Tudo Muito Bem (Versão de 10 Sentimentos) - Xamã

Capítulo Quatorze

Geizon
Bryan estava estranho desde que chegou no estúdio, ele só me ajudava a escrever e apenas. Nem falava em tom irônico comigo. Eu achei aquilo muito esquisito, e quando terminamos de fazer tudo eu perguntei para ele se ele queria fazer alguma coisa e ele respondeu:
– Sei lá, pode ser.
Eu olhei pra ele e franzi a testa.
– O que aconteceu?
– Como assim?
– Você está estranho.
Ele suspirou e levantou do sofá indo até o frigobar para pegar uma garrafa d'água.
– Eu não quero falar sobre isso.
– Pode falar.
– Não Xamã, não quero.
– Eu sou seu namorado. Me fala.
– Isso mesmo, você é meu namorado, não sou seu "amigo", nem sou seu "parça".
– Qual é a fita? Como assim?
– Ontem de novo você fez a mesma coisa.
– Fiz o que?
– Você soltou a minha mão de novo.
Eu revirei os olhos e suspirei.
– É sério? Você de novo com isso?
– Sim Xamã. De novo com isso. Você soltou a minha mão e quase não deu atenção pra mim ontem!
– Eu estava conversando com meus amigos! Me entenda, por favor!
– Isso mesmo! Quem convida amigos para um churrasco de família?!
– Mas eu te convidei! - Eu gritei apontando pra ele.
Ele olhou pra mim, jogou a garrafa no chão e pegou sua bolsa com celular e começou a caminhar até a porta.
– Até amanhã.
Eu não sabia o que fazer, eu apenas levantei correndo e fui até ele, o puxei pelo braço.
– Me solta! - Ele gritou.
Eu o puxei para um abraço e falei:
– Me desculpa por ter feito isso com você de novo, eu sei que eu fui um idiota. Por favor, me desculpa. Amor, perdão. Eu não me lembro do momento mas por favor, desculpa.
– Promete não fazer isso de novo? - Ele perguntou com uma voz baixa e fraca.
– Prometo. Eu juro.
Ele me abraçou de novo e eu pude notar algumas manchas de lágrimas no meu moletom, ele tem um dom de chorar silenciosamente.
Depois disso a gente foi pro meu quarto e ficamos abraçados até ele ir embora. Mais uma noite difícil para nós dois se foi.
Até parece que vai ser a última.

Bryan

Não definido
1.Ardendo No Lençol
2.Alma Em Divida
3.Desamparo Melancólico
4.”Foda-se o Patriarcado!”
5.Eu só gosto de você
6.Lembro, lembro sim
7.Coracão Vilão
8.Não?
9.Seu vizinho
10.Nem fudendo
11.Tipo, sou eu
12.Não Definido
13.Não Definido
14.Não Definido
15.Não Definido
16.Não Definido

Larguei o caderno e o coloquei na mesa. Olhei para Xamã e suspirei.
– Mais 5 músicas e a gente termina isso!
– Graças a Deus.
– Enfim, eu tava pensando a gente já começar a produção das coisas, tipo, mandar as músicas gravadas para a gravadora, tirar a foto da capa do álbum, definir o nome e etc. - Eu falei levantando do sofá.
– Papo reto. Você já tem ideia para uma capa de álbum?
– Eu pensei em você desenhado em um livro antigo, porque o seu álbum dá uma ideia disso mesmo. É quase sobre reflexões antigas, como o evermore.
Ele parou, olhou pra cima, mordeu a mandíbula e levantou a sobrancelha esquerda.
– Não é uma ideia ruim. - Ele levantou e pegou seu celular e discou um número.
– Ta ligando pra quem? - Eu perguntei.
– Para a Gizele, ela que sempre tira as fotos dos meus álbuns. - Ele falou enquanto andava pelo estúdio.
Eu concordei com a cabeça e comecei a cantar Would've Could've Should've silenciosamente.
Ele começou a falar com ela no telefone e parecia super entusiasmado, eu olhei pra ele desconfiado e com a testa enrugada.
Sinceramente, eu nunca vi ele falar com essa empolgação no telefone a não ser comigo. Um sinal vermelho acendeu na minha cabeça e eu fingi ir pegar uma água no frigobar para ouvir a conversa mais de perto.
Aparentemente ele só estava marcando uma sessão de fotos para o álbum mesmo, mas tinha alguma coisa ali naquela ligação que me incomodava.
Eu voltei pro meu lugar e entrei no Instagram disfarçando o ciúmes. Não ironicamente um vídeo da Taylor Swift cantando Blank Space na The Eras Tour me fez soltar uma risada sincera.
Depois que ele terminou a ligação ele veio pra perto de mim de novo e colocou o celular na mesa.
– Ela me chamou para o estúdio de fotografia hoje às 14:30.
– Eu vou com você. - Eu falei já de imediato
– Tranquilo.
Eu olhei ele de cima a baixo e como quem não quer nada eu falei para que estava com fome. Ele concordou e foi para cozinha buscar alguma coisa para a gente comer.
Assim que ele saiu do estúdio eu corri para a mesa e peguei o celular dele, tentei desbloquear mas eu não sabia a senha. Tentei 1989, tentei 2003, tentei 1234 e tentei todos os números possíveis até bloquear.
Desisti e coloquei o aparelho de volta na mesa, suspirei e uns 20 segundos depois, Xamã voltou com dois pacotes de Cheetos para nós dois.
– Obrigado. - Eu falei pegando o pacote.
Ele sentou do meu lado e me deu um beijo na testa. Eu me afastei um pouco e olhei para ele, coloquei o biscoito no meio das minhas pernas.
– Por que você tava tão animado falando no telefone?
– Que? - Ele pareceu chocado com a pergunta.
– É, você nunca fala com tanta animação no telefone com as outras pessoas além de mim. Por que você falou dessa forma com essa mulher?
Ele abriu o biscoito e o colocou na mesa, olhou pra mim com um olhar de lado e estalou os dedos.
– Tem alguma coisa que eu precise saber?
Eu perguntei e ele não respondeu, ele engoliu em seco e olhou para o violão do outro lado do estúdio.
– Tem, Xamã?
Ele suspirou e olhou pra mim.
– A gente já ficou.
Eu suspirei e me joguei pra trás no sofá.
– Mas foi momentâneo, a gente tava bêbado, e a gente ficou. Mas foi só uma vez, amor. Ela não faz meu tipo e nem eu faço o tipo dela.
– Xamã, para homens como você, se têm buceta já faz o seu tipo.
– Como o meu tipo? Sério?
– Tá bom, Xamã. Eu vou acreditar em você, mas como eu não sou um idiota, eu vou com você nesse ensaio.
– Já falei pô, tranquilo.
– Tranquilo.