Ver ele entrando abraçado e beijando outra doeu muito em mim.
Peguei no meu lanche e sumo e regressei ao meu gabinete.
Derramei algumas lágrimas que depressa sequei quando a minha assistente entrou.
- Já regressou doutora? O que foi, está com olhos de choro?
- Nada, não. Ultimamente estou muito emotiva. Deve ser por causa do que vi na Indonésia.
- Nem comeu. Precisa de se alimentar.
- Já como. Vai almoçar tu agora.
- Até já.
Enquanto isso na cantina.
- Bia, o selinho não quis dizer nada.
Eu queria provar a esta gente que não sou gay mas só me lasquei.
Selinhos até amigos dão. Não sei onde tinha a cabeça.- Mas podemos fazer mais do que dar selinhos.
- Deixa -te de ideias. Sem chance. O meu coração está fechado a cadeado e a chave só uma pessoa tem.
- Tem outras maneiras de abrir.
Cheguei à cantina e fui sentar-me junto de Bia e o gato.
- Posso sentar aqui?
- Podes. E a doutora?
- Já veio almoçar. Está no gabinete. Levou o almoço mas acho-a triste. Estava a chorar mas disfarçou.
- Meninas, vou deixá-las. Tenho trabalho agora.
- Até logo gato.
Rodolffo regressou rápidamente e na recepção perguntou qual o gabinete de Juliette.
Bateu à porta e mandaram-o entrar.
- Não me mandes embora. Só quero explicar o que viste lá em baixo.
- Não me deves explicações nenhumas.
- Mas eu quero. Todos pensam que sou gay e só quis desfazer isso.
- Com um selinho? Precisas de muito mais.
- Eu sei. Só faço merda. Como estás?
- Estou bem, dentro do razoável. Quis ligar-te mas algo me travou. Não reconheço em mim aquela Juliette destemida e guerreira.
- Só está escondida. Logo regressa.
- Não sei. Queria voltar no tempo.
- Não podes, mas podes seguir em frente.
Juliette levantou-se e veio até ele.
- Posso dar-te um abraço?
- Ele abriu os braços e acolheu-a no peito onde ela depositou um beijo.
- Agora vai. A minha assistente deve estar a chegar.
- Ficou lá em baixo a fofocar com a Bia. Até logo.
- Até logo.
Rodolffo saiu para voltar logo em seguida.
- Vim trazer um chocolate. Lembro que quando estavas triste o chocolate sempre resolvia.
- Uhmmm, nham, nham. Obrigada.
Juliette folgava no final de semana. Reservou um hotel de montanha pois pretendia descansar.
Os últimos acontecimentos tinham tido um impacto muito grande na sua parte psicológica.Ela sabia que Rodolffo não tinha aulas nem ia ao hospital aos fins de semana.
Era sexta à noite. Tinha acabado o plantão e telefonou a Rodolffo.
- Estás onde?
- Em casa. Na minha.
Há cerca de 2 meses Rodolffo tinha ganho de presente um apartamento que os pais deram.
- Vamos jantar?
- Vem para cá. Eu peço o jantar num restaurante.
Vou mandar o endereço.Juliette tinha consigo uma mala pronta com intenção de seguir de viagem após o trabalho.
Digitou o endereço no GPS e seguiu para casa de Rodolffo.
Em poucos minutos estava em frente à sua porta.
Rodolffo abriu a porta e logo os braços para a receber.
Ela como era habitual aconchegou-se a ele.
- Saudades de teu abraço.
- Estará sempre aqui para ti.
Rodolffo eu vou o fim de semana para a montanha. Vem comigo.
- É sério que queres que vá contigo?
- Jantamos e vamos.
- Hoje? Onde é?
Juliette deu a localização e Rodolffo consultou o mapa.
- Mas fica tarde para viajar de noite. Vamos de manhã cedo. Fica cá esta noite. O jantar deve estar a chegar.
- Vem cá Rodolffo. Vamos conversar a sério.
- Prometo não rir.
- Tolo. Estás a ver? Não leves nada a sério.
- É só para descontraires. Estás muito nervosa.
- Pois estou. Tenho medo desta conversa.
- Não tenhas. Vem cá, desabafa. Eu prometo comportar-me.
- Primeiro, que pedir perdão por tudo o que fiz. Eu já expliquei as minhas razões e na altura achei que fosse o melhor.
Se errei foi tentando acertar.- Segundo, eu preciso muito de ter o meu namorado de volta. Ajudas-me a trazê-lo?
- Terceiro, eu juro nunca mais agir sózinha. Prometo contar sempre antes de tomar qualquer decisão.
- Dá-me outra chance por favor. Eu não quero viver sem ti.
O olhar dela de súplica derreteu o gelo do meu coração.
Apertei-a contra mim e ali ficámos sentindo o bater dos nossos corações.
- Porque demoraste tanto? Não sabes o quanto sonhei com o teu volta pra mim.
Amo-te tanto que chega a doer. Fiquei doido quando partiste. Tive medo de não regressares.
Nunca mais faças isto.Iniciaram um beijo que logo foi interrompido pela chegada do jantar.
Fizeram amor com muito desejo e
não conseguiram dormir.Esta foi uma noite de matar saudades.