27. Que bobagem!

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Narrado por Thomas.

— Tudo bem, quem é você e o que fez com o Thomas? — Isabella estava ao meu lado, com o braço entrelaçado ao meu enquanto caminhavamos em direção a portaria.

Era difícil me concentrar em outra coisa que não fosse ela. Estava linda como sempre, mas era interessante vê-la com um outro estilo sem ser florido.

Quando disse a ela para ir com roupas mais elegantes, não imaginei que levaria aquilo a sério. Pois afinal, é teimosa demais quando o assunto é sua positividade e suas cores. Além de adorar teimar e discutir comigo. Mas ver que ela decidiu se vestir de uma forma diferente porque eu pedi, certamente me fez sentir algo único, que eu nunca havia sentido antes.

Sei que ela nunca admitiria que resolveu mudar porque eu pedi, e com certeza diria algo como "estou seguindo o plano". Assim como eu nunca admitiria o quanto está bonita.

Estava realmente linda. Seus cabelos perfeitamente enrolados e com um brilho lindo, além do cheiro magnífico que exalava. Era uma tentação imensa ficar perto dela e não poder mergulhar o meu rosto entre os seus cachos.

Confesso que adoro os seus diferentes vestidos floridos, mas também nunca diria isso a ela. Porém, aquele vestido ficou esplêndido em seu corpo, não que eu tivesse reparado muito.

Só digo isso porque agora realmente parecemos combinar um com o outro, e não porque eu gosto dela ou coisa assim. Era exatamente o contrário, ela me estressava em um nível fora do normal, era a pessoa mais teimosa que eu já vi e sua alegria às vezes era irritante. Além de ser péssima em matemática e eu precisar ensinar o tempo todo.

E eu nunca me apaixonaria por alguém, ainda mais depois do exemplo incrível de amor que o meu genitor deu a minha mãe. Eu jamais me apaixonaria, ainda mais por alguém como ela.

Mas ainda assim...

— Por que está dizendo isso? — Perguntei ao me dar conta de que ela me encarava esperando uma resposta. Afundei todos aqueles pensamentos e me obriguei a parar de pensar naquela bobeira.

Ainda assim, o quê? Não é como se Isabella tivesse alguma qualidade que me faria ficar apaixonado por ela! Isso é bobeira.

Já vi meninas mais bonitas, mais educadas, mais inteligentes, adoráveis e não me apaixonei. Por que me apaixonaria por ela que não tem nenhuma qualidade em especial? Ela é apenas um plano e sempre será.

Preciso dela apenas para a minha carreira.

Me apaixonar por ela... Que bobeira!

— Não sei... Você foi educado até demais com a minha mãe. Esperava você olhar para ela com esses seus olhos maléficos e dizer "vim buscar a sua filha insuportável e irritante! Espero que ela não tenha puxado isso de você!" — Ela engrossou a voz, tentando chegar ao meu tom e depois começou a rir de um jeito descontrolado.

Aquela risada...

Essa risada me fazia querer rir...

— Que bobagem! — Praticamente berrei, tentando afastar aqueles pensamentos intrusivos tão idiotas quanto ela. Isabella me encarou completamente confusa, tentando entender o motivo do meu grito.

— Tá bom, não precisava falar assim também... — Ela abaixou o olhar, como se aquilo a machucasse.

Eu bufei pois era impressionante como não se magoava com nada que eu dizia, então porque parecia estar chateada? Por que parecia aborrecida? E por que aquilo me incomodava ao ponto de querer me desculpar?

— Não é isso, é que... — Eu olhei para os lados, buscando algo para dizer. — Eu fui educado para que ela sinta que você está segura comigo, entende? E o plano é me fazer mais sociável, não é? Preciso mudar com a sua ajuda. — Me expliquei, vendo que o seu olhar ainda estava distante.

— Tudo bem, mas não precisava gritar. — A menina evitou o meu olhar mais uma vez, me deixando irritado.

— Eu não gritei, Isabella. — Debati.

— Não, que isso. Eu estou imaginando coisas. — Debochou.

Essa garota... Por que tão irritante?

Por que tão teimosa? E por que isso é tão atraente?

Apertei os olhos, me forçando a parar de pensar naquilo.

— Atraente é uma ova. — Sussurrei, vendo que ela me olhou com um bico nos lábios e a testa franzida.

A mesma expressão que fez ao me ver arrancando um de seus girassóis. Essa carinha de brava...

— O que você disse? — Perguntou, provavelmente acreditando que eu a xinguei de alguma coisa. O que era bom.

— Que você está ridícula com essa roupa. — Declarei, mesmo tendo consciência de que estava mentindo.

— Que mentira! — Ela se abateu. Foi nítido quando olhou para o seu vestido que já não se sentia mais tão segura assim. — Não... Não é verdade!

Ficamos alguns minutos em silêncio ao passarmos pela portaria. Eu cumprimentei o porteiro com um aceno de cabeça e Isabella sorriu fraco para ele.

Caramba, ela realmente se sentia ofendia. Por que agora se ofendia com tudo que eu dizia?

Paramos perto da minha moto estacionada em uma vaga em frente a portaria, pois ainda não consegui resolver os problemas com a minha vaga de dentro do condomínio, o que me estressava diariamente. Incrível a incompetência de algumas pessoas com os seus serviços.

Estendi o capacete para ela, vendo que ela me olhou por alguns segundos e cruzou os braços.

— Eu já disse mil vezes que não gosto de motos. — Declarou, o que me fez suspirar ao ver que íamos discutir novamente sobre aquilo. — E além do mais, você tem ideia do quanto é desconfortável andar de moto com vestido? Faça-me um favor, né.

Eu pendurei o capacete de volta na moto e peguei o celular para chamar um Uber. Me dei por vencido pois, afinal, ela estava certa. Nunca usei um vestido para saber o quanto é desconfortável.

Agora, pelo jeito, preciso de um carro.

Ela se virou contra mim, para não me olhar. Ainda estava com os seus braços cruzados e aquela expressão irritada no rosto.

Ô garotinha...

O Fio Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora