Café da Manhã

791 102 117
                                    

Com a chegada da manhã de domingo, o sol forte iluminava a cidade naquele dia. No quarto da filha dos Freire, Juliette mexia sobre a cama, rolou de um lado para o outro tentando diminuir o incômodo em sua cabeça latejante. Com dificuldade sentou e, ao fazer, sentiu sua cabeça pesar uma tonelada. Ao abrir os olhos ela se arrependeu amargamente quando a dor fina e intensa percorreu toda a parte posterior de seus olhos até o fundo de sua cabeça. 

A missão de sair da cama e ir até o banheiro lhe pareceu a pior de todas, seus passos eram vacilantes, seu corpo parecia pesado, o banheiro nunca pareceu ser tão distante como naquele dia e, ao finalmente chegar até lá, se permitiu ficar uma eternidade debaixo da água quente enquanto tentava recuperar seu estado de equilíbrio.

Quando saiu do quarto, estava vestida apenas com uma blusa grande e larga que ia até metade das suas coxas na cor azul bebê, seus cabelos ainda estavam úmidos e seus pé calçavam uma pantufa branca. Andou pelos corredores e desceu as escadas  buscando por seus, afinal era para eles terem chegado naquela manhã da viagem de negócios. Ao chegar ao primeiro andar, logo sentiu o cheiro de biscoito recém assado, os biscoitos de chocolates que ela tanto gostava quando sua mãe preparava.

Caminhou até a cozinha onde escutavam as vozes de uma conversa animada, queria comer algo para sanar a dor em seu estômago e pedir a sua mãe algo para aliviar a dor em sua cabeça.

:- Ah, olha só quem acordou. - Fátima diz animada. Uma animação um tanto exagerada para uma manhã de domingo. - Aceita mais alguma coisa querida? - a pergunta da mais velha foi dirigida a alguém, mas claramente não foi para Juliette, o que deixou a garota completamente intrigada. Será que havia visitas em casa e sua mãe não a avisou?

Ao cruzar o batente da porta, sua dúvida foi instantâneamente sanada, os cabelos loiros rebeldes, a calça de couro justo na cor preta e cropped da mesma cor. O olhar verde veio até ela a analisando, parou por alguns segundos quando encontrou o olhar castanho. A troca de olhares era silenciosa e contínua e assim se manteve até Sarah interromper voltando a encarar a Freire mais velha.

:- Não quero mais nada senhora Freire, muito obrigada. Já estou satisfeita. - sorri carinhosa para toda a hospitalidade da mais velha.

:- Tem certeza? Posso preparar mais biscoitos para você. - diz animada já levantando pra ir até a bancada. - Vi que gostou bastante desses. - Fátima indica a forma onde assou os biscoitos de chocolates e que agora estava incompleta com menos da metade dos biscoitos.

:- Tenho certeza sim, preciso ir pra casa. - a loira avisa ao levantar. - Quer ajuda para tirar a mesa? - pergunta já juntando algumas talheres e copos.

:- Não, não, deixe aí. - Fátima corre e recolhe os objetos que Sarah juntava em suas mãos. - Não precisa, por favor.

:- Certo. - a mais nova preferiu não insistir. - Meus pais logo chegam de viajem e eu tenho que estar lá, gostam de me ver quando chegam.

:- A é verdade. - Fátima concordar ao recordar das conversas que trocou com Sarah naquela manhã. - Entendo, também gosto de chegar e ver Juliette em casa, não é filha?

E assim os dois pares de olhos encaram a garota de cabelos castanhos que ainda estava parada na entrada da cozinha. Juliette ainda tentava digerir aquela informação de ter Sarah Andrade em sua cozinha comendo e conversando animadamente com sua mãe.

:- O que você está fazendo aqui? - a pergunta seca foi direcionada para Sarah.

:- Juliette!! - o olhar sério de Fátima quase cortavam a garota de cabelos castanhos e úmidos. - Me desculpe, ela sempre acorda de mau humor.

:- Tudo bem. - Sarah respira pesado e encara Fátima. - Acho que isso foi o mais educado que ela já chegou a falar comigo. - a loira diz sorrindo em ironia e outro olhar sério de Fátima foi direcionado a Juliette, a morena apenas deu de ombros e cruzou os braços encarnado as duas.

Tentação - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora