Capítulo 19: Filhos enterram os pais

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Aquele retiro havia sido um marco importante. Por todas as palestras que ouvimos e impactaram nosso coração, e pelo avanço da minha relação com Hadassa, que agora conhecia minha história, vida, mentiras e pecados por completo. Por minhas pendências com Mara enfim terem sido encerradas, e meu coração estar leve de todas as culpas que tentaram novamente me assolar.

Agora estávamos ali, arrumando nossas malas para enfim ir embora.

— Eu estava com saudades desse retiro. Lembro que foi nele que descobri minha convicção em fazer viagens missionárias. — Saulo comentou, enquanto colocava roupas em sua mala.

— De fato. Ele também foi um gatilho de convicções para mim, e nessa edição ele me abençoou mais uma vez. — Concordei.

— Fico feliz que a Hadassa tenha reagido bem a tudo. Eu já esperava isso, ela é uma pessoa gentil. — Saulo sorriu. — E a Mara, como ela ficou?

— Depois daquele surto no bebedouro, ela teve a dignidade de não falar mais nada. — Suspirei profundamente. — Eu espero que permaneça assim.

Saulo riu.

— Já agradeceu aos céus pela Hadassa não ter ex-namorados? — Brincou.

Eu ri levemente.

— Todos os dias.

Saulo riu, fechando suas malas. Eu coloquei minha última peça de roupa e também fechei as minhas. Saímos para esperar os ônibus saírem, e vimos Hadassa e Ágatha perto uma da outra. Hadassa sorriu minimamente ao me ver, eu retribuí seu sorriso com cumplicidade, e ela veio até mim. Abracei-a de lado de forma fraternal.

Fizemos todo o processo de pegar de volta nossos celulares e entregar as pulseiras e broches indicando nossos quartos, e não demorou para os ônibus saírem. Sentamos um ao lado do outro e fomos novamente para a igreja, onde paramos no pátio da igreja e conversamos um pouco com Saulo e Ágatha, que agora já conversavam mais à vontade um com o outro.

Ágatha se despediu de nós em dado momento, pois seu uber havia chegado. Nessa hora, Mara se aproximou para também se despedir dela, e aproveitou a proximidade para chegar até nós.

— Espero que esse retiro tenha sido uma boa experiência, Hadassa. Costumava vir muito quando era mais nova. — Mara comentou.

Hadassa sorriu minimamente.

— Foi sim, obrigada.

— Você parece ser legal. O Jonas é orgulhoso, meio ogro, superprotetor, mas parece que realmente gosta de você. — Ela falou, num tom sério e ao mesmo tempo desdenhoso. — Você parece ser o tipo de garota que serve para casar. Vão se dar bem.

Hadassa sorriu minimamente, ela não parecia insegura.

— Está completamente certa. É esse o nosso plano. — Ela respondeu, seu tom e expressão eram firmes, livres de hesitação. — Queremos um futuro juntos. Sem ligar para o passado, mas construindo no presente a vida que queremos. Uma vida melhor do que a que já tivemos. É tudo que desejamos, construir isso juntos. — Ela me olhou, eu a apoiei com um sorriso mínimo. — E que Deus seja sempre o soberano nisso tudo.

Mara riu sem humor.

— Então boa sorte. Pra vocês dois. — Ela desejou, num tom calmo e desinteressado. — Vou voltar pra casa, não sei o que deu na minha cabeça pra voltar nessa igreja.

— Foi seu pai quem te chamou, não foi? — Indaguei, me pronunciando.

Mara assentiu, seu olhar parecia perdido e seu sorriso era triste.

— Ele fez questão que eu viesse dessa vez. Mesmo sabendo que eu nunca vou voltar para esse lugar. — Deu de ombros.

— Ele adoraria que você voltasse. — Comentei.

Redenção, Acordes e Amores [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora