49. Ele está tão bonito, não é?

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Algumas semanas se passaram desde que declaramos os nossos sentimentos um para o outro. Desde o dia em que eu descobri que meu coração batia diferente ao ouvir a sua voz, que minha barriga borbulhava ao sentir o seu toque, que os meus pés ficavam bambos com o seu olhar. Faz algumas semanas desde o dia em que cheguei a conclusão de estar apaixonada.

Era interessante ver o quanto as atitudes do menino estavam diferentes.

Ele se tornou mais falante, menos grosseiro, mais doce, sorridente e até mesmo sente vontade de sair o tempo todo. Sendo responsável por praticamente todos os nossos encontros.

Agora nos abraçamos mais, nos beijamos mais e passamos a maior parte do tempo juntos. Desejando a presença um do outro a cada instante.

Fiquei mais próxima da sua família e até conheci o seu tio, pai da Melissa. Sua mãe se mostrou ser uma pessoa adorável e tão gentil que os assuntos são os mais leves possíveis.

Eu confesso que me sinto mais feliz agora com ele ao meu lado. Achava bobeira desejar alguém assim. Achava que o amor não era para mim e por isso lia sobre isso, na tentativa de saborear um pouco do amor que eu acreditava não querer. Até que ele surgiu e me mostrou que eu verdadeiramente o quero e desejo muito viver esse amor intensamente.

Como tenho vivido.

Continuei a ir em seus compromissos de modelo. Mas agora não era como uma namorada falsa, agora era tão real que todos podiam sentir a distância o quanto o nosso amor se exalava. E eu gostava do sentimento de saber que aquilo era verdadeiro.

Thomas, infelizmente, estava abarrotado de trabalho por conta do lançamento da nova revista de primavera e o lançamento do novo perfume que promete grudar o cheiro de rosas até na sua alma. E eu acabava o acompanhando em todas as suas gravações e sessões de fotos, o que ele instia para eu não fazer pois ficaria cansada. Mas mesmo assim, eu gostava de saber que podia esperar o meu namorado no trabalho.

E por mais que Thomas estivesse cheio de trabalho, sempre conseguíamos arrumar um tempo para ficarmos juntos. Como na semana passada, que fomos assistir um filme no cinema e passamos grande parte do filme nos beijando na última fileira, ou no início da semana, que Thomas decidiu que queria passear de barco comigo e comparou a minha cara com um baiacu que vimos nadando na costa. Eu, para rebater, comparei a dele com o famoso peixe gota, dizendo que quando o beijava, parecia beijar aquele bicho assustador com cara triste e gosmento.

Ele se sentiu humilhado e decidiu que não era uma boa ideia me provocar. Mas eu gostava de ver que ele não tinha perdido aquela sua implicância.

Ontem, com o tempo que ele tinha livre, decidimos ir assistir uma peça de teatro que estava em cartaz. Passamos a maior parte da peça imitando a expressões faciais dos atores e rindo ao ver as caretas um do outro. Tiramos diversas fotos e eternizamos cada momento, que agora eram verdadeiros.

Eu me sentia extremamente feliz por ter alguém para me ajudar a ficar bem mesmo depois da perda de alguém que eu amava tanto...

Nesse instante, eu estava em sua casa cozinhando com a sua mãe. Nós assistíamos Thomas em um programa de televisão onde ele e a modelo Naomi estavam sendo entrevistados sobre a rotina na only fashion.

Por mais que eu não gostasse nem um pouco daquela garota, ele me disse para ficar tranquila pois seu coração só tinha lugar para uma pessoa e me disse para parar de ser tão ciumenta.

E era estranho saber que eu tinha ciúmes.

— Ele está tão bonito, não é? — Sua mãe abriu um sorriso adorável enquanto lava a louça.

— Está sim. — Abri um sorriso ao vê-lo sorrir com uma das perguntas do entrevistador. Era engraçado pois agora ele tinha uma facilidade incrível em se abrir e sorrir mais para as pessoas.

Os fãs começaram a dizer que a causa disso sou eu. Justamente como ele desejava. Mas antes, ele planejava encenar a sua mudança. Agora, sua mudança é tão verdadeira que ele não consegue esconder o seu bom humor.

— Sabe... Sou tão feliz por Thomas ter encontrado alguém como você, sabia? Eu pedi muito a Deus por isso. — A mulher abriu um sorriso curto, secando a pia. — Eu passei muita coisa com o pai dele. Me apaixonei como uma adolescente boba aos dezesseis anos e acabei engravidando de um homem que dizia me amar e me largou quando descobriu que teria um filho dele. — Ela apoiou na mesa, parecia difícil demais reviver aquelas memórias. — Eu estava no início da minha carreira de modelo, quase conseguindo um trabalho no exterior... Mas a gravidez me atrapalhou. Não estou dizendo que Thomas foi um mal, eu amo o meu filho mais que tudo nesse mundo. E infelizmente, ele acha que foi um mal para mim. Acha que ele estragou a minha carreira de modelo e por isso fez de tudo para recompensar isso, mesmo eu dando a certeza a ele de que não era sua culpa. — Eu pude ver os seus olhos se encherem de lágrimas e seus lábios ainda curvados em um sorriso triste. — O meu irmão me ajudou por um tempo e me enviou para longe de todos os jornais e revistas que queriam usar o meu momento de dor como notícia bombástica. Ele me enviou para os Estados Unidos e me ajudou com o necessário. Até que Thomas completou oito anos e decidiu que queria ser modelo. — Limpou suas lágrimas dos olhos, sorrindo um pouco mais com a lembrança. — Eu achava que por me ver fazendo alguns pequenos trabalhos, o desejo despertou em seu coração. Mas a verdade era que com oito anos ele sentia a necessidade de cuidar de mim quando eu deveria cuidar dele.

— Ele se mostra insensível mas tem um coração enorme. — Me aproximei da mulher e passei o meu braço pelo seu ombro, abraçando de lado.

— Ele tem... Uma pena que eu não tenha conseguido fazer com que ele mostrasse mais esse lado sensível. Sinto que errei com ele ao vê-lo se fechar a cada dia, se importando apenas com sua carreira, com o seu estudo e nada além disso. Se importava tanto com isso que ao invés de brincar aos dez anos, como todas as crianças, ele se empenhava em aprender as matérias mais avançadas para a sua idade, ele se dedicava nos idiomas e trabalhava tanto na sua carreira, que aprendeu a administra-la sozinho. Ao invés de ser uma criança normal e se divertir com os amigos, ele trabalhava no seu futuro de uma forma determinada. Até que decidimos vir para o Brasil com a proposta do meu irmão. — Ela sorriu para mim. — E agradeço por termos aceitado essa proposta. Por que se o meu filho não tivesse te conhecido, provavelmente não conseguiria aprender o que eu não consegui ensinar. Ele aprendeu a sentir, Isa. Você despertou o lado mais bonito do meu filho... E por sua causa, ele aprendeu a ter empatia. Aprendeu a amar, ser gentil, a sorrir... Nossa... Quanto tempo eu não o via sorrir como vejo hoje! — Me abraçou de volta, olhando para a televisão de um jeito meigo. — Ele tem um sorriso tão lindo...

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