voz fazem pouco sentido, mas algo em mim reconhece a verdade nelas. E então, outro pensamento surge.
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Agente Oculto
FantasyEm um mundo onde as pessoas fazem o que querem sem se importar com as consequências. Alheias de que existe um lugar escondido, regido por um conselho mágico, e seus agentes que protegem os mortais, de criaturas sombrias e de toda criatura que possa...