24. Meus modelos são bonitos!

76 18 30
                                    

— Por que o livro de matemática está triste? — Ele me encarou como se não acreditasse que eu estava contando uma piada.

— Você não está fazendo isso, né? — Estalou a língua na boca e olhou para o fotógrafo com impaciência.

— Por que? Responda! — Empurrei levemente o seu ombro, o vendo se render.

— Poxa... Por que eu resolvi fazer isso? — Reclamava para si mesmo. — Por que, Isabella?

— Por que ele tem muitos problemas para resolver! — Comecei a rir ao ver que o fotógrafo gargalhava juntamente comigo. Thomas mantinha a sua expressão séria, nos olhando com uma fúria nos olhos.

— Isso era para ser engraçado? — Ele arqueou uma das sobrancelhas.

— Calma, agora você vai rir, ó. — Recuperei o meu fôlego, tentando parar de rir. — Por que os médicos estão sempre calmos?

— Por que, Isabella? — Respondeu de maneira arrastada depois de um suspiro.

— Porque eles têm muitos pacientes. — E mais uma vez, comecei a gargalhar ao ouvir a risada do fotógrafo. Mas o menino mantinha a sua expressão séria com uma certa impaciência. — Tá legal, eu tenho mais uma. — Declarei, tendo a certeza de que dessa vez conseguiria. Essa era fatal. — Qual é a sobremesa favorita da vaca?

— Qual, Isabella? — Ele olhou para seus próprios pés, totalmente entediado.

Antes de dizer a resposta, comecei a cair na gargalhada. Não tinha como não rir daquela. Era boa demais para aguentar.

— O muuuuuuussi. — Caí na gargalhada antes mesmo de terminar. Eu ria tanto que minha barriga chegou a doer enquanto meus olhos lagrimejavam. Eu ri tanto que acabei soltando a minha risada secreta de porquinho.

Parei imediatamente ao solta-la, levei a mão a boca e encarei Thomas com os olhos arregalados. E me surpreendendo, Thomas abriu um leve sorriso nos lábios, que foi se estendendo e se tornando um sorriso mais largo. O menino tentava esconder, mas seu sorriso se esticava mais e mais. Ele estava rindo!

Ele estava mesmo rindo!

— Meu Deus! Que risada horrorosa é essa que você tem! — Ele ri mais um pouco e eu olho para o fotógrafo com um sorriso no rosto. O homem parecia chocado visualizando aquele cenário raro.

Eu me afastei um pouco dele e pude ver o homem começar a tirar as fotos enquanto Thomas ria sem parar. Quando o menino percebeu o jogo do fotógrafo, o seu semblante foi se fechando até se transformar na cara de bunda novamente.

Ele apagou qualquer resquício de sorriso do seu rosto. Uma pena, pois seu sorriso verdadeiro era tão bonito e sua risada tão suave.

— Você tem um belo sorriso. — O homem declarou ao analisar as fotos. — Deveria usá-lo com mais frequência. — Thomas o encarou com os olhos cerrados, como se sorrir fosse uma de suas fraquezas. — Que tal tirar umas fotos com ele, Isa? Será que posso te chamar assim? — Eu assenti para o homem e pensei um pouco em sua proposta.

— Nunca tirei fotos na vida. Não tenho experiência alguma com isso. — Admiti.

— Vamos ver como se sai! Acho que ficariam ótimas. Se você puder soltar aquela sua risadinha de porquinho mais uma vez para fazer Thomas rir, também vou agradecer. — Eu levei a mão à boca, me sentindo envergonhada. Mas logo ri daquela situação.

Fui levada para colocar uma das roupas da coleção. Ajeitaram minhas tranças, passaram longos trinta minutos fazendo uma maquiagem e me posicionaram ao lado de Thomas.

— Thomas, não tenho ideia do que fazer. — Eu me sentia um pouco desesperada ao ver todas aquelas luzes em meu rosto e câmeras por todos os lados.

— Então somente siga os meus movimentos. — Ele declarou e em um movimento rápido, levou a sua mão para o meu pescoço, se aproximando tanto, que eu podia sentir o seu hálito com cheiro de menta bater em minha bochecha. O menino me encarou intensamento por alguns minutos, até que a foto foi tirada e ele mudou a posição. — Relaxa seu corpo, está tensa. — Thomas toca a minha cintura e me faz ficar de costas para ele. Ele encosta minha cabeça em seu peito e afoga seu rosto em meu pescoço. Aquele simples gesto foi suficiente para fazer o meu corpo inteiro se arrepiar.

Seu toque fez o meu corpo inteiro arrepiar.

(...)

Quando a sessão de fotos finalmente havia chegado ao fim, eu só conseguia pensar em cada vez que desviei o olhar por não conseguir mantê-los vidrado em Thomas, cada vez que gelei ao senti-lo tocar alguma parte do meu corpo, ou cada vez que parecia que me beijaria pois estava perto o suficiente para quebrar aquela distância.

— Ficaram lindas! — O fotógrafo passava uma por uma com uma empolgação no olhar.

— Arrasou nas fotos. — Uma outra fotógrafa comentou enquanto alguns se juntavam para ver também.

— Meus modelos são bonitos! — Ele se gabou. — Já viu o quanto o cabelo da minha modelo é bonito?

— Muito obrigada. — Sorri ao ouvir seu elogio. Percebi que Thomas me encarava, mas assim que olhei para me certificar de que realmente estava olhando, ele desviou os olhos e focou nas fotos.

Uma menina dos cabelos longos e castanhos, olhos verdes e uma pele impecável, se aproximou de Thomas para conversar. Mas não parecia uma simples conversa já que a todo momento ela forçava risadas, o tocava e dizia coisas obscenas.

Ela estava claramente dando em cima dele. E ele não parecia gostar nem um pouco daquilo.

Thomas falou alguma coisa para ela e tirou suas mãos de seu ombro, a deixando surpresa. Ele veio até mim, cruzou os seus braços e parou ao meu lado, sem me encarar.

A menina passou por nós com os olhos presos em mim. Ela me olhava tentando me intimidar. Seu olhos diziam: quem você pensa que é para se aproximar dele assim?

Senti um medo percorrer o meu corpo. Por que ela precisava me encarar daquele jeito? Mal sabe que se eu pudesse, doaria minha vaga de namorada de mentira. Pois aquele emprego, não me agradava muito.

O Fio Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora