40. Que absurdo!

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Narrado por Isabella.

— Vamos sentar ali? — Thomas apontou para um lugar no parque onde tinha um banco e uma árvore enorme fazendo sombra.

Desde que a atendente pediu uma foto a Thomas e ele foi todo gentil para cima dela e até passou o braço pelo seu pescoço, eu senti uma sensação horrível de ciúmes.

Eu não queria acreditar que estava realmente sentindo aquilo. Ele foi tão legal hoje, foi simpático com todos, me deixou à vontade em um lugar que eu gosto e fez um esforço para gostar também. Se comprometeu até mesmo em ajudar a instituição pelo bem das crianças. Ele estava diferente e eu gostava do quanto parecia se importar com as pessoas.

Thomas tinha um lado que estava me mostrando. Se importava comigo e como ele mesmo disse, gostava da minha companhia e queria me ver confortável. Isso mexia de alguma forma com o meu coração.

Eu disse que jamais me apaixonaria por alguém como ele, mas a verdade é que eu estava me apaixonando e não sabia como controlar aquilo.

Fizemos um acordo, não podemos quebra-lo. E por que ele gostaria de alguém como eu? Dá mesma forma como disse gostar da minha companhia, deixou claro o quanto sou irritante e que nunca se apaixonaria por alguém como eu. Somos completamente diferentes.

Caminhamos até o banco em silêncio. Eu percebia que vez ou outra, ele focava os seus olhos em mim, mas logo achava outra coisa para observar.

— É... Tá tudo bem? — Ele perguntou depois de alguns segundo em silêncio. Estávamos sentados no banco e eu observava as pessoas que passeavam de um lado para o outro. Algumas em casal, outras em amigos, outros com seus animais de estimação e alguns com os seus fones de ouvido.

— Está sim. — Tentei forçar um sorriso, mas Thomas fez uma careta.

— Você quer que eu acredite nesse seu sorriso? Você tem sorrisos melhores. — Ele lambeu o seu sorvete e eu ri daquilo.

— Estou só... Não sei, cansada. — Ele assentiu, se aproximando mais de mim no banco.

— Estou cansado também, aquelas crianças são uns anjos, mas levaram todas as minhas forças. — Eu apenas concordei com a cabeça. — Será que você pode falar? Eu realmente gosto da Isabella que não para de tagarelar um minuto. Não sei manter uma conversa, então, por favor, fale. — Ele praticamente implorou, me fazendo dar uma gargalhada. Era impressionante como me sentia bem perto dele, mesmo quando me tirava do sério.

Thomas começou a bater a sua mão contra o vento quando eu terminei de rir. Uma abelha tentava pegar o seu sorvete e ele tentava afasta-la.

— Olha só, isso é roubo. — Ele tentou afastá-la, mas o sorvete acabou caindo no chão. O menino olhou para a abelha que pousou no sorvete caído e franziu o seu rosto, irritado. — Sua aproveitadora!

— Está brigando com uma abelha? Que absurdo! — Fiz um barulhinho de reprovação e lambi o sorvete de chocolate, o encarando de uma forma que dizia "eu ainda tenho o meu". O menino me encarou com insatisfação e partiu para cima de mim, tentando pegar o meu sorvete.

Eu me levantei para correr dele mas o garoto foi mais rápido e puxou a minha mão, me prendendo contra o tronco da árvore.

Ele estava muito perto, perto o suficiente para quebrar aquela distância entre nós dois. Ele estava tão perto que eu podia ouvir a sua respiração ofegante. Ele estava tão perto que eu não conseguia encarar outra coisa além de seus lábios.

A mão livre do menino entrelaçou os nossos dedos e eu pude sentir aquela mão seca que eu entreguei o creme de mãos para hidratá-la. Ele brincou com os meus dedos enquanto seus olhos se mantinham firmes nos meus, até que por um segundo, se desviaram até a minha boca.

Uma tensão se instalou entre nós e eu senti como se uma atração magnética nos unisse, como se o universo estivesse em total acordo sobre aquilo. Como se algo superior a nós estivesse nos avisando que aquele era o momento.

Então, como se sentisse a mesma coisa, Thomas aproximou o seu rosto tomado pelo desejo nítido em seus olhos. Ele soltou a minha mão que segurava o sorvete e a levou até a minha nuca, unindo os nossos lábios em um beijo calmo que anunciava a paixão que ambos estavam sentindo naquele momento.

Eu sentia o meu coração bater em uma melodia perfeita, completamente sincronizada ao seu. Nossos lábios pareciam se encaixar de uma forma única e ambos pareciam mergulhar naquela onda de desejo que nos tomou.

Sem perceber, eu acabei soltando o sorvete e entrelaçando os meus braços ao redor de seu pescoço. Sua boca tinha um gosto de creme por conta do sorvete, mas se misturava ao sabor de chocolate dos meus lábios. Thomas introduziu a sua língua que dançou no mesmo ritmo de seus lábios, uma dança que parecia ser ensaiada por muito tempo e finalmente estava na sua estréia. Ele pressionou mais o meu corpo contra o tronco da árvore e me beijou em uma intensidade maior, levando a sua mão disponível até a minha cintura.

O tempo parecia congelar e cada segundo que passava estava sendo preenchido com a doçura daquele momento. Um momento que certamente iniciaria um novo capítulo em nossas vidas.

Até o meu celular começar a tocar, quebrando a magia do momento. Me afastei brutalmente de Thomas sentindo uma tremenda vergonha ao encarar os seus olhos e ver que realmente havíamos nos beijado.

Peguei o meu celular com uma certa dificuldade por ainda estar presa naquele momento. O levei até o ouvido sem ao menos ver quem era, me sentindo envergonhada ao ver que Thomas me encarava com um sorriso ladinho nos lábios.

— Alô? — Perguntei, me virando contra Thomas ao ver o quanto seu olhar me provocava.

Filha? Será que você já pode voltar? Tenho algo que... Que gostaríamos de te dizer. — A voz da minha mãe estava carregada de preocupação.

— O que houve? — Perguntei, sentindo aquela ansiedade toda de mais cedo tomar o meu corpo.

Estava com medo de algo. Estava com medo de ser aquilo.

— Chegando aqui a gente conversa, tá bem? Vem com cuidado e agradece a Thomas pelo dia. — Ela desligou a ligação antes que eu pudesse questionar.

Olhei para Thomas que não carregava mais o seu semblante provocativo. Ele parecia tão preocupado quanto eu. Portanto, que se aproximou de mim e segurou os meus ombros.

— O que aconteceu? — Perguntou ao ver o quanto eu estava abatida novamente.

— Thommy, eu tô com medo. — Ele parecia ainda mais surpreso ao me ouvir dizer aquilo. — Eu não... Não quero que seja isso...

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