Capítulo Dez

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Eu acordei com uma puta dor de cabeça, olhei em volta e percebi que não estava no meu quarto, olhei para o lado e vi que o quarto era bem diferente e maior que o meu.
Sentei na cama e a primeira coisa que procurei foi o meu celular, olhei na escrivaninha da esquerda e vi que ele estava carregando em uma tomada, liguei o mesmo e vi que tinha umas 39 mensagens. Esfreguei o rosto nas mãos e levantei.
Andei cambaleando até o banheiro do tal quarto e fui lavar o rosto. A água gelada realmente me acordou, depois vi os pertences que havia no banheiro, máquina de barbear, giletes, creme de cabelo, creme para barbear, uma única escova de dentes e muito mais coisa.
Sai do banheiro e me sentei na cama, até perceber 2 portas retrato que estava na escrivaninha da direita, eu peguei e vi que era o Xamã com as duas filhas dele no colo.
A minha ficha caiu na hora, eu estava no quarto do Xamã, eu dormi na cama e e possível, bem possível mesmo que eu tenha dado pra ele. Olhei para baixo e vi que eu estava vestindo uma camisa grande que cobria metade da minha coxa. Obviamente é dele.
Peguei meu celular e sai do quarto, desci as escadas e não vi Xamã em lugar nenhum, até escutar um barulho agressivo no cômodo ao meu lado. Abri a porta e dei de cara com Xamã socando um saco de pancadas.
Assim que ele me viu ele parou e sorriu.
– Bom dia.
– Oi. O que aconteceu comigo?
– Você dormiu no carro, então eu tive uma preguiça enorme pra subir com você pro seu apartamento, então resolvi te levar pra cá, você dormiu no meu quarto e eu dormi no quarto de hóspedes.
– Porque não me colocou num quarto de hóspedes? Aquela era a sua cama. Eu não tinha o direito de dormir lá.
– Relaxa.
– E o que aconteceu com minha roupa?
– Você vomitou nela.
– Meu Deus. - Eu cruzei os braços.
Ele balançou a cabeça enquanto ria e voltou a socar o saco.
– Paga um Uber para mim? Eu estou sem dinheiro, eu te pago quando eu voltar.
– Pra que você vai voltar? - Ele parou de socar de novo.
– A gente tem que trabalhar hoje.
– Não precisa, hoje você pode tirar uma folga.
– Sério?! Obrigado patrão! - Eu falei feliz.
Ele riu e veio até mim tirando as luvas, pegou o celular numa pequena mesinha que tinha ali e se aproximou.
– Qual é sua rua mesmo?

Coloquei comida para Simon e dei ração para Tina, me joguei no sofá e liguei a televisão, conectei meus Spotify e coloquei evermore para tocar, comecei a arrumar a casa e fazer o almoço.
Depois de uns 40 ou 50 minutos alguém tocou a campainha e eu deixei a panela no fogão para ir abrir. Quando abri eu vi que era minha mãe.
– Ué, mãe? - Eu perguntei.
– Oi! - Ela falou sorrindo e me abraçando.
– Não me falou que vinha, meu pai veio também?
– Tá subindo, ele parou pra conversar com o porteiro, eles se conhecem. - Ela entrou e eu fechei a porta.
– Que novidade. Meu pai é o próprio miss simpatia.
Ela foi até a cozinha e viu as panelas no fogo e o alface molhado dentro da pia.
– O que está cozinhando? - Ela foi até às panelas.
– Strogonoff com arroz e salada. - Eu fui até ela e voltei a mexer no arroz.
– Que clássico.
– É a única coisa que eu sei fazer mãe.
Ela foi até a sala e gritou lá de dentro.
– Que música é essa? - Ela se referiu ao Closure que estava tocando.
– Taylor Swift. Não tira! - Eu gritei de volta.
Logo depois escutei a porta abrir e meu pai entrou, ele foi na cozinha e me viu.
– Oi pai! - Eu falei enquanto mexia o arroz.
– Fala rapaz. - Ele falou deixando uma sacola em cima da bancada.
– Que isso? - Perguntei parando de mexer o arroz e secando a mão.
– Sua mãe mandou comprar, é umas frutas.
– Ata, valeu mãe! - Gritei da cozinha.
Ele foi para sala junto com minha mãe e voltei a atenção para o fogão.

