A Festa

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O carro preto parou em frente a entrada principal da casa dos Freire, Juliette saiu rápido do carro, nem esperou por seu motorista para abrir a porta, apenas queria chegar logo em sua casa, ir até seu quarto e fazer algo para aliviar a culpa que sentia naquele momento.

Quando seus saltos entraram em contato com o chão de porcelanato do saguão, a morena trilhou um caminho rápido até às escadas da casa, queria seu quarto, sua cama e sua Bíblia, talvez fazer um devocional a ajudasse a amenizar todos os pensamentos conflitantes em sua mente.

:- Juliette? - a voz de Fátima ecoou pela casa vindo da Sala de TV. Juliette parou seus passos no terceiro degrau e encarou o corredor.

:- Sim, mãe?

:- Venha cá querida, como foi a escola? - a voz de sua mãe era macia enquanto tentava dar a atenção que podia para sua filha.

O escritório de advocacia da Família Freire era um dos mais requisitados do país, o sucesso no trabalho que os pais de Juliette realizava resultava em que ambos não ficassem muito em casa e, quando estavam, não saiam muito do escritório, e assim Juliette quase não os via. Por esse motivo, sempre que estava em casa, Fátima tentava de alguma forma estar mais com a filha, participar de sua vida e compensar um pouco do tempo que perdia ao seu lado.

:- Chegou mais tarde hoje. - a mais velha diz quando a imagem de Juliette surge na entrada da sala de TV. - Quer? - oferece uma caixa de bombons que comia. - São aqueles Suíços que você gosta.

A mais nova largou sua mochila no chão forrado pelo carpete, foi até sua mãe e sentou ao seu lado. Pegou o chocolate Suíço e levou até a boca sentindo a explosão única de sabores que somente aquele chocolate tinha. Suspirou.

:- E então? - Fátima encara a garota.

:- Hoje dei um treino após o período de aula, por isso cheguei mais tarde. Estão chegando os intercolegiais. - diz desanimada e pegando outro bombom.

:- Os intercolegiais? - observa Juliette apenas assentiu enquanto comia outro bombom. - Que ótimo! - diz empolgada. - Sei que ama esse época do ano. - Juliette apenas assente. - Mas você não me parece muito animada, aconteceu alguma coisa?

:- Não estou tão confiante com a nossa vitória como estava a uma semana atrás. - seus ombros caíram frustrados e deitou sua cabeça no encosto do sofá relaxando seu corpo cansado.

:- E porque não?

:- Tivemos que aceitar novas meninas no time, estamos começando o treinamento todo do zero. Elas não sabem nada de handebol. Como a diretora quer que fiquem prontas em um mês? - a indignação em sua voz era quase palpável. - Não faz o menor sentido, se ela queria que todo o colégio participasse, deveria ao menos ter anunciado no início do ano, talvez assim cada equipe teria tempos de se organizar melhor, agora nós deveríamos estar intensificando os treinos do time principal, mas não estamos, porque temos que treinar pessoas que claramente nunca tiveram contato com nenhum objeto esférico na vida.

:- Filha, não fala assim. - comenta segurando o riso. - Pelo que parece elas também não escolheram estar nos times.

:- Mas é verdade mãe, não imagina o quanto eu, Pocah e Carla estamos sofrendo para tentar chegar nos intercolegiais com essas meninas ao menos sabendo as regras básicas do jogo. - sua voz era decepcionada.

:- Pense pelo lado bom. - a mais velha sorri e Juliette a encara duvidosa tentando entender onde havia um lado positivo em tudo aquilo. - Agora você terá um time maior, futuramente, se elas se adaptarem bem, poderão participar de torneios maiores.

:- Não sei não. Elas são realmente muito ruins. - nega com a cabeça novamente em decepção. - E há uma garota que consegue ser o recorde entre todas elas. - suspira cansada.

Tentação - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora