Capítulo 6: Memórias

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Eu não sabia onde levar Hadassa para cantar até ter um diálogo com Sr. Yukki.

— Você não deveria estar descansando, seu velho? — Indaguei, vendo-o chutar um saco de pancadas como se ainda fosse jovem. 

— Eu não passei a vida inteira em movimento para do nada virar um vegetal, garoto. — Ele retrucou, se voltando para mim, que limpava o suor da testa. — Mas me diga rapaz, como você está? Sinto que seu humor estava melhor na aula de hoje. Há alguma razão específica?

Realmente, eu não havia parado para pensar que nessa aula eu não havia sido rígido com nenhum aluno. Isso era raro, quase sempre há pelo menos um aluno que leva uma bronca nas minhas aulas, não por um desprezo específico, mas porque minha paciência às vezes falha quando o assunto é ensinar. Esse é um defeito que eu preciso corrigir, até mesmo para lidar com a Hadassa.

— Não sei dizer. Mas recentemente me ocorreu uma novidade. — Deu de ombros. — Eu tenho uma nova aluna.

— Hm… — ele ponderou. — Em que sentido?

— Encontrei uma baixinha aleatória e resolvi ajudar ela a vencer o medo de palco. Eu levei ela para cantar comigo no asilo semana passada, e a garota me surpreendeu. — Eu ri levemente. — Ela teve mais sucesso do que eu esperava no primeiro treino. Isso me deixou feliz. 

Ele riu levemente. Eu franzi o cenho.

— Qual a graça? — Indaguei.

— Tem alguma foto dela? — Sr Yukki respondeu com outra pergunta.

Eu dei de ombros.

— Tenho sim. — Respondi, pegando meu celular do bolso e abrindo em pouco tempo o contato de Hadassa no aplicativo de mensagens, mostrando-lhe a foto de perfil, uma selfie da garota sorrindo, num ângulo que mostrava apenas sua camiseta branca.

Sr Yukki olhou a foto e assentiu com um microssorriso.

— Então a razão do seu bom humor é uma bela garota. Não sabe como me deixa feliz. — Sr Yukki sorriu de orelha a orelha, me fazendo revirar os olhos. Eu não enxergo Hadassa dessa maneira.

— Nem comece, velho. — Cortei-o.

— Ela é cristã? — Ele perguntou. 

— É. 

— É solteira? — Indagou.

— Que eu saiba sim. — Respondi. 

— É maior de idade? — Questionou.

— É. Ela tem 20 anos. — Fiz uma careta descontente. — Onde quer chegar, velho?

— Se ela tem todos esses requisitos, e conseguiu te deixar de bom humor… eu te estimulo muito a investir, meu jovem. — Sr Yukki riu satisfeito. 

Eu revirei os olhos.

— Tá vendo, velho? É por isso que eu não te conto as coisas. — Protestei.

Ele revirou os olhos.

— Ok garoto, vou parar de te atazanar, mas não reclame se morrer solteiro. — Alfinetou com acidez. — Enfim, já tem em mente o próximo lugar onde vai levá-la para cantar? — Indagou.

— Pior que não. — Respondi. — Vou buscar ela amanhã na faculdade, tava pensando em levar ela em alguma praça pública ou algo assim.

Sr Yukki pôs a mão no queixo, e conhecendo há tanto tempo esse velho, eu sei que ele está ponderando algo.

Redenção, Acordes e Amores [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora