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ÀS VEZES SOMOS ASSIM, inexplicáveis. É comum tomarmos decisões precipitadas, até mesmo idiotas, então o arrependimento bate e depois de um tempo é tudo no que conseguimos pensar. É como são os seres humanos, complexos de mais, cheios de nuances.
Nós não gostamos de acordar cedo todos os dias e estudar/trabalhar, mas fazemos mesmo assim; pessoas sedentárias não amam praticar exercícios, mas fazem isso, para preservar a saúde; amamos comer doces, porém, não podemos fazer isso o tempo inteiro. Do mesmo modo, eu não queria ter que falar com Jisung, mas quando a oferta surge, eu aceito mesmo assim, porque preciso colocar um ponto final nessa história.
Não gosto da situação, detesto a maneira como nós estamos agora. Nos afastamos do portão principal, mas permanecemos dentro dos arredores do colégio. Há banquinhos de praça ao lado esquerdo da fachada, é para lá que nós vamos.
Sento-me em um dos lugares vazios, cruzo meus braços feito uma criança birrenta - me tornando a espécie que mais odeio - e espero que ele comece a falar. Jisung primeiro senta comigo, ou melhor, ao meu lado. Deslizo pelo assento até a ponta, preservando a distância. Logo depois, vira para mim, mas não consigo encarar os seus olhos.
Sinto vontade de subir nas suas costas e o bater até ele se arrepender do que me fez, mas nada do que eu faça consegue apagar isso. Ao mesmo tempo, tenho a sensação das lágrimas esperando nos meus dutos lacrimas, prontas, apenas desejando a oportunidade perfeita para escaparem e me deixarem com a imagem de idiota completa. Se bem que já me sinto assim.
- Como você está? - ele pergunta.
Não é como se ele se importasse realmente com isso. Se tivesse a mínima consideração por mim, teria pelo menos me contado a verdade.
- Você quer dizer antes ou depois de descobrir que me fez de idiota esse tempo todo, enquanto eu achava que o culpado daquilo era o Minho? - questiono, cheia de mágoas. O trato exatamente como tratei o Lee. Estou cheia disso.
Han suspira. Eu solto uma risada irônica. Está cansado? Não faz ideia de como me sinto.
- Eu quero falar com você de verdade, Yoonjoo. Sem sarcasmos e ironias. Por favor, vamos falar objetivamente. - ele pede, como alguém que tem moral para exigir algo. Nós sabemos aqui que não é o caso. - Tenho algo importante pra te dizer. - é como tentar me comunicar com uma máquina: há respostas, porém não há o menor sinal de emoção.
É como receber um tapa na cara. Ver ele me tratando assim, com frieza e distância, somente prova que eu sou a única que ainda mantém sentimentos no meio de toda essa história. Porque seja amor ou ódio, não deixam de ser um sentimento.
- Pode falar. Estou ouvindo.
Sinto-me envergonhada.
- Você já deve saber que eu saí do clube. - ele pontua, iniciando o assunto. Neste ponto, não sei o que esperar da conversa, o que é estranho, já que é sua primeira declaração. - Todo mundo já está sabendo do que eu fiz, se isso te consola de alguma forma.
