Durona

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Faculdade de Medicina

Estava na cantina da Universidade com vários colegas de curso quando ouvimos um grande alarido vindo da sala de convívio.

Fomos em direcção à confusão.  Um grande ajuntamento de estudantes dispostos num círculo riam e batiam palmas.

No centro de círculo um jovem de boa constituição,  alto mas com cara de imbecil estava sentado no chão segurando um lenço contra o nariz para voltar o sangue.

Juliette  a seu lado com as mãos na cintura bufava e expressava o seu desprezo.

- Queres apalpar?  Anda, vem apalpar de novo.

- Desculpa.  Foi só uma aposta estúpida.

- Aposta?  E quem são os outros babacas que apostaram.  Venham, mostrem-se seus cobardolas  - disse ela dirigindo-se à plateia.

Ninguém se acusou.
A verdade é que ela já tinha ganho a fama de durona da Universidade muito por entrar em brigas para defender outras colegas.

Um grupo de rapazes foram apostar que o fulaninho não era capaz de apalpar a bunda dela.
O gabirú quis sair de garanhão e foi surpreendido com um soco no nariz e uma rasteira que o fez sentir no chão.

- Ai o meu nariz.   Está a sangrar.   Partiste o meu nariz sua horrorosa.

- Da próxima vez parto os teus dentinhos todos.  Respeita as mulheres seu moleque.  Lá em casa não te ensinaram boas maneiras?  Vem pra cá que eu te ensino.
Fui criada na roça, moleque. Me respeita.

- Isso mesmo, Juliette.   Mete esse lafrau na linha - aplaudiram algumas moças.

Eu olhava para ela como quem admira uma peça de arte.  Não devia ter mais de 1,65 mts mas tinha carisma de muitos metros.

- Quem é ela? - perguntei à colega do lado esquerdo.

- Juliette,  aluna do quarto ano.  A melhor aluna da turma.

- Briguenta ela?  Muito linda, por sinal.

- Não,  pelo contrário.  Só é muito justa e camarada.  Todos gostam dela incluindo professores.  E sim, é muito linda.

- Já podem ir embora.  O espectáculo acabou.  Os amigos desse babaca que o ajudem.  Peçam gelo para pôr no nariz - falou Juliette enquanto se afastava.
Por um instante os nossos olhos se cruzaram e não sei, mas senti um arrepio no corpo todo.

Sou Rodolffo Ramos, 24 anos estudante de medicina do terceiro ano e nasci e fui criado aqui em Brasília.

Os meus pais têm uma cadeia de hotéis pelo país inteiro e acabámos de adquirir 2 restaurantes aqui na cidade.

O meu pai queria que eu curssasse Gestão, mas eu recusei e segui o meu sonho  que era medicina.

Quando os nossos olhos se cruzaram foi como se uma corrente eléctrica passasse pelo meu corpo.
Apesar das acções de durona os olhos eram os mais doces que já vi.

Juliette usava uma blusa preta que deixava ver um pouco da barriga e conjugava com uns jeans claros.
Mulher de jeans é o meu fetiche.

Os cabelos longos estavam presos no alto da  cabeça com a fita que caía lateralmente.

Que mulher linda pensei para mim.  Como nunca a vi ?

A verdade é que durante o início da faculdade só tinha olhos para Marina que já era minha namorada
desde o secundário.
Desde que descobri a  sua traição nunca mais quis nada com mulheres.

Mas Juliette abalou as minhas estruturas.  Preciso conhecer ela. Preciso conhecer este furacão.

Juliette passava  muito do seu tempo livre na biblioteca da universidade.
Ela queria ser a melhor médica possível.

Rodolffo após descobrir passou a frequentar a biblioteca sem cerimónias.
Hoje a biblioteca estava anormalmente cheia.

Juliette já o tinha visto lá outras vezes.

Olhou à sua volta e não vendo mesas disponíveis convidou-o para sentar junto com ela.

- Espero não incomodar mas amanhã tenho teste e tenho algumas dúvidas.

- Em que matéria?  Talvez eu possa ajudar.

- Estás no quarto ano, talvez possas dar-me uma explicação.

- Vamos lá.

Os contactos na biblioteca passaram a quase diários.  Quando um chegava marcava o lugar do outro e assim foram ficando amigos.

Rodolffo melhorou e muito as suas  notas, mas, acima de tudo ganhou uma boa parceira de estudo.

- Ju, queres sair comigo amanhã?  Ê sábado.  Queria conhecer melhor a minha amiga fora da faculdade. Só jantar  e cineminha.

- Aceito.

- Escreve aí o teu endereço.  Te pego às 19 horas.

- Não quero restaurante caro.  Não estou habituada e não gosto de muitos salamaleques.

- A senhorita manda.  Vamos a um dos novos que meu pai comprou.  Não é dos mais chiques mas também não é brega.

- Agora vamos lá revisar esta matéria mais importante.

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