Tēllōs-Ürg
Andei pelo corredor com um sorriso no rosto que não conseguia suprimir, eu estava descalço carregando minhas botas nas mãos, até a sensação do chão de madeira sob meus pés parecia quase que aveludada, o fraco vento que percorria o corredor parecia macio quando tocava minha pele, eu inteiro parecia estar mergulhado em uma atmosfera doce e confortável, e a culpa disso era dele, do elfo que roubou meu coração. Logo cheguei novamente diante da escadaria que subia para o andar de meu quarto, observei a escada ao lado que descia para a caverna, e todas as lembranças ali retornaram a minha mente, eu tentei não pensar pois sabia que meu corpo reagiria, então respirei fundo e dei um passo para frente ignorando a escadaria, quando ouvi um som de urro, imaginei que Undrōs estivesse bêbado na mesa onde havia ficado quando me retirei, então segui pelo corredor e fui até o salão da taverna, mas ao invés de ver meu irmão bêbado, vi na verdade ele consolando o que parecia ser um fauno. Não conseguia entender o que estava ocorrendo, mas notei que meu irmão parecia sóbrio, diferente do homem com orelhas de cavalo e cabelo vermelho que parecia ter bebido além da conta. Preferi não me demorar, ou me meter nos assuntos de Undrōs, logo segui para o meu aposento onde Mälldrō ainda estava acordado, mal pisei dentro do lugar e ele já estava com os olhos em mim.
- Finalmente ! Achei que ia passar a noite na tal caverna - disse meu irmão.
- Que noite meu irmão... Que noite - falei me jogando na cama que rangeu com meu peso.
- O Elfo estava com você ?
Não respondi, mas o sorriso no meu rosto falou por mim.
- Agora entendo o porquê da demora - afirmou ele gargalhando.
Não me importava com suas implicâncias, só queria dormir para ver Lûnōrïon o quanto antes.
Enquanto o Orc aos poucos caía em sono profundo, seu irmão mais velho ainda lidava com Hēdrüs, que agora estava tombado sobre a mesa de madeira da taverna. O fauno havia afundado sua derrota em álcool, e Undrōs não quis o abandonar sozinho ali.
- Você já bebeu todo o meu caneco de cerveja, e os demais que estavam na mesa você já secou também - falou o Orc com sua voz grossa em tom firme porém com uma ponta de preocupação.
Ele esperou a resposta vir mas o fauno bêbado não emitiu nenhum som, sequer se moveu, e logo Undrōs entendeu que ele já havia adormecido, seja por exaustão ou por embriaguez. Ele sabia que não viria nenhum serviçal ajudá-lo se o deixasse ali, de tal modo que se levantou e foi ao lado do corpo tombado sobre os canecos vazios e o sacudiu tentando o acordar. Mas sua tentativa foi em vão, e não vendo outra opção ergueu o corpo de Hēdrüs em seus braços, e seguiu até o andar onde estavam seus aposentos.
- Äntrōs ! Está acordado !? - ecoou forte a voz do Orc.
- A porta estava aberta, era só ter a empurrado - falou seu irmão quando abriu a porta do quarto e se deparou com o primogênito carregando um enorme corpo em seus braços - Você o matou ?
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A Jornada Dos Quatro Orcs
FantasyQuatro irmãos Orcs e seus companheiros saem numa jornada mítica em busca de seus próprios caminhos e lares, marchando por terras onde nunca haviam ido, desenvolvendo seus interesses pessoais e passando por desafios em suas tragetórias, descobrindo s...