Preparei a mesa e coloquei as panelas junto com os pratos em cima, tirei o refrigerante do congelador e chamei meus pais, eles começaram a se servir. Eu fui na cozinha pegar uns copos até escutar alguém bater. Coloquei os copos no balcão e fui até a porta. Quando abri eu fiquei chocado.
– Tá fazendo o que aqui? - Perguntei incrédulo com o Xamã em minha frente.
– Boa tarde também, eu vou bem. - Ele cruzou os braços rindo com uma sacola na mão.
– O que é isso? - Eu perguntei.
– Sua roupa secou, então resolvi vir aqui entregar. - Ele ergueu a sacola para mim. - E uma coisa que eu esqueci de te falar.
– O que foi? - Eu perguntei colocando a sacola no pulso.
– Minha mãe me ligou e falou que você esqueceu seu cachecol laranja na casa dela.
– É, eu tinha percebido o sumiço dele.
– Meu Deus, que demora para pegar um copo, hein Bryan! - Minha mãe apareceu atrás de mim chamando atenção minha e de Xamã.
– Mãe, pera aí! - Eu falei tentando entrar na frente de Xamã.
– Quem é esse homem? - Ela perguntou se aproximando de nós dois.
– Opa! - Xamã deu um oizinho atrás de mim.
Eu bufei e revirei os olhos, puxei o Xamã para dentro de casa e fechei a porta.
– Mãe esse é o Xamã, ele é um colega de trabalho, não sei se você já ouviu falar ele é um rapper, um rapper é uma pes-
– Eu sei o que é um rapper, Bryan. Eu não nasci na idade da pedra. - Ela disse cruzando os braços.
Escutei Xamã rir atrás de mim e então minha cara ficou vermelha na hora, eu dei uma risada sem graça e então virei para ele.
– Quer almoçar aqui? Junto com a gente?
– Pode ser.
Cheio de vergonha eu levei Xamã para a sala e apresentei ele para o meu pai, ele se sentou ao meu lado e de frente pro meu pai, minha mãe estava na minha frente olhando pra mim e pra Xamã com um olhar desconfiado.
Já meu pai era bem diferente, ele estava rindo horrores com o Xamã, segundo o meu pai, o Xamã era muito engraçado, as piadas que ele fazia já era o suficiente pra fazer meu pai se mijar de rir.
– Você é uma figura digão! - Meu pai falou batendo palmas.
– Pai! Para de chamar ele assim.
– O que é digão?
– É uma gíria que o meu pai inventou para dizer que a pessoa é foda demais.
– Olha a boca. - Minha mãe falou raspando o prato.
– Foi mal mãe. - Eu abaixei a cabeça e peguei um frango com o garfo.

Depois de 30 minutos meus pais foram embora, Xamã me ajudou a arrumar a cozinha e a varrer a sala de jantar. Ele abriu um vinho que estava na minha estante e colocou em duas taças. Fomos para a sacada e ficamos olhando os carros e prédios com luzes e faróis acesos por causa da noite.
– Gostou de conhecer meus pais? - Eu perguntei bebendo um gole de vinho.
– Eles são incríveis, seu pai me adorou.
– Ah, cê jura?
Ele riu e deu o vinho, olhei para a rua abaixo e lembrei do nosso momento no estúdio.
– Pronto, conhecemos os pais um do outro, já podemos casar. - Eu falei rindo.
– Você não conheceu meu pai.
– Que pai?
– Filho da puta. - Ele me deu um soquinho no ombro e riu.
Eu comecei a rir junto, dei um último gole no vinho e coloquei a taça na mesinha de madeira que havia ali e olhei pra ele.
– Você vai pra casa?
– Sem chance, Hanna e Akasha foram dormir na casa de uma amiga da escola e eu vou poder ficar sozinho ou com você até às 17:40 da tarde de amanhã.
– Entendi. - Eu cruzei os braços e olhei pro céu que estava limpo.
– Por que você não me contou que era virgem? - Ele do nada soltou essa bomba de pergunta.
Eu virei pra ele com a sobrancelha direita levantada.
– Que?
– Você escondeu de mim que era virgem. Quando eu comecei a meter em você aquele dia, eu pude sentir você rasgando, tava na cara que você nunca deu pra alguém antes. E eu quero entender o porquê de você não ter me contado antes.
– Eu só achei que não teria necessidade.
– Como assim não teria necessidade? Bryan, eu podia ter te machucado feio! Você deu sorte que não saiu sangue.
– Ah, foi mal. - Eu falei envergonhado virando de costas e abraçando a mim mesmo.
Eu escutei uma movimentação atrás de mim e senti os braços fortes de Xamã apertarem minha cintura de uma forma possessiva.
– Não precisa pedir desculpas. Eu sei que você não fez por mal. - O hálito quente dele estava na minha nuca, então eu senti ele lamber um dos locais onde ele mordeu da última vez.
– Xamã...eu não tenho camisinha de novo. - Eu falei com minhas pernas tremendo.
– Eu tenho na carteira. Fica tranquilo e apenas relaxa.

Eu estava totalmente acabado, meu corpo estava lotado de marcas roxas e mordidas profundas, cai lentamente em cima de Xamã e respirei fundo.
– Quer namorar comigo? - Ele perguntou.
– Demorou demais pra perguntar. - Eu falei rindo com as únicas forças que eu tinha.

Tudo Muito Bem (Versão de 10 Sentimentos) - XamãOnde histórias criam vida. Descubra agora