[𝟎𝟑] 𝐈𝐍𝐄𝐅𝐀𝐕𝐄𝐋, au pejão

cinco

PEDRO AUGUSTO, point of view
São Paulo, Brasil

a cerimônia começaria em alguns minutos, e a premiação logo após. eu estava concorrendo junto de outros dois alunos: um que começou em 2017 e outro em 2018.

apesar de ser algo para se ficar feliz — afinal, esse é o prêmio mais importante da melhor faculdade do mundo, cujo qual, além do certificado, ganha-se também uma viagem para paris — eu estava quase chorando, ajoelhando, implorando para que ravi saísse daquele maldito bar.

— ravi, por favor... – peço baixinho, afim de não chamar atenção de ninguém ali. — não é hora de ficar bêbado, por favor, você está fedendo a álcool puro.

ele apenas dá de ombros, degustando ainda mais daquela bebida que eu não quero nem sonhar em sabe o que é.

— por favor, meu amor – peço novamente. — vamos lá no banheiro passar uma água no rosto, hm? 

— para de ser tão chato, pedro. – ravi murmura, com a beira do copo na boca.

arqueio minhas sobrancelhas, respirando bem fundo para não surtar.

eu já perdi as contas de quantas vezes fiz isso hoje.

— será que você pode ter pelo menos um pouco de consideração por mim e entender que eu te trouxe pra premiação mais importante da minha vida? 

— pare de agir como se você já tivesse ganhado aquele prêmio idiota.

meus olhos se enchem, mas me recuso a chorar na sua frente. 

quando ele finalmente parece perceber que aquilo realmente está me magoando, ele bufa.

— tudo bem, amor. – ele acaricia meu rosto, mas me apresso em retirar sua mão dali — essa aqui é a última, prometo.

— eu vou ao banheiro, a cerimônia começa em cinco minutos. – digo, olhando para o relógio em meu braço. — e é bom você tirar essa cara de bêbado e estar onde realmente deveria quando eu voltar. – me afasto dele.

na real, eu sequer queria ir ao banheiro, apenas não estava afim de chorar em sua frente. 

porque parece que ele insiste em me magoar, em me deixar mal. e quando ele vê que teve o que queria, ele simplesmente para.