Capítulo Dezessete

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Chegamos no tal lugar e fomos recepcionados muito bem, fomos até a sala onde acontece o podcast. Comprimentamos Igor e Thiago e sentamos, conversamos um pouquinho e a gente começou a entrar ao vivo.
Eles abriram a live e eu estava igual uma formiga molhada olhando pra tudo e todos. Estalava os dedos com medo e nervosismo.
– Que foi? - Xamã sussurrou pra mim.
– Nunca fui num podcast antes, eu não assisto podcast, eu não tenho tempo para podcasts. Eu estou surtando. Meu cu está soando! - Eu sussurrei de volta.
Até que chegou a hora de nos apresentarmos, eu fui dar um “oi” mas saiu literalmente assim.
– Oi pes-pess-pessoal. - Virei para trás e comecei a tossir.
Atrai olhares da produção e dos outros, virei para a câmera e falei:
– Eu engoli um inseto, desculpa. - Eu falei e virei para trás de novo.
Todos começaram a rir, eu tentei rir junto mas eu ainda estava tossindo com aquele bixo. Até que uma pessoa da produção veio até mim com um copo de água.
Eu virei aquele copo de vidro com um gole imenso. Respirei fundo e olhei pra todo mundo.
– Desculpa gente. Isso só acontece comigo. - Eu apoiei o cotovelo na mesa e coloquei a mão no rosto.
– Pelo menos começou esse podcast numa forma memorável. Vai virar meme no Tik Tok - Igor falou rindo
– Ele adora passar vergonha. - Xamã disse.
– Desculpa gente. - Eu me joguei pra trás na cadeira.
– Enfim, é sério mesmo que vocês dois fizeram esse álbum todo? - Thiago perguntou com a sobrancelha levantada.
– Falando assim até parece mentira. - Xamã falou do meu lado.
– Mas foi foda, o tanto que a gente discutiu para fazer isso.
– Muita discussão?
– A gente discute toda hora por coisa boba. Por exemplo, agora pouco a gente discutiu sobre deixar o aquecedor do carro ligado ou não. Ou seja, são 16 horas por dia discutindo com ele.
– Mas chega a agressão física? - Igor perguntou.
– Não, claro que não. Seria uma perda de tempo bater nesse Tonhão. - Eu apontei o dedo para Xamã do meu lado.
– Mas e aí? Teve alguma que vocês mais gostaram no álbum? - Igor perguntou novamente.
– Obrigado por perguntar, eu vou te responder. - Eu falei feliz.
– Porra! - Ele bateu na mesa e riu.
– Bom, a que eu mais gostei e a que eu  estou mais animado para as pessoas ouvirem é a “Foda-se o Patriarcado!”. A maior música do álbum.
– Nossa, sim! Eu também estou animado para isso! - Xamã disse me dando um soquinho de leve no braço.
– Ah, a faixa com 7:43 segundos. Fala sobre ela aí.
– Eu vou. - Eu falei entusiasmado novamente.
– Caralho! - Igor bateu na mesa novamente.
– A gente estava lá no estúdio e a gente começou a conversar, aí eu dei o papel e a caneta para ele, e em menos de 10 minutos ele escreveu. E simplesmente virou a melhor música do álbum.
– E Xamã, como você chegou a conclusão de chamar o Bryan para escrever o álbum junto com você? - Thiago perguntou pegando sua caneta e bebendo água.
– Cara, foi bem aleatório mesmo. Porque eu falei com meu assessor para arranjar alguém para me ajudar no meu próximo álbum. Aí no dia seguinte esse menino apareceu lá em casa.
– E eu suponho que a ideia de fazer um álbum inteiro solo e com 16 músicas foi do Bryan.
– Total. Eu percebi que eu deveria fazer uma renovada total nele, eu nunca escutei muito as músicas dele, mas eu sabia que eu tinha que dar uma mudada.
– E quem você usou como inspiração para fazer essa renovada? - Thiago perguntou.
– A-
– Taylor Swift. - Xamã me cortou.
Eu olhei para ele e dei um soco nele, cruzei os braços e fiz bico.
– Sim, foi a Taylor Swift.
– Acho que isso já é bem óbvio. - Igor falou apontando para o meu moletom do 1989 Taylor's Version.
