Capítulo Cinco

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Geizon
Coloquei a bermuda rápido, joguei o celular longe e me escondi debaixo das cobertas.
– Porra Bryan!
Ele se jogou no chão e tapou os olhos, resmungou alguma coisa.
– Você não sabe bater?
– A porra da porta tava aberta! Eu só queria uma coberta mais grossa! Desculpa!
Levantei da cama e puxei Bryan para levantar o mesmo do chão, fui até meu closet e puxei de lá um cobertor grande, grosso e branco. Entreguei a ele e abri a porta para ele ir.
– Já tem o que você queria, pode ir.
– Obrigado. - Ele saiu do quando com passos rápidos.
Fechei a porta e tranquei, encostei na mesma e suspirei, peguei meu celular e saí do perfil do Bryan. Coloquei o aparelho no criado mudo, desliguei a TV e fui dormir.

Acordei com uma puta dor na coluna, fui até o banheiro para mijar, lavei as mãos e desci para a cozinha. Avistei Bryan fazendo o café na bancada da cozinha e franzi a testa.
– O que você está fazendo acordado as 8:20 da manhã?
– Meu horário de acordar é sempre 6:40, então tomei a liberdade de fazer o café, sua cafeteira é muito boa por sinal.
– Tô ligado…
Encostei o corpo no balcão e peguei uma manga da fruteira dando uma mordida.
– Olha, sobre ontem… - Eu falei.
– Não precisa tocar no assunto. Você tava batendo punheta, era óbvio. Só vamos… vamos fingir que essa noite nunca existiu.
– Concordo plenamente.
– Obrigado.
Sentei no banquinho de frente para o balcão e vi Bryan vir até mim com um prato de ovo mexido com cebola e tomate e um suco de limão natural, colocou na minha frente e voltou para a cafeteira.
– Como sabe que eu como isso no café da manhã?
– Eu liguei pro Thiago.
– Entendi.
Comecei a comer e olhei Bryan lavando a louça, ele passava a esponja com tanta força no prato que parecia que ele iria quebrar o prato.
– O que quer fazer hoje?
– Bom, eu pretendo ir para a minha casa. Preciso alimentar meu gato e minha cobra.
– Você tem uma cobra? - Perguntei pegando o copo.
– Tenho. É uma Cobra Real Californiana.
– E ela não te ataca não?
– Não, né querido, eu tenho ela desde que saiu do ovo. E essa raça não tem veneno.
– Ah vamo! Minhas filhas chegam hoje. - Ergui os braços.
– Você tem filhas?
– Duas. Hanna e Akasha.
– Noss… Não, nada não.
– O que foi?
– Não é nada.
– Fala logo.
– Se eu falar você vai me bater.
– Só se for algo absurdo.
– O nome delas é esquisito.
Larguei o garfo e olhei pra ele.
– Corre muito.
Ele saiu correndo da cozinha, levantei no mesmo segundo levantei atrás dele, subimos as escadas quase caindo um em cima do outro, por fim, ele entrou dentro do quarto dele e se trancou lá.
– Tu tá morto!
– Isso é rivalidade negra, não podemos fazer isso irmão! - Ele gritou do outro lado da porta.
– Rivalidade negra é o meu pau rapa.

