Tudo Muito Bem (Versão de 10 Sentimentos) - Xamã

Capítulo Quinze

⚠️ ATENÇÃO ⚠️
Este capítulo pode ter levemente cenas pesadas e delicadas. Se você não se sentir confortável por favor pule.

Ela era loira, sério, loira. Pra completar vestia um body preto e uma jaqueta jeans pequena. Uma calça jeans apertada e um vans preto, ela era a típica protagonista de filme de romance adolescente. Eu sentei em um banquinho ao lado dela e ela começou a tirar as fotos. Eu mexia no celular mas de vez enquando eu ficava olhando para eles.
Aparentemente ele só tirava fotos e trocava de figurino, era tanta foto que não dava pra acompanhar o flash.
Acho que se passou umas 4 ou 5 horas naquele inferno, mas aí eu olhei no relógio e só se passaram 40 minutos.
Quando Xamã foi para o closet eu levantei e o segui. Entrei no closet porém ele nem olhou quem entrou, ele só chamou:
– Gizele?
– Não é a Gizele. - Eu falei.
– Bryan? O que está fazendo aqui? - Ele perguntou saindo de trás da cortina.
– Vim te ver, não posso? - Eu perguntei.
– Claro que pode. Mas e aí? Ainda com ciúmes da Gizele?
– Não, e eu nunca disse que tenho ciúmes dela. - Eu falei sentando em uma poltrona que havia ali.
– Ata, com certeza. - Ele falou num tom irônico.
– Desculpa. - Eu juntei meus pés e os abracei em cima da poltrona.
– Você não precisa pedir desculpa, em toda relação tem uma pessoa que sente ciúmes da outra. Eu mesmo tenho ciúmes de você. Então porque está pedindo desculpas? - Ele me puxou e me levantou no colo dele com uma facilidade incrível.
– Tá, desculpa.
Ele riu e revirou os olhos.
– Quer fazer alguma coisa depois daqui?
– Podemos ver um filme na sua casa? Eu posso dormir lá.
– Claro. Claro que podemos!

Capítulos em Vida

1.Ardendo No Lençol
2.Alma Em Divida
3.Desamparo Melancólico
4.”Foda-se o Patriarcado!”
5.Eu só gosto de você
6.Lembro, lembro sim
7.Vilão Coração
8.Não?
9.Seu vizinho
10.Nem fudendo
11.Tipo, sou eu
12.Fabiana
13.Marcado, onde...?
14.Já falei, não.
15.Promessa
16.Sabia. Eu sabia!

Depois de tanto tempo o álbum ficou completo. Estava avaliado para ser lançado no dia 19 de maio.
Já era dia 17 e as pessoas que compraram os álbuns na pré-venda já estavam recebendo. Neste álbum eu obriguei o Xamã a vender como vinil, CD e etc. Gastamos um belo dinheiro com isso, mas até que deu certo. Mas antes disso, para dar um incentivo para as pessoas comprarem, eu fiz o Xamã também fazer um prólogo para colocar na cartilha do CD e do vinil. Mas obviamente ele postou no Instagram junto com a anunciação do álbum.

Primeiramente, eu gostaria de agradecer a todos os meus amigos e colaboradores que embarcaram comigo nessa jornada. Capítulos Em Vida é uma coisa muito nova pra mim e eu dei o meu máximo para tentar fazer diferente, isso mesmo, diferente. Nesse álbum eu quis sair do “meu comum”, não é um álbum sobre relacionamentos sexuais, sexo, putaria, vaginas, pênis, drogas lícitas e ilícitas e mais outras coisas vulgares. Adaptei meu estilo de música para algo mais inovador, não sei dizer. Só sei que eu quis expandir, não vou parar de cantar o rap e o trap é claro. Mas eu resolvi testar novos estilos como o pop agressivo, rock, folk e etc. É possível, bem possível, na verdade é óbvio que algumas pessoas não vão gostar dessa mudança, mas e daí? Eu compus o álbum apenas para mim e para uma pessoa muito MUITO especial para mim. Obrigado por ler até aqui, fique agora com a faixa 1.