Eu sorri e bebi um pouco de água da caneca do Xamã.
– Você obrigou o Xamã a ouvir as músicas dela?
– Com certeza, e até que deu certo. Ele começou a escutar sozinho no carro.
– Ele até apresentou para a Hanna e a Akasha. - Xamã completou.
– Mas ela é uma boa influência e inspiração. - Thiago falou se aproximando mais da mesa.
– Com certeza, a menina começou a carreira com 12 ou 13 anos.
– Real.
– Mas ela teve tudo de mão beijada, né? - Igor perguntou.
– Não, nunca. Menino, aos 17 anos um homem subiu no palco da premiação dela e humilhou a garota.
– Quem?
– Kanye West. - Xamã respondeu por mim.
– É.
– O Xamã já sabe de cor a história. - O Igor falou rindo.
– Porra… Todo dia é uma história diferente.
– Mas o que ele fez? - Thiago se aproximou do microfone.
– Ele chegou no palco, tirou o microfone da mão dela, falou que estava feliz por ela mas falou que a Beyoncé que merecia o prêmio.
– K.O! - Igor exclamou se jogando pra trás na cadeira.
– E ainda em 2016 ou 2015 fez uma música pra ela chamando ela de vadia.
– Caralho, e ainda tá no ar? - Thiago perguntou.
– Infelizmente. Mas aí ela foi cancelada, sumiu por um ano e etc.
– E ainda teve o transtorno alimentar. - Xamã falou do nada.
– Sim, e o transtorno alimentar. 2015 e 2016 foram anos de terror para a loira.
– Mas não teve aquele negócio que roubaram os álbuns dela e tals? - Igor perguntou. - Eu vi isso em algum lugar sabe.
– É que ela tinha mudado de gravadora, aí o antigo produtor dela vendeu os antigos álbuns dela para um homem horrível, horrível mesmo. Ela nunca poderia imaginar como ele poderia vender os álbuns para esse homem, poderia ser para qualquer pessoa. E agora ela está regravando os álbuns. Só que ela está colocando “Taylor's Version” na frente, que significa “Versão da Taylor”.
– E você sabe tudo isso de cor? - O Thiago perguntou impressionado.
– Ele sabe até qual é o tipo sanguíneo dela. - Xamã falou rindo.
– Sei mesmo.
– Qual é?
– O+. O aniversário dela é em 13 de dezembro de 1989, a sua primeira música é Lucky You, sua cor favorita é roxa, um dos singles que hitou no álbum Fearless em 2008 que é Love Story ela escreveu em 30 ou 20 minutos no seu quarto, seus 3 álbuns que receberam o Grammy são o Fearless, 1989 e o folklore. E eu também sei o nome de todos os ex-namorados dela.
– Caralho… - Igor e Thiago falaram juntos.
– Para vocês verem o tipo de pessoa que trabalha comigo.
– Bryan, você tem vida?
– Minha vida é Taylor Swift. Eu tenho exatamente 36 tatuagens sobre ela.
– Meu cu. Sério? - Igor perguntou.
– As que eu mais gosto são essa aqui de mirrorball, - eu falei abaixando a gola do casaco junto com a camisa mostrando uma pequena mirrorball em meu pescoço - essa aqui de Midnight Rain que fica sempre na minha nuca. - Eu virei de costas e mostrei uma nuvem de chuva e embaixo uma frase de Midnight Rain. - E também tem a de Vigilante Shit que está em um lugar que eu não posso mostrar.
Os três riram e a gente continuou o nosso papo, a gente falou sobre giletes, sobre o álbum, claro, sobre histórias malucas, sobre quedas impressionantes, sobre esportes, sobre brigas e etc. Foi um ótimo podcast, eu nunca gostei muito do Podpah mas eles são caras legais, eu julgo muito as pessoas por personalidades iniciais. Sinceramente, eu tenho que parar com isso.
Nos despedimos deles e fomos embora, eu fui dormir na casa de Xamã essa noite, para a minha felicidade Hanna e Akasha estavam lá, então significava que eu iria tomar um chá e depois fazer compras no shopping para vestir minha Baby Alive.

Tudo Muito Bem (Versão de 10 Sentimentos) - XamãOnde histórias criam vida. Descubra agora