Bryan

“Remember when you hit the brakes too soon?
Twenty stitches in a hospital room
When you started crying, baby, I did too
But when the sun came up, I was looking at you
Remember when we couldn't take the heat?
I walked out, I said "I'm setting you free"
But the monsters turned out to be just trees
When the sun came up you were looking at me”
Pausei a música no rádio do carro e olhei para trás.
– E essa é a música Out Of The Woods da diva pop, Taylor Swift. Alguma pergunta?
– Eu tenho! - Hanna levantou a mão.
– Qual é?
– Ela é amiga do papai?
– Olha… não. Mas quem sabe um dia? - Eu falei rindo e olhando pro Xamã ao mesmo tempo.
– Você não me contou que dá aula também.
– Eu sou formado pelo instituto Taylor Nation.
– Isso é uma faculdade? - Ele levantou a sobrancelha esquerda.
Eu revirei os olhos e dei quatro tapinhas no ombro dele.
– Fica quietinho e dirige.
Akasha levantou a mão, virei pra ela e senti o brilho das lantejoulas refletidas com a luz do sol do vestido de Aurora dela doer meu olho.
– Pode falar querida.
– Por que você e o papai estão juntos?
– Eu sou um colega de trabalho.
– Mas não era o tio Thiago?
– Era, quer dizer. Ainda é, mas eu sou outro colega de trabalho.
– O que você faz então?
– Eu ajudo seu pai a fazer músicas.
– Por que?
– Porque eu ajudo.
– Mas por que você ajuda?
– Porque seu pai não tem ideias. - Depois que falei isso senti um soco na minha cintura.
– Você e o papai são namorados?
– Sua boba, eles não podem namorar. Os dois são homens. - Hanna cutucou a irmã.
– Na verdade eu-
– Uouuu! Olha a praia ali na frente! - Xamã gritou no banco do motorista pra fugir do assunto.
Voltei pro meu lugar e sentei, me acalmei e cutuquei a coxa do moreno.
– Obrigado. - Sussurrei para ele.
Em resposta ele deu uma piscada e virou a curva para o estacionamento.

Quando a pessoa é rica é outro patamar, sinceramente, eu nem sabia que isso existia até conhecer o Xamã. Área VIP reservada de praia. Que loucura, eles dão champanhe e toalhas que você mesmo pode levar pra casa. E outra, tem área Kids, se você não quiser levar a criança para a água você deixa com tias que levam e cuidam delas lá. Adorei cada segundo.
Abri meu Kindle e comecei a ler, sinceramente, eu nunca gostei muito da praia, a areia é insuportável e o mar só é bom quando está vazio. Então Os Sete Maridos De Evelyn Hugo vai me ajudar muito nessa praia.
– Você trouxe óleo de côco? - Escutei a voz de Xamã à minha direita.
– Tá na minha ecobag. - Falei abaixando o Kindle.
Quando baixei aquele Kindle eu tive a visão dos deuses, ele tava com um short preto levantado, encharcado por causa da ducha e sem camisa.
Ele veio até mim e eu pude sentir o cheiro do cabelo dele, ele nem tomou banho mas tinha cheiro daqueles cobertores chiques de loja.
Pegou minha ecobag de folklore e puxou de lá de dentro um óleo de côco.
– Valeu. - Colocou a ecobag de volta no lugar e foi para espreguiçadeira ao lado da minha.
Enquanto eu tentava ler ele passava aquele óleo por todo corpo dele, ele não deixava eu me concentrar na minha leitura. Resolvi colocar os meus fones e deixar a playlist no aleatório.

“And that's how it works
That's how you get the girl, girl, oh
And that's how it works
That's how you get the girl, girl, yeah
And you could know, oh
That I don't want you to go”
Acordo assustado com o refrão de How You Get The Girl e levanto da espreguiçadeira, tiro o fone e olho a mesa de frente para a minha espreguiçadeira.
– Eu já ia te acordar. Vem comer.
A mesa tiva petiscos de peixe, batatas fritas, anéis de cebola, mini hambúrgueres, churrasco e nuggets.
– Você que pediu isso?
– Não, o papa apareceu, disse que era meu fã e pagou isso pra mim.
Fiquei olhando com cara de cu para ele por uns 7 segundos. Ele riu da minha cara e sentou na ponta da espreguiçadeira dele.
– Claro que pedi né, inteligente.
– Como você é engraçado, estou me mijando de rir. – Me rastejei até a beira da espreguiçadeira.
Ele levantou e olhou para Hanna e Akasha que estavam na área Kids no andar de baixo.
– Garotas, venham comer! - Ele gritou tão alto que eu tive que esconder minha cara. - Que foi?
– Você gritou muito alto.
– Ah, para de ser fresco.
– Vai se fuder. - Falei pegando um petisco de peixe.
Ele se sentou de volta e pegou uma carne.
– Não sabia que você é um pai tão atencioso.
– Tem muitas coisas que você não sabe sobre mim.
– Nossa, que misterioso.
As meninas chegaram e nós 4 comemos e conversamos.

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Tudo Muito Bem (Versão de 10 Sentimentos) - XamãOnde histórias criam vida. Descubra agora