Juliette é hoje uma cirurgiã renomada. Dedicada à sua profissão e família não lhe sobra muito tempo para si. No entanto sempre tenta arranjar tempo para uma escapadinha a dois.
Rodolffo por seu lado especializou-se em pediatria.
Tem a sua própria clínica oferta dos pais.Com um pouco mais de liberdade no trabalho esta semana decidiu raptar a esposa para umas mini férias.
Era hora de levar as crianças ou melhor os adolescentes para casa da avó Lídia.
Maria Rita era a mais velha com 14 anos, Maria Eduarda tinha 12 e Francisco Miguel 11.
Maria Rita era a cara de Rodolffo, tanto na fisionomia como em temperamento. Calma, porém muito responsável.
Madu e Francisco eram mais determinados e decididos. Tal como Ju para eles não havia problemas, apenas pedras no caminho que era preciso afastar.
Os dois viviam brigando com a irmã mais velha e por isso ela preferiu ficar esta semana com a avó paterna.
- Não gosto nada de vos ver separados, disse Ju dentro do carro.
- Pelo menos não vão dar dor de cabeça à avó Lídia, brigando os três.
- A mana é que nunca alinha connosco, disse Madu.
- A mana tem o temperamento dela. Se ela não quer vocês devem respeitar, respondeu Rodolffo.
- Deixa Madu. Ela quer é estar sempre a mandar mensagens ao Rafael, comentou Francisco.
- Não quero nada, disse Maria Rita dando um tapa no braço de Francisco.
- Ai! Pai, vês ela bateu-me por dizer a verdade.
- Estejam quietos, meninos. Quem é Rafael, Maria Rita?
- Um colega de turma, pai. Somos só amigos.
- Quando voltarmos vou querer saber mais desse menino.
- Vês pai! Até tu?
- Deixa Maria Rita. Não dês ouvidos a estas pestes. Conversa com o Rafael o João, o Pedro, e todos os outros que quiseres.
Só queremos que tenhas juízo e faças boas escolhas para a vida.Juliette tinha perfeita noção de que proibir os filhos de certas coisas era incentivá-los a fazer. Os adolescentes são assim. Gostam do proibido. E conversar com garotos não era nada demais.
Rodolffo nem ousou contrariá-la. No requisito filhos, ela acabava por levar a melhor.
- Vá meninos, saíam do carro. Maria Rita, depois o avô vem buscar-te no final do dia.
- Sim. Adeus pai, adeus mãe. Namorem muito.
- Adeus filha. Dá beijinhos aos avós.
- Namorar? Nhec. Adeus mãe e pai.
- Adeus Francisco.
- Madu, tchau.
- Adeus mãe e pai. Queremos presentes.
Depois de deixarem os filhos os dois partiram para o aeroporto. Tinham viagem para Santa Catarina onde pretendiam descansar e namorar bastante.
- Ju, não te preocupa as conversas da Maria Rita com o amigo?
- Nem um pouco. O que tu fazias na idade dela? Eu não tive essa oportunidade pois vivia lá no mato mas quando cheguei aqui e regressei à escola também fazia igual.
Foram só uns selinhos porque a sério foi só contigo.- Não gosto de saber isso.
- Deixa de ser careta. Só temos que estar atentos e dar-lhe bons conselhos. E não vais estragar a nossa semana com isso.
- Não. Estou com tanta saudade da minha gata que é bem capaz de vir outro filho.
- Sem hipótese disso acontecer. A nossa vida é uma roda viva. Mais uma criança ia virar o caos.
Mas eu concordo, não temos tido muita atenção um para o outro. O trabalho e as crianças esgotam quase o dia todo.Sobra tempo para dormir e olha lá. Às vezes para um banho a dois ou uma tarde em que eles não estão.
É capaz de eu terminar esta semana mal acostumada.- Temos que fazer mais vezes. A clínica felizmente vai bem.
- É, mas eu no hospital estou mais presa. Faltam cirurgiões no sistema.
Embarcaram e pouco depois do avião levantar voo já Juliette dormia encostada no ombro de Rodolffo.
Ele olhava a esposa com carinho. O ritmo de trabalho dela era intenso e ainda havia a casa e as crianças.Apesar de todos ajudarem nas tarefas domésticas pois Juliette nunca quis empregada, excepto uma que ia de vez em quando para lavar vidros. A casa tinha muitas vidraças.
Ela sempre ficava com a maior fatia quando estava em casa.Rodolffo era quem preparava o jantar todos os dias. As crianças arrumavam os seus quartos e preparavam o café da manhã em conjunto.
Finalmente chegaram ao hotel. Rodolffo tinha reservado uma das suites e avisado que era para recém casados.
Ao entrarem na suite Juliette achou esquisita a decoração.
Rosas vermelhas, toalhas em formato de coração na cama, uma cesta de frutas, chocolates e duas taças com uma garrafa de champanhe.- Amor, devem ter-se enganado! Isto é uma suite de recém casados.
- É. Hoje vamos renovar os nossos votos. Só nós dois, sem interferências.
- Vês porque te amo? Também por estas coisas assim do nada.
- Eu queria ter tempo para te dar muito mais. Também te amo muito.
- Mas vale mais pouco e de qualidade né? Eu neste momento só consigo retribuir de uma maneira.
Vamos tomar banho?Rodolffo abraçou-a por trás dando-lhe beijinhos no pescoço.
- Só se for agora.