Depois de deixarem as crianças com os avós, Rodolffo e Juliette regressaram a casa.
- Vamos tomar um banho gostoso e sair para jantar. Tens algum restaurante de preferência? Como não foi planejado não reservei.
- Deixo ao critério do meu esposo. Sei que escolhes sempre o melhor para nós.
Juliette vestiu um vestido que ficava acima do joelho e bem caladinho ao corpo. Apesar de já não ter 20 anos ainda apresentava uma excelente forma física.
A correntinha que havia ganho mais cedo caía perfeitamente no seu colo.Rodolffo vestiu uma calça social preta, camisa igualmente preta aberta até ao meio do peito, o que lhe dava um charme extra.
A corrente com a cruz ao peito dava o toque final.Antes de saírem Rodolffo puxou Juliette para perto de si e fez um carinho na sua face.
- Amo-te.
- Hoje e sempre. Também te amo muito.
Selaram o momento com um beijo apaixonado.
O restaurante já eles conheciam. O ambiente era calmo. Geralmente frequentado por casais , não tinha o ar caótico daqueles onde vão casais com crianças ou famílias numerosas.
Foi um jantar muito agradável. A sobremesa não podia ser outra senão petit gateau com sorvete de maracujá, a fruta da paixão.
Rodolffo pediu ao garçon se não arranjava uma vela pequenina e ele logo trouxe.
Acendeu a vela e cantou parabéns sussurrando para não incomodar os outros casais.
O garçon visualizou a cena e logo apareceu com duas taças de champanhe.
- Cortesia da casa. Muitos parabéns.
- Obrigada, disse Ju.
Brindaram a ela, aos dois, à família e à vida.
- Que nos traga muitos mais anos em paz e harmonia.
Terminada a refeição resolveram dar uma volta à beira mar. Caminharam durante um bom bocado abraçados como na juventude.
- É para fazer a digestão. Ainda vai haver muita actividade noturna.
- Não estás cansado? Estas actividades com as crianças cansam.
Já reparaste que não parámos desde que acordámos?- Estou cansado mas ainda me sinto com energia para experimentar a prenda que comprei.
- Prenda para ti ou para mim?
- Para mim, mas para tu usares.
- Que sabor? Diz-me que inovaste.
- Nunca escolhi este. Mentol.
- Mentol? Aí jesus, será que é bom?
- Vamos descobrir juntos. Vamos regressar?
Já em casa os dois subiram para o quarto.
Rodolffo retirou a lingerie comestível da embalagem e mandou Juliette colocar.
- Isso não cabe em mim. Ai Jesus. Só mentes perversas.
- Já és gostosa sem, imagina com sabor a mentol.
De toda a maneira e feitio fizeram amor, experimentando outras sensações, até caírem para o lado exaustos.
- Agora vou querer sempre mentol.
- Tá. Vou fazer um stock de lingerie de mentol.
Vou encher a banheira.- Fazes-me uma massagem?
- É essa a ideia.
Na manhã seguinte acordaram já tarde. Iam almoçar com os pais da Ju e as crianças. Juliette ia para o hospital por volta das 17 horas e passaria lá a noite até às 7 horas do dia seguinte.
Havia escassez de médicos e ela precisava apoiar a urgência.- Rodolffo, sabes que o Francisco ontem comprou um caderno de ursinhos. Disse que era para ele, mas a Madu segredou-me que era para a amiguinha Leonor.
- Pelo menos não é ninguém da Internet.
- Não, é da sala dele.
- Os nossos filhos estão precoces demais. Não não fomos assim tão rápido.
- Outro tempo. Outras circunstâncias. Vamos tomar café.
As crianças brincavam no jardim da casa e correram em direcção aos pais.
- Mãe, fizemos um bolo pra ti com a vó.
- Que bom. E portaram-se bem?
- Sim.
O almoço foi muito descontraído.
Cantaram novamente parabéns agora com bolo e velas conforme manda a tradição.
Juliette e a mãe gostavam de contar coisas da fazenda omitindo os maus tratos que sofreram e o modo como chegaram a Brasília.
Juliette contou a sua adolescência já em Brasília e sobre a madrinha Ana.
A Ana apesar de doente adorava ter as crianças com ela. Nos dias de quimioterapia ficava muito em baixo mas nos restantes dias era alegre e bem disposta.
Andava a ensinar a Maria Rita a bordar embora ela não tivesse jeito ao contrário de Madu que estava sempre pronta para pegar na agulha e linha.A tarde passou depressa.
Juliette despediu-se de todos e seguiu para o hospital. Rodolffo ficou um pouco mais e por fim levou os filhos para casa juntamente com o jantar que a avó Lídia preparou e ainda o resto do bolo que estava delicioso.
- Algum de vocês ainda tem trabalhos da escola para fazer?
Se tiverem façam agora ou vão tomar banho.Rodolffo tomou um banho e deu uma arrumação no banheiro pois mais cedo não o fizeram.
- Pai posso entrar?
- Sim filho. Entra.
- Pai, como é que disseste à mãe que gostavas dela?
- Então. Eu já era um jovem adulto. Fui conversando com ela e um dia disse que gostava dela. Porquê?
- Eu gosto de uma menina da minha sala.
- Mas vocês são muito novos. Dás-te bem com ela? Conversam?
- Sim. Ela é das minhas melhores amigas.
- Então continuem a dar-se bem. Uma hora se ela gostar de ti também lá mais para a frente quem sabe vocês acabem por namorar. Por agora trata-a bem. Só tens 11 anos.
- Mas eu comprei um caderno para lhe dar.
- Podes dar. Não és amigo dela? Amigos trocam prendas. Diz-lhe que foste às compras, viste o caderno e lembraste-te da amiga.
- E se os outros colegas mangarem comigo?
- Faz em segredo. Escreve um dedicatória na primeira folha e mete o caderno na mochila dela sem ninguém perceber.
- Obrigado pai. Te amo.
- Também te amo filho. Conta sempre comigo.
Não sei se sou bom conselheiro mas digo sempre o que me vai na alma.
Depois do jantar e de ter aconchegado os filhos para dormir, Rodolffo regressou ao seu quarto para fazer o mesmo.
Deitou-se na enorme cama e sentiu falta da sua morena.
Abraçou o travesseiro dela pois o seu cheiro ainda ali estava impregnado e deixou-se adormecer.