[𝟎𝟑] 𝐈𝐍𝐄𝐅𝐀𝐕𝐄𝐋, au pejão

treze

PEDRO AUGUSTO, point of view
Paris, França — 28/06/23

quinta-feira, o último dia da viagem.

aliás, eu iria para um último encontro, hoje com o diretor de uma peça super famosa aqui da frança, le fils, e após isso eu voltaria para o brasil.

sinceramente, se alguém me perguntar como eu estou me sentindo, esse alguém morreria esperando uma resposta concreta: eu não faço ideia de como me sinto, ou de como deveria me sentir.

o mais estranho de isso tudo é que, nos dois primeiros dias, eu ansiava para voltar ao brasil e resolver tudo isso.

como eu resolveria? não faço ideia.

mas agora, sabendo que em algumas horas eu estaria de volta em são paulo, me faz querer prolongar meus dias aqui.

de qualquer forma, eu me lembro daquilo que malu sempre me diz, desde os meus dezessete anos: fugir do problema não faz ele se resolver.

— ei! – ouço uma voz feminina atrás de mim, e me viro encontrando com mari, uma das organizadoras da minha viagem e, consequentemente, uma amiga. — eu te chamei três vezes e você continua aéreo ai.

— desculpa. – peço.

— tudo bem. – ela me olha. — aliás, 'tá tudo bem? a gente 'tá em paris e você parece triste!

— 'tá tudo bem sim, obrigado.

ela se aproxima de minha cama, onde eu estava sentado admirando a vista da varanda. mari se senta ao meu lado, me abraçando de lado.

— não é o que parece – disse. — quer que eu desmarque o encontro? acho florian entenderia numa boa...

— não, de jeito nenhum! – falo rápido. — eu estou bem, mari. eu prometo. – afirmo, sorrindo para ela, recebendo um outro sorriso como resposta.

∞

— passou rápido, né? – mari diz assim que estaciona seu carro.

estávamos no aeroporto de orly. mari insistiu em me trazer, já que não me acompanhará no vôo por morar aqui, na frança.

— demais! – concordo, sorrindo. — mas foi tão bom, queria que durasse mais.