52. Obrigada, Isa!

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Depois de Yuri fazer o maior drama dizendo que eu o estava abandonando agora que comecei a namorar com Thomas, ele virou o rosto e caminhou em direção ao ponto de ônibus, dizendo que aceitaria esse destino de voltar sozinho para casa.

— E lá se vai meu penteado novamente. — Suspirei em frustração, observando que Thomas prendia o capacete em mim. Ele ria da minha reação e ajeitava o capacete.

— Prometo comprar um carro para não amassar os seus penteados. — Ele colocou o meu rosto entre suas mãos e depositou um beijo em meus lábios. — Mas seu cabelo terá que aguentar firme até eu renovar minha carteira de habilitação. — O garoto fez uma careta e eu comecei a rir.

— Como foi na prova? — Mudei o assunto, vendo que ele colocava o seu capacete agora.

— Eu fui incrível, como sempre. — Deu de ombros, com seu sorrisinho sarcástico. O menino subiu na moto antes de se virar para mim. — E você? Tenho certeza de que foi bem.

— Acredito que fui melhor do que nas outras vezes. — Coloquei as mãos em seus ombros e fiz impulso para me sentar na moto, agarrando o seu corpo assim que sentei e ela balançou.

Meu Deus, como alguém sentia prazer em andar naquilo?

— Então, posso dizer que estou muito orgulhoso da minha namorada. — Eu pude ver o seu sorriso bobo no retrovisor antes de disparar pela estrada com a moto, me fazendo agarra-lo para não cair.

Quando chegamos, cerca de uns cinco minutos, eu estava tonta por conta da tamanha velocidade que o menino correu.

— Você tá planejando me matar? — Coloquei as mãos nos joelhos, respirando tão fundo que eu podia sentir os meus pulmões armazenando aquilo tudo de ar.

— Ah, eu nem corri tanto. — Ele riu baixo e se aproximou de mim, retirando o capacete da minha cabeça. — Pode deixar que eu rego as flores hoje antes de sair para a minha entrevista, tá bom? E quando eu chegar, te envio uma mensagem para nos encontrarmos no jardim. Sei que não é um encontro muito glamouroso, mas pela semana a gente faz algo melhor. — Ele depositou um beijo em minha bochecha e correu em direção ao seu bloco, pois seu dia acabara de começar.

Eu percebi o meu sorriso no rosto ao ver a corridinha do garoto até o seu bloco. Eu gostava dele.

(...)

Eu não aguentava mais andar de um lado para o outro com Yuri. Ele não conseguia decidir qual era a aliança perfeita para dar a Mel no encontro deles de amanhã. O menino finalmente a pediria em namoro e não sabia como escolher absolutamente nada, nem a roupa que iria.

— Eu não aguento mais andar, Yuri. — Declarei, sentando no banco mais próximo que encontrei. Aquele shopping era imenso e eu acho que não chegamos a ver nem metade das lojas.

— Olha só, você me abandonou por conta daquele seu namoradinho, ok? Não tem o direito de me negar ajuda! Está me devendo essa! — Revirei os olhos ao ouvir o seu drama novamente.

— Não estou te negando nada! Estou pedindo que você escolha a aliança mais depressa, pois já passamos em duas lojas desse shopping gigante e você nem reagiu! A última que falta fica no último andar do shopping! Ou seja, teremos que andar mais para você ter a mesma reação e termos que ir para um outro shopping em busca de aliança!

— Não precisa se exaltar também. — Ele virou o seu rosto com os braços cruzados. — Eu vou escolher, ok? Já tenho algumas em mente. Só preciso ter certeza de que a minha escolha é boa e não há outra melhor.

— Não sabia que o amor te transformaria nesse ser perfeccionista. — Caminhei em direção ao elevador do shopping, me preparando para mais uma caminhada.

— Ainda falta a roupa. — Ele sorriu de orelha a orelha, dando leves pulinhos enquanto esperávamos o elevador.

O dia seria longo.

(...)

Eu estava segurando a caixinha de aliança em mãos, tendo a ciência de que aquele anel levou todas as economias de Yuri, mas ele parecia radiante por ter achado algo tão belo para sua futura namorada. Aquilo me fez analisar o anel em meu dedo, que possuía a mesma beleza. Mas acontece que para mim, aquele tinha um valor maior, pois foi a pessoa que eu gosto que me concedeu.

O meu celular começou a tocar, me fazendo procurá-lo pela bolsa até ver que estava em meu bolso. Atendi o telefone vendo que era Mel.

— Oi, Isa! — Sua voz entregava um nervosismo do qual eu nunca havia visto.

— Oi! Aconteceu algo? — Perguntei, com medo de que algo tivesse acontecido.

Não... É que eu gostaria de pedir um favor. Acho que você é a pessoa mais indicada para isso. É a única que eu acredito ser minha amiga de verdade. — Eu sorri ao ouvir suas palavras. Então Mel me considerava uma amiga de verdade?

— Pode falar, Mel. — Olhei para frente e vi que Yuri ainda escolhia sua roupa antes de entrar para o trocador.

— Eu gostaria que viesse a minha casa amanhã... É que eu e Yuri vamos sair por volta da noite e... — Parecia ter medo de dizer, então eu completei.

— Você quer ajuda para se preparar? — Abri um sorriso ao ver que Yuri tropeçou em um dos bancos enquanto caminhava até o trocador.

— Sim! Mas só se você quiser, é claro. — Respondeu, ainda com receio.

— É claro que vou! Fico feliz em saber que irão sair juntos! Me passa o horário amanhã e pode ter certeza que te farei companhia. — Eu pude ouvir a sua animação do outro lado da linha.

— Obrigada, Isa. Obrigada mesmo! — Ela agradeceu com um ânimo nítido na voz.

— Eu que agradeço por desejar a minha companhia. — Declarei a ela, passando longos minutos, ouvindo-a falar sobre as roupas possíveis para o seu encontro.

Era bom saber que os dois confiavam o suficiente em mim para pedir ajuda nesse passo importante que darão em suas vidas. E era bom vê-los felizes.

Porque só eu sei o quanto precisei aguentar ouvindo Yuri falando de quanto Mel era bonita e nunca ter tomado uma única atitude.

Depois de algumas horas até Yuri decidir a roupa perfeita, resolvemos ir embora. Mas no caminho em direção as grandes portas do shopping, encontramos um fliperama que íamos há alguns anos atrás.

Quando tínhamos algum problema, íamos nos divertir nesse fliperama. Me lembro que o que mais jogávamos era pac-man. E quando o pai de Yuri morreu, passamos o dia inteiro no fliperama, gastando nossas moedas com pac-man e chocolates. O mesmo aconteceu quando os meus pais se divorciaram.

Mas agora o lugar estava diferente. O velho jogo do pac-man não estava mais lá. E antes, quando o lugar era apenas recheado de jogos de fliperama, agora estava tomado de atrações de parque. Até mesmo uma mini montanha russa tinha no lugar. Carrinho bate-bate, realidade virtual, e cabum era uma das várias atrações que ocupavam o lugar.

— Nossa, pelo jeito ampliaram o nosso fliperama. — Yuri observava o lugar com suas sacolas de roupa em mãos.

— E se livraram do nosso querido pac-man. — Fizemos um bico demonstrando o nosso luto por termos perdido um amigo de longa data, antes de correr em direção ao primeiro brinquedo que vimos: o carrinho bate-bate.

Passamos longas horas naquele lugar, desfrutando das memórias e criando novas lembranças, sabendo que nossa amizade era tão forte que nem mesmo Yuri batendo em meu carrinho várias vezes, quebraria isso.

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