Capítulo 16

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— Muito bem, senhores, comecemos.

Era assim que se iniciava praticamente toda reunião do conselho privado, não que houvessem muitas seguidas. O rei e seus sete selecionados, geralmente um de cada região, se reuniam na sala em meio à távola principal do gabinete e discutiam os assuntos que se mostraram necessários. Já era costume que um ou outro se mostrasse mais energético ou então que falasse mais, como Lorde Fremt, de Alaham, que sempre fazia questão de exibir sua eloquência e sua posição superior. Agora mais que nunca se sentia ameaçado por Stefan, pagando para plebeus se tornarem letrados e potenciais copistas, e por isso se esforçava para continuar em destaque aos olhos do rei.

Yoren, assim como quando junto dos amigos, era de falar pouco e era incisivo principalmente quando não concordava com algum posicionamento. Sabia ser direto e ao mesmo tempo ter um trato mais gentil, principalmente quando precisava sugerir ideias ao rei.

— Vossa Majestade pode aumentar a vossa influência com o leste, convidando os marqueses da fronteira para a Feira. Os nobres estariam mais motivados a defendê-lo, se de fato os itréns invadirem como se vem desenhando. — aqui disse após o duque de Thurmanya expor a situação de tensão com as tribos e, vendo que North não parecia muito animado em ter marqueses no palácio na primavera, interviu. Conversava com o duque constantemente, percebia-se, e já que se assumia uma amizade formada parecia natural que se ajudassem. — Se for o caso de não deixar os marquesados sem seus líderes, talvez convidar seus filhos possa surtir o mesmo efeito.

O Boularge tinha um olhar crítico e misterioso por natureza, apesar de sempre se apresentar prestativo e simpático, era o tipo de homem que era fácil de se gostar, já que também era agradável e simplório com os que considerava seus amigos; parecia também saber de todas as informações antes das outras pessoas, mostrava-se pouco e era generoso com seus informantes.

Stefan, por sua vez, tornara-se do tipo que falava pouco e mais seguia os ditos administrativos e cumpria o que lhe era pedido. Fosse redigir algum anúncio, auxiliar Geoffrey ou organizar os soldados encarregados das rondas de segurança das áreas menos ocupadas. Isso e mais o que recebia de demanda de Mophet não devia ocupar mais que metade do seu dia, o que já o deixava frustrado por si só. Ele se sentia descartável, o que não melhorava tanto o senso de autoestima negativa que já possuía. O lado bom é que Geoffrey Oaks se tornou um rosto amigável para além de ser o sogro de sua irmã. O homenzinho possuía uma personalidade singular quando trabalhava, e mais ainda quando isolado do grupo geral da nobreza, já que quase sempre trabalhava sozinho; o Alastair era muito bem recebido no escritório do Barão Real, diferente de como se sentia a cada nova reunião, sendo recepcionado com chá ou algum doce.

Falava pouco, era visível, mas quando falava era rapidamente cortado ou desacreditado. Suas ideias não eram levadas em conta e seu conhecimento geográfico invalidado.

— O senhor espera que chamemos os plebeus que ensinou a ler para trabalhar na corte ou nas casas dos nobres? Veja, eu tolerei que tomasse essas atitudes, mas se vier querer incluí-los nas casas da realeza mandarei derrubar o casarão com eles dentro. — ele deu uma risada curta — Se em Mophet quiserem se misturar assim, entregue-os aos seus condes. Ademais, não levarei em conta sua sugestão sobre o sul, aposto que Hunk está passando sem muitas dificuldades.

Em pouco tempo aprendeu que ficar em silêncio e seguir com o que os outros decidiam era mais benéfico e menos estressante, além de causar menos barulho.

— Não se condene tanto: é apenas o começo, logo estará mais à vontade no posto. — Geoffrey, nutrindo sincera afeição pelo rapaz, procurava animá-lo, com pouco sucesso mesmo com o timbre de voz grave e aconchegante que possuía, além de sempre parecer ter os olhos arregalados quando oferecia conselhos a alguém.

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