[𝟎𝟑] 𝐈𝐍𝐄𝐅𝐀𝐕𝐄𝐋, au pejão

doze

PEDRO AUGUSTO, point of view
São Paulo, Brasil

— odeio que nessas suas viagens você sempre arruma um novo alguém: pra nova york, você me aparece namorando. agora pra paris, vai ser o quê? uma nova melhor amiga? nossa, mas se você sonhar em me trocar, eu juro que eu te mato! – malu se exalta pelo outro lado da linha, fazendo-me rir.

— isso tudo é ciúmes?

— explode, augusto, explode.

— ei! eu não sou louco de desperdiçar a chance única de ter você como melhor amiga, maluca. – respondo, ouvindo um "ownt" da garota. — até porque são só três dias de pura entrevista com uma galera, infelizmente não vou ter tempo de te trocar

— eu vou ai na sua casa te espancar, espera ai.

— eu 'tô brincando! – digo rindo ao ouvir o barulho de chaves.

— hum, fica nessa. – malu diz.

continuamos conversando até que minha atenção desvia para a buzina que soa pelas ruas.

— tenho que ir, malu! prometo te ligar assim que chegar no hotel.

— tudo bem – ela suspira — eu amo você, beijinhos!

— eu também, beijos! – e então a chamada é encerrada.

vou até meu quarto buscar minhas malas, deixando para a última hora conferir meus documentos. irresponsável? sim, mas estavam todos ali.

respiro fundo ao notar ravi deitado na cama.

mexendo no celular.

de pijama.

— amor? – o chamo, mas ele sequer olha para meus olhos, apenas murmura um "hm?" — cadê suas malas? por que você ainda está de pijama? – pergunto e, apesar de querer esgana-lo, eu digo tudo em um tom calmo.

— malas para o quê, exatamente?

céus.

— você está zoando? é sério isso? – questiono, respirando bem fundo. — ravi, hoje é a nossa... a minha viagem para paris. é uma viagem muito marcante na minha vida, isso é muito importante pra mim, e você está assim, deitado. sério?