Tudo Muito Bem (Versão de 10 Sentimentos) - Xamã

Capítulo Vinte e Três

Geizon
Depois daquela viagem 5 meses haviam se passado. Muita coisa mudou, agora Bryan deixou o cabelo crescer e fez tranças, ele foi para o show da Taylor e ficou com a voz rouca por uns 6 ou 7 dias, eu fiz aniversário e comemoramos numa pizzaria, algo simples e tal. Ganhei de presente do Bryan uma Regata Fluminense FFC X Grená Beme e um moletom personalizado, era a minha cara e atrás estava um cenário com um céu azul e algumas gaivotas, e em cima da minha imagem estava escrito: 1989 Xamã’s Version.
Dia 5 de dezembro, era umas 4 e pouca da manhã e eu estava colocando as malas no carro, Bryan estava tirando foto do céu com o poste no meio da rua, eu olhei pra ele com uma cara de paisagem.
– Você vai querer mesmo ser atropelado tirando foto do céu no meio da madrugada? - Eu perguntei.
– Ai, me deixa! - Ele falou revirando os olhos e colocando o celular no bolso.
Eu fechei o porta malas e comecei a andar até a porta do motorista, antes eu ajeitei a cadeirinha da Hanna e da Akasha já adormecidas e entrei no carro. Bryan veio logo atrás e entrou, colocou o cinto e eu pude seguir viagem.

O avião estava bastante vazio para uma viagem no fim de ano. Pegamos a primeira classe, e Bryan não parava de falar que era o paraíso, as cadeiras reclinavam até lá atrás, ele estava ao meu lado e se perdeu no seu sono profundo com o fone bluetooth e a venda no olho.
Eu ri dele dormindo e dei um beijo em sua testa, levantei e observei se as meninas estavam seguras nas cadeiras da frente e fechei a cortina delas. Voltei para o meu lugar e peguei um cobertor que havia ali, era grande então deu para cobrir Bryan e eu. Fechei a nossa cortina e nossa janela e então apaguei.

Bryan
Eu dormi tanto no avião que meus pés desaprenderam a andar quando a gente pousou. A cadeira era tão confortável e macia que eu me sentia em um berço, porém, quando eu saí do avião e olhei pela janela do aeroporto meu cu trancou, estava nevando e um frio do caralho lá dentro. Hanna e Akasha estavam implorando para colocarem os casacos, eu tive que fazer o papel de tio atencioso e vasculhar as malas das duas, coloquei casaco e gorros nelas, aproveitei para colocar um moletom em mim também e peguei as duas no colo, Xamã estava se virando com as malas até chegarmos na porta do aeroporto.
– Qual é o hotel que você fez a reserva mesmo? - Eu perguntei.
– The Plaza Hotel, quarto 203.
– Quer que eu peça um Uber?
– Por favor.
– Falando nisso, onde os seus amigos estão? Eles não viriam também?
– Sim, porém eles viram mais tarde. A gente veio cedo.
– Por que?
– Porque somos 2 idiotas, pede essa merda logo.
– Ata. - Falei colocando as garotas no chão.
Eu pedi e já deixei pago a corrida para não ter que falar com ninguém até eu me preparar, meu inglês é ótimo, só a pronúncia que é uma merda. Eu não queria passar vergonha no meu primeiro dia em New York.
Chegamos no hotel e Xamã falou o quarto em que estávamos e subimos no elevador, Xamã já pediu para o serviço de quarto entregar as malas no quarto então não teve muita preocupação.
Quando entramos no quarto eu quase chorei de tão lindo que era. Tinha duas camas de casal, elas estavam com uma coberta linda e peluda, cada cama tinha 4 travesseiros e 2 almofadas. A televisão era grande e a decoração era como se fosse um quarto da realeza, havia um lustre no teto que iluminava o quarto todo, junto com algumas luzes nas paredes. As janelas mostravam os carros e as pessoas abaixo parecendo formigas. Hanna e Akasha começaram a pular na cama de felicidade. Eu repreendi as duas para ficarem quietas e elas ficaram, bom temporariamente. Eu sentei na outra cama e Xamã olhou para a nossa cama e a cama das meninas com um olhar de decepção.
– Que foi? - Eu perguntei confuso.
Ele novamente olhou pra mim, para a cama e para as meninas, logo entendi o recado e lancei o mesmo olhar para ele.
– Que horas tem? - Ele perguntou colocando sua cama na ponta da cama e começando a tirar 2 chinelos de lá de dentro.
Eu olhei no celular e respondi:
– 14:40 da tarde, quando os seus amigos vão chegar?
– Umas 00:30 por aí.
– E o que a gente faz nesse tempo?
– Dorme, come, vê um filme, lê, assiste série, explora o hotel, faz amizade com um gringo, sei lá, qualquer coisa. - Ele falou se jogando na cama ao meu lado.
– Ou isso. - Eu falei avançando na boca dele e começamos a nos beijar.
Rimos junto no meio do beijo quando escutamos um “enww” atrás da gente. Olhamos para trás e vimos Hanna e Akasha com cara de nojo para a gente.
– Quem quer ver Shrek? - Eu perguntei animado.
As garotas gritaram animadas e eu me levantei da cama rindo, liguei a televisão e coloquei a maldita animação para elas verem.
Voltei para a cama e deitei ao lado do Xamã novamente.
– Isso vai distraí-las por 1 hora e 29 minutos.
– Não se elas quiserem assitir a continuação. - Ele completou.
– Exato! Temos horas para ficar só nós dois nessa cama.
– Se fosse só 5 minutos eu já achava muito. - Xamã falou me puxando para ele.