O baile

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Eu não via o dia de terminar este ano lectivo.

Ver a Juliette e não ter contacto era doloroso demais.

A professora continuou assediando e eu fingia não perceber.

- Finalmente terminaram as aulas, disse eu numa última aula.

- Vais de férias para onde?

- Fico por cá.  Preciso ajudar meus pais.

- Que pena.  Podias fazer um programinha.

- A professora não tinha já arranjado namorado?

- Sério que não percebeste que só tu me interessas?

- Não brinque prof.  Estou um pouco apreensivo com as notas.  Tenho medo de não ter conseguido passar em todas.

- Tu?  Não tem como isso acontecer.  Tu és um excelente aluno.  Já fizemos reunião e as notas estão dadas.  Não há como voltar atrás.

- Quer dizer que passei?

- Sim.  Com notas elevadas. Sem qualquer benefício.

- Rodolffo,  para a semana é o baile de formatura dos alunos do último ano.  Queres acompanhar-me?

- Uhmmm!  Não sei.  Não gosto muito desses bailes.

- É só companhia.

- Está bem.  Encontramo-nos à entrada.

A megera sorriu vitoriosa.

O que é teu está guardado, pensou ele.

Juliette estava feliz por ter conseguido a licenciatura.  Agora era partir para a especialização e depois conseguir um trabalho.

O que a estava atormentando era o baile.  Tinha planeado ir com o Rodolffo e agora estava sózinha.
Sua mãe e Roberto a tranquilizavam já que iriam com ela.

- Será que ele vai, mãe?

- Vocês têem é que sentar e conversar.

- Ele não quer nada comigo.

Chegou o grande dia ou melhor,  a grande noite.

Juliette entrou com os seus pais.  Estava linda no seu vestido longo de cor verde esmeralda.  Tinha os cabelos soltos e uma maquilhagem leve.  No dedo o anel de curso que a madrinha Ana lhe tinha oferecido.

Ao peito, junto com a medalha de coração dada por sua mãe estava a aliança de namoro com Rodolffo. Na última vez que esteve com ele viu que ele ainda a usava.

Estava de conversa com sua mãe quando ele entrou de braço dado com a professora.

Quis ir embora dali mas os pais não deixaram.  As lágrimas começaram a formar-se mas sua mãe depressa impediu tentando distraí-la.

Após entrar, Rodolffo imediatamente largou a megera e se dirigiu a eles.  Cumprimentou a mãe e Renato e ao ouvido de Ju segredou:

Não é o que parece.

Depois voltou para o pé da professora.   Ele só queria garantir que ela não ia embora cedo.

A cerimónia teve início com o discurso do reitor e deram início à entrega dos diplomas.

Depois de todos discursarem Juliette pediu a palavra para uns agradecimentos.

-  Primeiro lugar agradecer à minha mãe,  ao meu pai de coração e à minha madrinha que ficou em casa.
Aos colegas e professores destes anos todos.
Dirijo-me agora em especial à reitoria da Universidade para fazer uma denúncia.

Todos se olharam com surpresa e curiosidade.

- Sim, hoje denuncio aqui a professora Aida por chantagem contra mim e o meu ex namorado Rodolffo.

Neste momento Rodolffo juntou-se a ela.

A gravação que vão ouvir é verídica.
Não denunciei mais cedo por medo ou cobardia.   Medo de prejudicar o meu namorado e cobardia porque corria o risco de repetir o ano.

Eu sei que poderia resolver o assunto dentro da Universidade,  mas eu quero essa senhora longe do ensino.

- Isso é uma calúnia.  Ela só está despeitada porque o namorado a deixou por se ter apaixonado por mim.

- É o quê?  Eu apaixonei por quem?
Tenha juízo minha senhora.
Se vocês acessarem neste momento as redes sociais ouvirão um áudio de todas as vezes que essa senhora me assediou.

- Canalha!!!  Eu julguei que gostavas de mim.

- Porque acha que eu nunca me encontrei consigo fora da Universidade?  O assédio ocorria sempre na sala de aula ou nunca percebeu.  A chantagem à minha namorada não resultou.  E saiba que existe um denúncia sobre quem conduzia o seu carro quando me seguia para todo o lado.

- Eu vou embora.

- Vai mas só depois de todo o mundo ouvir a gravação,  diz o reitor.

- Espero não ter comprometido a festa.  Vamos seguir em frente e afastar os podres.  Esta Universidade é diferenciada e não é uma maçã podre que vai estragar. Obrigada, disse Juliette.

- Tal como disse Juliette, vamos em frente com a nossa festa.

Preparava-se a abertura do baile e Rodolffo segurou a mão de Juliette.

- Nunca iria deixar de ser o teu par nesta data.  Apesar de tudo serei sempre teu amigo.  Parabéns sra. Doutora Juliette.

- Obrigada pelo teu apoio.

Rodolffo olhou para o peito de Ju e reparou na aliança.   Instintivamente levou a mão à sua correntinha mostrou a ela a sua aliança também ali colocada.

- Nunca mais sairá daqui, disse Juliette.

Rodolffo apertou-a um pouco mais
nos seus braços e deu-lhe um beijo na cabeça.

Já noite alta, Juliette entrou no carro dos pais e cada um seguiu para sua casa.


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