[𝟎𝟑] 𝐈𝐍𝐄𝐅𝐀𝐕𝐄𝐋, au pejão

oito

JOÃO VITOR, point of view
São Paulo, Brasil

alguns dias se passaram após o ocorrido das flores. confesso que me sentia muito babaca por ter simplesmente dado as flores que pedro comprara pra mim, para fernanda.

falando nela, fernanda passou essa semana aqui em casa. nossa relação está se deixando levar, como se fosse uma amizade colorida — mesmo que não peguemos ninguém além de um ao outro. 

e é louco porque, durante esse tempo juntos, eu realmente achei que seria péssimo ter uma relação mais pra amizade com a garota. 

mas, sendo bem sincero, eu estou preferindo assim.

saio do banheiro após tomar uma ducha quente. me visto e sigo para meu quarto secando os cabelos. assim que termino tal movimento, encontro fernanda olhando pra mim com um sorriso.

— o que foi? – pergunto, sorrindo junto. — por que 'cê tá me olhando assim?

— hum? nada não... – ela diz, desviando o olhar. 

— ok, o que 'tá acontecendo? – perguntei, me sentando na beira da cama onde ela estava deitada.

 ela se levanta, me encarando a altura, mesmo sendo centímetros mais baixa que eu. 

— eu tenho notado que você 'tá um pouquinho estranho esses dias, joãozinho – ela diz. — eu não gosto de supor as coisas, mas eu acho que tenha tudo a ver com aquela noite que a malu te tirou de casa do nada. – fernanda relembra e eu rio. — não sei e nem quero saber o que aconteceu naquela noite, mas suponho que você esteja afim de outro alguém... eu 'tô certa?

meu corpo gelou ao ouvir tal suposição, até porque, eu estava mais confuso do que tudo.

o olhar de fernanda não exalava qualquer sentimento ruim, muito pelo contrário! ela me olhava com carinho, como se dissesse "não precisa mentir pra mim."

pedro está namorando, eu não posso estar apaixonado por ele.

mas em que universo eu consigo controlar minhas emoções?

— talvez – assumo. — eu não sei, nanda. tô muito, muito confuso.

ela solta uma risadinha, batendo na própria testa.

— sabia, eu deveria ter apostado com você, cantorzinho. – ela diz, fazendo-me rir. 

— fernanda, eu... – 

— eu gosto de você, joão, gosto muito mesmo! – ela sorri. — mas, sabe, eu acho que combinamos melhor como amigos, né?

— eu sinto muito, fernanda...

— não precisa ficar desconcertado, joão. eu não estou brava com você – a garota diz, sorrindo carinhosamente. — sempre soube que esse achismo todo teria uma certeza e, bom, acho que a certeza é essa. – ela se aproxima, deixando um beijo em minha bochecha. — eu ainda gosto muito de ti, mas acho que já deu da gente – ela dá de ombros. — por isso, você infelizmente não terá a honra de me ter como namorada. – a garota brinca, me dando um soquinho no braço.

me dói muito saber que algo do meu passado ainda afete o meu presente, e que sua presença ou ausência, por mais que eu não queira, tem total efeito sobre mim.

e novamente me sinto mal.

mal porque, eu realmente achei que estava bem sem pedro, que estava bem com fernanda e que nada sobre meu antigo relacionamento ainda me atingiria.

quando fernanda nota meu olhar triste, olhos banhando em lágrimas, ela me puxa para um abraço. 

por outro lado, eu estava feliz. feliz porque, eu tive o prazer de me envolver com uma das mulheres mais incríveis e compreensíveis desse mundo.

nosso fim não foi o pior, muito pelo contrário. me sentia bem por saber que terminamos assim, sem resquícios de rancor.

porque às vezes, a pessoa certa vem, só que no momento errado.

OO8 | nós mulheres meio jão: sem olhante, sem conversante, sem ficante, sem namorado
sem nada 😔😔😔

E AQUELE BEIJO EMMMMM