A chantagem

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Já  se passaram três meses.  Juliette e Rodolffo vivem um relacionamento normal para um casal de namorados.

Muito chamego, muitas horas de estudo em conjunto, muito tudo, porém de há um dias para cá Rodolffo notou uma certa diferença.

Juliette estava mais introspectiva e menos sociável.

Na biblioteca não tinha como fugir, mas fora disso inventava sempre uma desculpa para não sair com ele.

- Não posso, tenho que ajudar a minha mãe.
- Não posso, tenho que fazer isto ou aquilo.

Rodolffo não entendia o que tinha provocado esta mudança.  Até a carona dele ela dispensou.

Hoje enviou-lhe uma mensagem de que esperava por ela na biblioteca. Não adiantava ela não aparecer pois ele iria até onde ela estivesse.

- Quero saber o que se passa.   Eu fiz algo de errado?

- Não.  O problema é comigo mesma.

- Qual é o problema, então?

- Quero terminar.  Não quero continuar nesta relação.

- Porquê Ju.  O que fiz?

- Já disse que não fizeste nada.  Sou eu mesma que não estou confortável na relação.

- Tens outra pessoa?

- Sim.  Gosto de outro.

- Quem é?

- Não adianta.   Não vou dizer.

- Lamento muito.  Felicidades.

Rodolffo deixou Juliette que imediatamente desabou num choro.

Segundos depois ele entrou novamente na biblioteca e disse:

- Vou esclarecido mas não convencido e pelas tuas lágrimas eu sei que estou certo.  É pena não confiares em mim.

Juliette abandonou a biblioteca,  foi ao banheiro, passou àgua no rosto e seguiu para a próxima aula.

Faltavam dois meses para ela se formar.  Já tinha escolhido o vestido que ia usar no baile de formatura e juntamente com Rodolffo o seu terno.

Agora, não tinha mais Rodolffo,  então não estava tão animada.

3 semanas atrás

A professora de anatomia pediu para falar comigo no final da aula.

- Vou falar sem rodeios e não poupando palavras.

Sei que tu e Rodolffo são namorados mas eu quero ele pra mim.  Vais-te afastar dele ou eu boicoto as vossas notas.
Tu estás a terminar e podes ter que repetir o ano e ele igual.

- Não pode professora Aida.  Eu vou-me formar dentro de dois meses.

- Posso e vou.  E ainda posso levar outro professor a fazer o mesmo pois está caídinho por mim.  Faz o que eu mandar.

- Eu faço queixa de si.

- Experimenta.   Enquanto averiguam, tu já  chumbaste e depois só te resta repetir.
E sempre posso dizer que me coagiste a dar boas notas.

- Porquê eu?

- Eu estava de olho nele e tu meteste-te no meio.
Nós conversámos algumas vezes e eu sei que ele gosta de mim.

- Eu não vou terminar com ele.

- A escolha é tua.

Dias actuais

Resolvi que ia entrar no jogo dela mas à minha maneira.   Ia magoar o Rodolffo mas espero que ele me perdoe.

Esperei a aula terminar para falar com ela e liguei o gravador do celular, colocando-o no bolso da frente.

- Professora Aida.  Fiz o que exigiu. Terminei com o meu namorado,  Rodolffo.  Tem o caminho aberto.
Espero que agora cumpra a sua parte e não sabote as nossas notas.

- Linda menina.  Ainda bem que o curso de medicina é para ti mais importante que um homem.  Imagina não te formarem este ano só porque eu não te dei nota.

- Tem noção de que isso é uma grande chantagem?

- Por aquele gostoso eu chantageio até o papa.  Imagina se é uma garotinha como tu que me vai impedir de tê-lo.

- Além disso ele pode não estar nem aí para si.

- Não menosprezes os meus poderes de sedução.

- Pois pode seduzir e se ele quizer, sejam felizes.  Eu quero é terminar o meu curso em paz e também não quero que o prejudique a ele.

- É só manteres-te longe de nós.

Saí da sala e conferi a gravação.

Segui para a biblioteca onde Rodolffo já se encontrava.  Sentei-me numa mesa afastada e esperei até ele ir ao banheiro.

Fui até à mesa dele e coloquei um bilhete num dos livros dele.
Depois de acabar o meu estudo saí.

Juliette chegou e sentou-se longe de mim.  Não voltámos a falar depois do término.
Levantei-me, fui ao banheiro e quando regressei vi um bilhete com a seguinte indicação;

Cuidado com a professora Aida

Olhei em volta e não vi ninguém que pudesse ter deixado aquele bilhete.

Olhei para Juliette e estava de cabeça baixa,  concentrada no estudo.  A seguir levantou-se e saiu sem olhar para mim.

Levantei-me também e segui para a aula que por sinal era da professora Aida.

Não sei o que isto quer dizer mas vou ficar atento.

Eu já tinha conversado com ela algumas vezes.  Era sempre sobre a matéria da aula mas em algumas delas, senti-me incomodado com certas insinuações.  E também porque ela quando falava fazia questão de passar a mão pelo meu braço.

Durante a aula ela passeava por entre as filas de carteiras enquanto explicava a matéria. Chegando ao meu lado sempre parava durante alguns segundos.   Quando ficou de frente para nós,  olhou-me fixamente antes de perguntar se todos tinham percebido.

Nunca desejei tanto que a aula terminasse.

Vinha uma aula e outra e eu sentia o olhar dela constantemente em mim.
Aquilo começou a incomodar-me e comecei a faltar à aula dela.

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