Hoje os nossos filhos mais novos iniciavam uma nova etapa da vida.
Maria Eduarda repetiu o último ano por conta de algumas faltas e pouco empenho nos estudos.
Por causa disso, hoje é o primeiro dia deles na faculdade.
Madu vai cursar veterinária e Francisco medicina tal como os pais.
Maria Rita já está no terceiro ano de Psicologia. De início ainda exitou entre Belas Artes e Psicologia mas esta última ganhou embora nos seus tempos livres adore pintar.
Madu queria Arquitectura mas após encontrar um cachorrinho atropelado e abandonado mudou de ideias.
Foi num dia em que o seu pai foi levá-los à escola.
- Pai, pára. Tem um cachorro na estrada.
Rodolffo quase passava por cima dele. Saiu do carro e verificou que o bichinho tinha uma pata partida.
Levou-o para o carro e Madu enrolou-o na sua jaqueta.
- Vamos ao veterinário, pai.
- Não. Vou deixá-los na escola e vou eu ao veterinário.
- Podemos ficar com ele?
- Depois decidimos. O cachorro pode ter dono e ter fugido. Se não tiver chip depois conversamos.
Rodolffo foi ao veterinário e a partir desse dia o Boris nunca mais deixou a família. Era o xodó de todos em especial da Madu. Foi a partir daí que ela optou por veterinária.
Maria Rita nos seus 20 anos namora o Rafael, menino que sempre foi apaixonado por ela.
A vida do rapaz não foi mole não. Rodolffo investigou a vida do moço até mais não e só depois permitiu que ele frequentasse a casa deles.
Juliette foi mais branda e ria a cada insegurança do marido.Francisco anda de chameguinho com a Leonor que frequenta a mesma turma dele. Nada sério por enquanto, diz ele.
Madu é mais na dela. Diz que não quer nada de namoros e todo o tempo livre faz voluntariado no abrigo de animais.
Juliette chegou a casa bastante cansada e desanimada. Hoje tinha operado uma criança com um problema no pulmão.
A criança tinha sofrido um acidente de viação juntamente com os pais mas estes não tinham sobrevivido.A criança, um rapaz, chegou ao hospital bastante debilitado e com perfuração do pulmão resultado do acidente.
O caso era grave e apesar da operação ter corrido bem, era preciso esperar 72 horas, no mínimo para que ele pudesse ser considerado livre de perigo.- Vem amor. Eu faço uma massagem e depois tomas um banho relaxante.
Assim foi e Juliette conseguiu uma noite de sono tranquila.
A vida profissional estava uma correria. Juliette operava todos os dias e isso deixava-a esgotada.
Os filhos já não davam tanto trabalho uma vez que eram praticamente autónomos. Cada um sabia exactamente o que fazer para não sobrecarregar ninguém.
- Bom dia. Como o David passou a noite?
- Tranquilo doutora. Nada a assinalar. Acho que vai dar certo.
David reagiu bem às 72 horas e foi levado para o quarto.
Durante uma semana ninguém apareceu para reclamar o corpo dos pais nem vê-lo. David só tinha 10 anos e estava sózinho.
Ao fim de 10 dias uma senhora de meia idade entrou no hospital para ver David.
Juliette soube e quis falar com ela.- Eu era vizinha deles. Eles não tinham mais família, eram só os três.
- Nenhum parente afastado que possa ficar com o David?
- Nunca vi ninguém lá em casa.
- Ele tem que ir para um abrigo quando receber alta.
- Eu tenho pena de não poder ficar com ele. Sou muito doente, não posso.
O David é um menino doce. É uma pena.David ainda esteve mais três semanas no hospital.
Juliette nos seus períodos mortos ia conversar com ele. Tornaram-se grandes amigos.
- Tia, eu posso viver sózinho lá na casa dos meus pais. Eu sei fazer tudo. Sempre ajudei a minha mãe.
- Não pode ser David. Ninguém te vai deixar morar sózinho.
- Eu não quero ir para o abrigo. Eu fujo. Eu posso ir para tua casa? Eu juro que não dou trabalho.
- David, as coisas não são assim tão fáceis.
Com este assunto na cabeça, Juliette chegou a casa e chamou Rodolffo para conversar no quarto.
- Amor, deixa só ele passar uns dias connosco.
- Ai Ju! Já vi que vem coisa, mas eu estou contigo. Vamos conversar com os nossos filhos.
Um mês depois, David estava perfeitamente integrado na nova família. Claro que as brigas com os mais velhos eram constantes muito por conta da diferença de idades mas nada que eles próprios não resolvessem.
Juliette deu início aos papeis de adopção e hoje eles teriam oficialmente mais um filho.
- Ju, e tu que não querias ter filhos número par!
- E não tenho.
- Como assim? Rita, Eduarda, Francisco e David.
- Hahaha! E o Boris?
- Cachorro conta como filho?
- Claro que sim.
- Ju, mais uma vida em nossas mãos.
- Daremos conta como dos outros. Nós vamos conseguir.
Juliette segurou as duas mãos do esposo e depositou um longo beijo nos seus lábios.
FIM