JOÃO VITOR, point of view
São Paulo, Brasiltrês semanas.
em apenas três semanas, eu consegui virar a minha vida de cabeça para baixo.
óbvio, tudo isso roda em torno de uma razão, ou pessoa.
mas, eu não posso culpar pedro pelas merdas que eu andei fazendo, mesmo que ele seja o motivo principal; eu consegui perder fernanda e pedro, tudo isso por não conseguir separar as coisas.
ou as coisas realmente estavam caóticas, ou tem algo de errado comigo.
— joão..?
volto à realidade ao notar renan estralando os dedos em frente meu rosto.
— oi? desculpa – pisco algumas vezes.
— ok, eu já percebi que isso não vai nos levar em lugar nenhum – renan diz, fechando seu notebook.
era a quinta vez que isso acontecia.
— não, renan...
— joão, você tem poucos meses 'pra encerrar esse álbum e até agora você só tem rascunhos de músicas semi-prontas! – renan diz, levemente estressado. — eu sinto muito, sei que você quer abrir novos ares na sua carreira e tudo mais, mas se você não consegue se comprometer com algo tão grande como esse novo álbum, não se arrisque. – ele bufa. — a gravadora está há meses enchendo o nosso saco com isso e você ainda faz o favor de não se dedicar nem 50%?
— desculpa, é só que... – tento pensar em alguma desculpa, mas nada vem. — ah, deixa. eu vou prestar mais atenção agora, prometo.
— tudo bem, esquece isso. – renan diz, agora mais calmo. — o que 'tá acontecendo? você anda aéreo faz muito tempo já – ele deixa seu notebook na mesinha de centro. — olha, se lembre que, antes de artista e empresário, nós somos melhores amigos.
ele me encarou, esperando que eu começasse a falar.
— você já sentiu como se tudo o que faz é extremamente errado e prejudicial para os outros, mesmo você dando o seu melhor? – começo, vendo-o assentir. — é como se, tudo o que eu fizesse machucasse as pessoas, mesmo que essa não seja a minha intenção, e eu me esforço 'pra não ser. mas, eu continuo fazendo muitas e muitas merdas.
— que tipo de merdas? – renan pergunta já preocupado, provavelmente imaginando que fosse algo relacionado a minha carreira.
— tipo receber um buquê do meu ex e entregá-lo para minha, agora ex, ficante – renan abre a boca em um perfeito O — tipo não saber separar o passado do presente e fazer com que isso machuque os outros. tipo conseguir estragar todas as minhas relações, tipo... –
— joão! não, 'peraí – ele me interrompe, se ajeitando em meu sofá. — você recebeu flores do pedro?
— sim.
— e entregou as flores que ele te deu... 'pra fernanda..?!
— meio que sim.
— e então vocês "terminaram"? – fez aspas.
— isso.
— puta que pariu. – ele tapa a boca com as mãos.
— e ainda tem a porra da gravadora pegando no meu pé com esse álbum e...–
— não, espera um pouco! cala a boca, deixa eu processar o que 'tá acontecendo. – renan diz, e então eu me calo.
um, dois, três...
cinco minutos e então ele volta a falar.
— ok – renan diz. — como assim você não está sabendo separar o passado do presente?
— eu não sei explicar – respondo. — é como se eu sentisse falta de alguma coisa do passado e deixasse que isso afetasse coisas no meu presente.
— de alguma coisa ou de um alguém?
— alguém, definitivamente alguém – respondo rápido.
— e você acha que isso possa ter algo a ver com o pedro? – renan pergunta, um pouco hesitante.
— esse é o problema – falo. — eu não sei, e mesmo se soubesse, não teria como eu fazer nada a respeito.
— como assim?
— o pedro 'tá namorando.
— mentira? – perguntou, coçando a nuca. — nossa, eu preferia morrer do que estar no seu lugar.
— uau, obrigado! – ironizei.
— amigo, olha – ele começa. — você tem duas opções, primeira: você ignorar isso e se remoer até sabe-se lá Deus quando por nunca ter conversado com pedro sobre isso, porque vai que ele esteja sentindo o mesmo, né, nunca se sabe...
— e a segunda?
— a segunda é você tomar vergonha na cara, pegar seu celular agora, ligar 'pra ele e mandar a real. – ele dá de ombros. — ah, e fale com a fernanda também – prosseguiu. — tenho certeza que o "término" de vocês ela deve ter falado, falado, falado e você ficou com essa cara ai.
penso comigo mesmo o quão certo renan está, afinal, eu não tenho mais nada a perder.
e se der errado, bom, é só mais uma inspiração para meu novo álbum.
— renan, você é um gênio.
— eu sei. – ele se exibe, fazendo-me revirar os olhos. — e então, eu não fiz esse discurso ridículo atoa. o que você vai fazer?
encarei a mesinha de centro, onde estavam o notebook de renan e meu celular, junto de um tanto de caderno com anotações.
respirei fundo, umideci os lábios e, por fim, decidi:
— pega o meu celular ai, por favor?
O11 | preciso de amigos igual o nanam 😔☝🏻
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[𝟎𝟑] 𝐈𝐍𝐄𝐅𝐀𝐕𝐄𝐋, au pejão
Fanfictiononde após uma premiação de pedro, joão lhe manda flores. 𝘁𝗲𝗿𝗰𝗲𝗶𝗿𝗮 temporada. jan. 11th © writeepejao, 2024