Obviamente foi eu quem escrevi metade do texto.
Estávamos comemorando o lançamento do álbum do Xamã na minha casa, mas não tinha muita gente, só tinha eu, o Xamã, a Tina e o Simon.
Estávamos sentados na frente do meu computador vendo quantas pessoas iriam acessar. A data prevista de lançamento era para as 00:40. Era 00:37, estávamos contando os minutos. Eu estava segurando firmemente uma taça de vinho, Xamã estava com a perna tremendo e com a cabeça encostada no meu ombro.
– Eu estou nervoso. - Falei inquieto atualizando a página de 20 em 20 segundos.
– Imagine eu. - Ele saiu do meu ombro e levantou novamente para andar de um lado para o outro atrás de mim.
Era 00:38 e minha mente começou a entrar em pânico, eu não conseguia me conter, eu comecei a tremer e engoli o vinho todo para tentar me acalmar.
– Caralho, e se não der certo?! - O Xamã falou atrás de mim.
– Cala a boca, para de falar coisa negativa que atrai, você não aprendeu isso com o Thiago não? - Eu dei uma cotovelada de leve nele.
– Desculpa.
Ele estava mais manso que o normal, eu ficava conferindo o relógio toda hora, Simon subiu em cima da mesa do computador e ficou me encarando como se percebesse que tinha alguma coisa errada.
– Sim Simon, tem alguma coisa errada.
Finalmente deu 00:39, eu soltei um grito que chamou a atenção de Xamã, ele veio correndo e se apoiou atrás da minha cadeira de novo.
– O que foi? - Ele perguntou.
– Falta 1 minuto, eu vou morrer.
– Meu Deus Bryan, não me assusta assim, você tá maluco?
– Estou! Muito! - Eu comecei a estalar os dedos com uma pressão muito forte.
Simon veio para o meu colo e deitou no mesmo, eu fiz carinho naquele pelo laranja enquanto minha ansiedade chegava nas alturas.
Finalmente deu 00:40 e eu gritei o Xamã, começamos a olhar quantas pessoas estavam acessando. Começou com 75, depois subiu para 128, depois subiu de novo para 344, subindo novamente para 783, subindo de novo para 1.032, e continuava subindo. O número só aumentava, eu respirei fundo e me joguei para trás. Xamã levantou e veio até minha cadeira e me beijou.
O beijo era tão forte e sugava minha boca de um jeito agressivo que parecia que ele queria tirar a minha alma, depois que ele soltou do beijo eu comecei a rir, peguei Simon e o abracei forte.
– Meu Deus! Eu tô tão feliz! - Eu joguei a cabeça para trás.
– Caralho! Caralho! - Xamã falou correndo e abrindo a varanda para respirar o ar puro.
Eu olhei no computador de novo e já estava com 12.571 pessoas acessando. Eu ri horrores e enchi a taça de vinho de novo. Dei um gole gigante que mal senti o gosto do líquido. Levantei da cadeira e fui até Xamã, ele estava olhando para a rua na sacada, quando ele olhou pra trás e me viu, nós dois rimos e ele me abraçou.
– Deu certo.
– Realmente, deu certo. - Ele respondeu rindo.
E então ele me beijou, me abraçou mais forte ainda e me rodou no meio da varanda.

No dia seguinte, a gente combinou de fazer um churrasco na casa do Xamã para comemorar o lançamento do álbum, mas dessa vez foi um churrasco mesmo, não um simples churrasco de família, mas sim um churrasco com amigos, família, famosos, eu e etc. Eu odiava tanto os amigos de Xamã, além de homofóbicos eu sentia que eles não gostavam de mim. Eu só achava que eu não me encaixava ali, só dava certo quando é apenas Xamã e eu. Mas aparentemente na frente dos amigos dele, ele me tratava como um deles. Mas ele sabia que eu não era um deles. Eu sabia que eu não era um deles. Eu me lembro de tudo que aconteceu naquela noite.

Geizon
Eu estava fora de mim. Eu não era eu naquele momento.
Depois que todos foram embora, o Bryan ficou para me ajudar a limpar as coisas. Obviamente eu estava bêbado, aí ele começou a falar.
– Eu não sei o porque eu ainda acredito em você. - Ele falou do nada.
– Hm? - Eu murmurei curioso com duas garrafas de cerveja na mão.
– É Xamã, você é um mentiroso. - Ele falou varrendo o chão da área da piscina.
– O que eu fiz dessa vez?
– Não se faça de sonso. Você sabe muito, muito bem o que você fez.
– Vai me dizer que eu soltei sua mão de novo? É isso?
– Não só isso Xamã, você literalmente me deixou sozinho, sozinho na mesa para ir comer com seus amigos. E além disso quase me jogou na piscina.
– A pelo amor de Deus, Bryan, faz o seguinte. Eu vou te mandar pra um psiquiatra amanhã e você resolve essa situação.
– Vai se fuder Geizon. Eu só vou conversar com você quando você estiver bom. - Ele soltou a vassoura e começou a ir para dentro da casa.
– Bryan, para de palhaçada. - Eu o chamei.
Ele continuou andando sem olhar pra trás. Sem saber o que fazer eu simplesmente quebrei uma das garrafas e fui caminhando rapidamente na direção de Bryan, assim que cheguei perto o suficiente eu o puxei pela camisa e o segurei pelo pescoço o pressionando na parede, segurei a garrafa firmemente e apontei a ponta quebrada no pescoço dele.
– Você está achando que é quem pra me deixar falando sozinho? Eu sou seu namorado, e você também, então é melhor começar a agir como tal!
Ele olhou para mim assustado, eu pude ver seus olhos começarem a lacrimejar e suas pernas tremerem.
Assim que percebi o que eu estava fazendo eu parei na hora, o soltei e joguei aquela garrafa longe, ele caiu no choro e eu não consegui ver ele assim.
Eu o peguei no colo, no início ele tentou se soltar mas não durou muito a pouca força que ele tinha e então desistiu.
Eu levava ele pro quarto enquanto eu sussurrava desculpas, eu beijava o pescoço dele e pedia desculpas, eu ajeitava o cabelo dele e pedia desculpas, eu jogava ele na cama e pedia desculpas, eu tirava suas calças e pedia desculpas, eu virava ele de costas e pedia desculpas, eu abaixava as minhas próprias calças e pedia desculpas, eu rasgava a cueca dele e pedia desculpas, eu penetrava nele e pedia desculpas, ele gemia numa mistura de dor, tesão e tristeza, e eu pedia desculpas e eu continuei ali pedindo desculpas até nós dois dormimos.