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Soraya T.


_Como pode né?_ amassei o papel e deixei sobre a mesa.

_Como pode o quê soso?_ Gleisi perguntou.

_A pessoa dizer que te ama hoje, e amanhã já tá com outra_ ela ficou me olhando.

_Você está falando do quê?_ ela bebeu seu suco.

_Está prestando atenção na letra dessa música?_ ela virou para o som ligado.

Nele tocava uma música daquelas irmãs Maiara e Maraisa, chamada "Narcisista", me calei por um tempo para entender um pouco da letra, por isso acabei soltando essa fala para minha cunhada.

_Espera... você sente falta dele?_ ela perguntou.

_Claro que não querida, só estou comentando porque ela me lembrou do que eu passei_ ela me olhou de novo.

_Até lá no inferno ele está sendo um covarde_ eu ri.

_É estranho quando você para pra pensar nas promessas que te fizeram_ eu disse.

_Qual é a sensação?_ perguntou.

_Dá uma sensação de raiva_ falei, pois eu fui enganada por ele também.

Você passa tempos de sua vida com alguém, ouvindo da mesma vários eu te amo, várias promessas sendo feitas, futuros e planos de filhos, mas logo a pessoa se torna outra, não ligando para o que você sente e sim somente para si mesmo, eu nunca me sentir ser prioridade na vida de alguém, hoje eu me sinto, com a minha Simone.

_Eu nunca fui fã de promessas_ disse.

_Promessas te fazem criar expectativas_ continuei.

_E as expectativas sempre me destruíram_ completei.

_Eu te entendo soso_ ela mordeu seu sanduíche.

Vi Théo entrar correndo no bar, nu, todo ensaboado, achando graça de sua outra mãe, que chegou ali também, usando uma bermuda azul e com um top, toda molhada.

Fiquei sorrindo como uma grande apaixonada olhando para a correria dos dois, até que ela o pegou no colo, lhe levando pra terminar seu banho, ele completou três anos.

_Agora eu estou sendo tão feliz, que eu só consigo sorrir_ falei.

_Dá pra ver essa felicidade no seu rosto, soso_ ela levantou.

Olhei para minha cunhadinha, com sua barriguinha crescida de cinco meses, Janja também é inter, após um bom tempo já de namoro, o primeiro baby delas veio.

_Deixa isso comigo_ peguei a bandeja com o prato e copo de suas maos.

_Não precisa soso_ neguei.

Seguimos para a cozinha, coloquei dentro da pia e comecei a lavar, ela foi para a lavanderia, Simone estava dando banho no Théo ali dentro da pia.

_Minha filha, chegamos_ ouvi a voz de mamãe.

Deixei a louça já lavada no escorredor e peguei o pano, fui em direção ao bar, vi ela com Mel no colo, dormindo, a nossa menina tá com um ano, e mais ao seu lado, a diretora da escola, nunca vi minha tão feliz.

Deixei a louça já lavada no escorredor e peguei o pano, fui em direção ao bar, vi ela com Mel no colo, dormindo, a nossa menina tá com um ano, e mais ao seu lado, a diretora da escola, nunca vi minha tão feliz

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_Gastou todas as energias no parque_ mamãe disse, a outra sorriu.

_Oi, como vai?_ lhe dei um rápido abraço.

Peguei com cuidado a Mel em meus braços, tá a cara de Simone, carreguei por nove meses para vir a cópia da outra mãe, que não sentiu uma dor sequer, mas é isso, ri com meu próprio pensamento.

_Simone está banhando o Théo_ falei.

Fomos para a cozinha, encontramos com os dois já na mesa, Simone sentada na cadeira, com Théo enrolado na toalha sentado sobre a mesa em sua frente, comendo um pouco da sobremesa que fiz mais cedo.

_Vovó linda_ ele falou, mamãe sorriu encantada.

Ele também chamou de vovó para a... a namorada da minha mãe, minha madrasta.

_Vou levar ela pro berço_ disse baixinho.

Saí da cozinha, subi as escadas e entrei com Mel no quartinho deles, a coloquei no berço, fiz um carinho em seu rosto, fiquei apoiada no antebraço sobre o berço, quando senti um tapa ardido na minha bunda.

_Ai Simone, olha sua filha_ passei a mão em meu bumbum.

_Desculpa, não resisti, após nossos filhos parece que você ficou ainda mais linda e gostosa_ ela colocou as mãos em minha cintura.

_Seus olhos estão vendo coisas erradas, não tô linda não_ eu disse.

Novamente minha insegurança com meu corpo havia voltado, isso me deixava frustrada, já fui mais forte para lutar contra isso.

_Não diga bobagens minha abelhinha, você tá linda, como sempre foi_ beijou a ponta do meu nariz.

_Só você mesmo amor_ deitei a cabeça em seu peito.

Fiquei recebendo seu carinho em minha costa, logo ouvimos o chorinho da nossa filha, lhe peguei, sei que era fome, conheço as diferenças dos choros dela, pode ser estranho, mas eu sei que há diferença.

_Meu amor quer mamar?_ ela coçou os olhinhos.

Sentei na poltrona de canto, precisei tirar minha blusa, afastei a alça do sutiã e baixei mais, ela começou logo a mamar.

_Tão perfeita_ Simone sussurrou.

Fiz um carinho no rosto dela, que sorriu para mim, após a mamada de Mel, descemos, fizemos o almoço, Janja chegou e completou, a mesa ficou cheia das pessoas incríveis que há na minha vida.

Quando a noite chegou, por volta das nove as crianças já estavam dormindo, mesmo grávida, Gleisi não deixou de nos ajudar aqui no bar, assim como no restaurante pela manhã também.

_Uma cerveja e um copo de whisky_ cheguei no balcão avisando Simone.

Risquei o pedido do casal assim que Simone colocou na bandeja o que eu lhe disse, segui até eles e coloquei as bebidas sobre a mesa, agradeceram e eu me retirei, indo até outra mesa que um grupo me chamou.

_Veja cinco cervejas para nós, coisinha linda_ disse um barbudo.

_Logo trago, coisinho_ após eu dizer isso, os amigos riram dele.

Já cheguei no balcão revirando meus olhos, coisa que faço quando algo assim acontece comigo.

_Quem mexeu com minha onça?_ perguntou Simone.

_Aquele idiota ali_ mostrei discretamente para Simone.

_Qual foi o pedido?_ ela perguntou séria.

_Cinco cervejas_ ela mesma foi levar.

Atendi dois rapazes que chegaram no balcão, sentaram ali mesmo, um deles não parava de me olhar, até que Simone voltou.

_Perdeu alguma coisa na minha mulher?_ ela perguntou para o de cabelo cacheado.

_N-não, desculpe_ ele ficou vermelho.

Seguimos nosso atendimento até às uma da manhã, essa hora Gleisi já estava dormindo, fechamos o bar, limpamos e subimos depois.

Tomamos nosso banho juntinhas, por não sentir sono ainda, descemos para fazer um lanche e fomos para a sala assistir algo.

_Seus desejos em breve vão começar_ ela disse baixinho, sorri.

_Vão sim, e espero que cê esteja preparada_ ela sorriu.

Recebi o carinho dela em minha barriga, próxima de completar o primeiro mês, tenho pensando em abrir uma creche, de tanto menino, quando eu digo isso pra ela sempre ouço sua gargalhada gostosa.

Ficamos assistindo até às três, foi quando nosso sono chegou, deitamos, namoramos um pouco, não fomos escandalosas, banhamos outra vez, e logo dormimos.



💟🍺❤

A dona do bar (simoraya)Onde histórias criam vida. Descubra agora